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ZÉ BOROWSKY

Memória: as grandiosas cantorias de reis em Santa Cruz

Grupos de amigos, apreciadores da música, ainda se reúnem para manter vivas as cantorias de reis em várias partes do Brasil

Em muitas cidades, inclusive em nossa região, ocorreram nos últimos dias as comemorações católicas dos Santos Reis. De origem europeia, elas relembram a visita dos reis magos Gaspar, Melchior e Baltazar ao menino Jesus, nascido em 25 de dezembro, em Belém. A festa é realizada de 24 de dezembro a 6 de janeiro (Dia dos Santos Reis). Em vários locais, as comemorações são grandiosas, com os grupos de cantoria muito bem organizados. Eles visitam as casas, entoam músicas próprias, provam comidas e bebidas, ganham um donativo e seguem para outra residência. Têm objetivos filantrópicos, pois o dinheiro que arrecadam (quase sempre) é revertido para causas sociais.

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Em Santa Cruz do Sul, no passado, os festejos eram maiores. O radialista Antônio Pereira dos Santos lembra que, em 1955, veio de Barros Cassal para visitar familiares. Aí viu, pela primeira vez, a cantoria. Eram crianças indo de casa em casa, com latinhas e reco-recos improvisados, para ganharem algumas moedas. Cantando, pediam que o dono abrisse a casa e trouxesse alguns trocados. Quando a porta não se abria, o proprietário ouvia a música Barba de Farelo, que criticava a sua sovinice.

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Em 1960, já morando em Santa Cruz, Antônio uniu-se à invernada artística do Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Tropeiros da Amizade para cantarem reis. A tradição manteve-se por 25 anos. A arrecadação tinha finalidade social, mas com ela também foi adquirida a primeira gaita do CTG e comprado material de construção para a sede da entidade.

Também os CTGs Rincão da Alegria e Lanceiros de Santa Cruz realizam as cantorias. Os músicos Ivo e Neusa Hermes lembram que em 1977, junto com seis amigos, cantaram reis para pagar o tabernáculo do antigo Santuário de Schoenstatt, às margens da BR-471. Na década de 1980, a Polícia Civil editou portaria regulamentando as cantorias. Os grupos precisavam de licença e deveriam respeitar o horário, o que ocasionou uma redução nos ternos adultos. As crianças, no entanto, continuaram cantando na vizinhança.

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