O 20 de setembro, que reverencia o início da Revolução Farroupilha, também é conhecido como Dia do Gaúcho. Aproveitando, vamos lembrar de uma figura que foi muito tradicional no século 19 e nas primeiras décadas do século passado: o Musterreiter (caixeiro-viajante). Ele teve participação decisiva na difusão das tradições, do linguajar, das vestimentas e das características do gaúcho, especialmente nas localidades de colonização europeia, como é o caso de Santa Cruz do Sul.

O caixeiro-viajante percorria o interior no lombo de um cavalo ou de uma mula, carregando malas com mostruários e produtos para pronta entrega. Ele visitava os pequenos comerciantes para vender suas mercadorias e, ao mesmo tempo, mantinha as colônias informadas sobre o que estava ocorrendo no Estado e no Brasil. Outra função importante que exercia era a entrega de correspondências.

Algumas obras já retrataram a figura do Musterreiter e sua vinculação com o gaúcho. Por isso, vamos nos valer de duas descrições. Uma aparece no álbum do Sesquicentenário da Imigração Alemã: “Lá na curva da estrada, um homem aparece. Chapéu de aba larga, poncho, bombacha, botas e esporas, e, em volta da cintura, a guaiaca, a garrucha e o facão. Um gaúcho de cabelos loiros e de fala alemã, montado em uma mula.”

O historiador Telmo Lauro Müller, no livro Imigração alemã, também destacou a importância do Musterreiter. “Logo, o caixeiro-viajante se transformaria num elo entre culturas. Falava alemão, mas vestia-se rigorosamente como os gaúchos, com chapéu de aba larga, lenço no pescoço, camisa branca ou de riscado, colete, bombacha larga, além de botas, esporas, pala ou poncho.”

Além do vendedor que percorria as colônias no lombo do cavalo ou da mula, havia o que viajava de carroça, transportando uma gama de produtos. Este também se vestia como gaúcho e colaborou para a difusão da nossa cultura pelo interior.

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