Com penas que, somadas, ultrapassam 60 anos, sete pessoas apontadas pela Polícia Civil e Ministério Público como membros da facção Os Manos no Vale do Rio Pardo foram condenadas pela Justiça. O desfecho remete às investigações realizadas ao longo de um ano e oito meses pela Delegacia de Polícia (DP) de Vera Cruz, entre 1º de junho de 2020 e 11 fevereiro de 2022, data em que foi deflagrada a megaoperação Armageddon.
A ofensiva, que contou com a atuação de 111 policiais, cumpriu 35 ordens judiciais de busca e apreensão ou prisão em sete cidades do Estado. As apurações tiveram início a partir de uma interceptação telefônica, autorizada pela Justiça, no celular de Cláudio Mendes Pacheco, conhecido no submundo do crime pelo apelido de Toquinho, de 45 anos. Ele é apontado como líder do grupo investigado e está preso na Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ), em Charqueadas.
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O inquérito policial com 1.010 páginas foi assinado pelo delegado Paulo César Schirrmann, conhecido pelo combate ao crime organizado, tendo indiciado em operações históricas os principais líderes do tráfico de drogas no Vale do Rio Pardo. A autora da denúncia foi a promotora de Justiça Maria Fernanda Cassol Moreira, e a sentença foi assinada pela juíza Fernanda Rezende Spenner, da Vara Judicial de Vera Cruz.
As penas para os condenados variam de quatro a 15 anos de reclusão e, totalizadas, chegam a 63 anos e um mês. Os réus, que responderam por crimes como tráfico de drogas, associação para o tráfico, lavagem de dinheiro e organização criminosa, ainda foram sentenciados a pagamentos de dias-multa.
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Toquinho, que já acumulava condenações de dez anos, quatro meses e sete dias pela Operação Cúpula e 11 anos pela Operação Conexão Paraná, foi sentenciado a 15 anos e oito meses de reclusão em regime fechado pela Armageddon, totalizando 37 anos por processos de tráfico referentes a ofensivas da Polícia Civil de Vera Cruz.
Diego Soda, de 39 anos, foi sentenciado a dez anos de prisão em regime fechado e também está na PEJ; Adailton Sidnei Costa D’Ávila, vulgo Alemãozinho, 24, foi condenado a oito anos e três meses de reclusão em regime inicial semiaberto, e está no Presídio Regional de Santa Cruz do Sul; e Ederson Luís de Mello, vulgo Kéty, 44 anos, foi sentenciado a dez anos de prisão em regime fechado e segue na Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva).
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Ainda Fabiane Dias, a Bita, de 32 anos, foi condenada a oito anos e três meses de reclusão em regime inicial semiaberto e hoje está em liberdade; Leonardo Charão de Oliveira, vulgo Cabelo, de 29 anos, foi condenado a seis anos e dois meses de reclusão em regime fechado, e está na Penitenciária Estadual de Porto Alegre (Pepoa); e Ítalo Gabriel Silva dos Santos, o Biel, de 25 anos, foi sentenciado a quatro anos e nove meses de reclusão em regime inicial aberto. Está na Penitenciária Estadual de Charqueadas (PEC).
Parte do mesmo grupo criminoso já havia sido alvo das operações Conexão Paraná e Cúpula, em maio de 2018 e janeiro de 2019, respectivamente, também deflagradas pela DP de Vera Cruz. Dos alvos da Armageddon, o principal deles entre os que não estavam presos ou foragidos era Alemãozinho. Morador do Loteamento Viver Bem, no Bairro Dona Carlota, em Santa Cruz do Sul, conforme a polícia, ele gostava de ostentar, carregando consigo dinheiro, armas de grosso calibre e munições. Algumas imagens dele com itens do tipo foram juntadas ao processo.
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Há anos estava no radar da Polícia Civil, que já havia cumprido mandados de busca e apreensão em sua casa, mas nunca o havia flagrado com material ilícito. Na investigação da DP de Vera Cruz, contudo, ficou comprovada a ligação dele com a facção Os Manos, organização voltada ao narcotráfico e homicídios que domina o comércio de drogas na região. Sendo o único até então a estar em liberdade, conforme a polícia, possuía alto poder dentro do grupo chefiado por Toquinho.
Em um vídeo que chegou ao conhecimento da DP de Vera Cruz, Alemãozinho aparece sendo gravado por outra pessoa em uma rua do Loteamento Viver Bem, na virada de 31 de dezembro de 2021, disparando para cima dez vezes com um fuzil 556. Antes dos tiros, é possível ouvir Alemãozinho dizendo “é os 14”, referência ao número 141812, sequência conhecida no meio policial e usada para demarcação de território d’Os Manos.
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Durante a fase judicial do processo, em interrogatório, ele comentou o episódio do vídeo. Afirmou que em bairros de periferia é comum pessoas mostrarem a arma que têm, e que havia pedido para tirar uma foto para postar na rede social. E as referências ao grupo criminoso não param por aí. Entre os elementos de prova obtidos pelos investigadores e juntados no processo está uma imagem de anotações feitas pelo investigado, onde está escrito “Alemãozinho das casinhas” e “Piá do TK” – “casinhas” é como o Residencial Viver Bem, onde Alemãozinho mora, também é conhecido popularmente, e TK é outro dos apelidos de Toquinho.
Ainda durante a investigação, celulares e cerca de 40 quilos de drogas foram apreendidos. Um sítio no interior de Vera Cruz e um veículo BMW, pertencentes a Toquinho, foram alvo de sequestros da Justiça. Um Chevrolet Celta de uma traficante do Loteamento Beckenkamp também foi apreendido. Apurou-se ainda que desavenças entre Toquinho e um homem apelidado de Guidão, de 36 anos, chefe da facção rival Bala na Cara em Candelária e Cachoeira do Sul, quase culminaram em uma chacina em Candelária. O plano dos faccionados, frustrado por uma ação preventiva da Polícia Civil de Vera Cruz.
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