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Maternidade e amamentação

Melhores amigas se tornam mães ao mesmo tempo e dividem experiências

Foto: Rafaelly Machado

Amigas são unânimes ao ressaltar a importância da amamentação: vínculo, cuidado e um alimento completo

Elas aprenderam as primeiras palavras juntas. Viveram os primeiros amores, as primeiras decepções, os primeiros sonhos – tudo uma ao lado da outra. Dividiram segredos, medos e momentos de uma vida toda. Melhores amigas há tanto tempo quanto têm de vida, Carine dos Santos, de 29 anos, e Dionize Vanessa Conrad, 28, hoje compartilham o momento elencado por elas como o mais feliz de suas existências: a maternidade. Sem planejamento, engravidaram e deram à luz com poucas semanas de diferença uma da outra, por obra pura do destino.

Carine deu à luz João Henrique no dia 30 de maio. Passados 51 dias, Dionize recebia em seus braços Mariana. Cada desafio que os recém-nascidos apresentam às mães é compartilhado desde a primeira ocasião, marcando uma trajetória de amizade e companheirismo em todas as horas, inclusive no momento da amamentação, que é um tema amplamente reforçado neste mês, conhecido como Agosto Dourado.

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Uma não lembra da vida sem a presença da outra

As mensagens diárias e a troca de experiências não poderiam ser diferentes, em se tratando das duas: elas não lembram de uma vida sem a presença da outra. Quando Dionize tinha apenas 8 meses, a família se mudou para a mesma rua onde já morava a família de Carine, que tinha menos de 2 anos à época – e assim nasceu uma amizade duradoura. Com um ano e dois dias de diferença de idade (mais uma coincidência), ficaram afastadas apenas no período em que Dionize foi morar em Herveiras, ainda criança. “Mesmo assim, trocávamos cartas. Tenho até hoje guardadas”, conta Carine.

Carine e Dionize dividem uma vida de amizade, desde a infância | Foto: Arquivo Pessoal

Desde o retorno, poucos anos depois, nunca mais se desgrudaram. Morando no mesmo bairro, frequentaram a escola juntas e fizeram faculdade nos mesmos períodos, apesar dos diferentes cursos. Enquanto Carine é formada em Fisioterapia, Dionize é diplomada em Psicologia. Nem a correria da vida adulta afastou as amigas, que sempre encontraram um jeito de manterem o contato e os rolês.

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Grata foi a surpresa, em outubro do ano passado, quando Carine descobriu que estava grávida. Elas combinavam, juntamente com a terceira parte do trio de amigas, Vânia Oliveira, de finalmente fazerem uma tatuagem juntas, para celebrar os anos de amizade. “Aí eu mandei no grupo: meninas, a tatuagem vai ter que esperar. Estou grávida”, lembra a fisioterapeuta. “Eu fiquei superfeliz pela minha amiga, já estava animada”, conta Dionize. “Ela só não imaginava que já estava grávida nesse momento também”, diverte-se Carine.

Poucas semanas depois, foi a vez de Dionize descobrir a gestação e compartilhar a notícia com as amigas – para surpresa delas e alegria das famílias. Desde então, o direct no Instagram da dupla ficou monotemático. “A gente não podia ver um post de parto ou maternidade que já estávamos compartilhando por lá”, brinca a psicóloga.

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Gestações e desafios

Dividir cada etapa da gestação foi indescritível, segundo as amigas. “Foi muito bom estar vivendo esse momento com alguém em quem confio”, comenta Dionize. “Ela é como uma irmã”, emociona-se Carine. “Dividir esse momento é a melhor coisa.”

As gestações foram opostas: enquanto o primeiro trimestre foi o mais difícil para Dionize, com os enjoos e mal-estar, Carine enfrentou mais desafios nos últimos meses. Ainda assim, elas compartilhavam os aprendizados e novidades de cada fase – oferecendo apoio e acalento a cada passo. “Foi muito bom ter alguém para desabafar, que entendia o que eu estava passando”, diz a psicóloga.

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Os partos foram desafiadores, mas muito bem orientados. Isso porque, além das leituras independentes, ambas decidiram pelo acompanhamento de uma doula, já desde a gestação. Enquanto Carine contou com o trabalho de Micheli Pommerehn, Dionize foi assistida por Andrea Fabiane Bublitz. Ambos os atendimentos, segundo as amigas, foram essenciais para uma gravidez e puerpério tranquilos.

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“Amamentar não é instintivo”

Passado o momento mais temido pelas mães de primeira viagem (o parto), chegaram os desafios impostos pela amamentação, que podem ser assustadores. “Eu queria muito amamentar, sempre foi um sonho”, conta a psicóloga. “Apesar de o momento ser desafiador, fiquei segura com o suporte da doula, fundamental desde as primeiras horas, ainda no hospital.”

Pouco após o parto, foi em Andrea e no noivo, Rodrigo Muller, 30 anos, que encontrou apoio e conforto. “Como meu parto foi cesárea, o Rodrigo que segurava a Mariana no meu peito, para eu poder amamentar nas primeiras horas”, lembra, ressaltando o suporte do companheiro em todos os momentos.
Com Carine, semanas antes, não foi diferente: Micheli esteve presente desde o trabalho de parto (e ainda antes, nas contrações de treinamento), assim como o noivo, Lucas Siqueira, 25 anos. O apoio foi fundamental. “O Henrique foi direto para o meu colo depois do parto, para perto do peito, no contato pele a pele. Logo ele já começou a mamar o colostro”, frisa.

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O aleitamento é ponto-chave para as duas. “A amamentação é tudo: é vínculo, é a calmaria dele, é alimento”, diz Carine. Dionize complementa: “Ajuda na imunidade, é o alimento completo”. O maior desafio até então, compartilhado por ambas, foi a “descida do leite”.

No mais, todo o processo de amamentação tem sido tranquilo para as duas, que pretendem seguir ofertando o leite materno por muito tempo aos pequenos. As duas atribuem o sucesso à informação. “A gente acha que amamentar é instintivo, mas não é. Precisa ter orientação”, salienta Dionize.

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Um mês dedicado à conscientização

Sendo tão importante como é, o aleitamento materno tem um mês dedicado ao seu incentivo: o Agosto Dourado. A origem remonta à década de 1990, em um esforço conjunto entre a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). O resultado é uma campanha internacional de fomento ao aleitamento materno, considerando a importância da amamentação no desenvolvimento infantil. Alimento padrão ouro, por isso o nome.

Micheli: alimento completo para o bebê | Foto: Arquivo Pessoal

“O leite materno é um alimento completo, que se adapta às necessidades das crianças nos primeiros anos de vida. É recomendado de forma exclusiva até o sexto mês, podendo se estender até dois anos ou mais, de forma complementar”, explica a doula, educadora perinatal e consultora de amamentação Micheli Pommerehn. “Ele contribui para o desenvolvimento completo da criança, reduz as chances de desenvolver doenças como diabetes, obesidade e alergias, e é considerado a primeira vacina do bebê. Além disso, tem um impacto na redução da mortalidade infantil.”

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Assim como Dionize, Micheli compreende a amamentação como um processo complexo que depende de informação. “Amamentar não é uma tarefa fácil. Apesar de ser muito importante, não é instintiva. No meu ponto de vista, acharmos que é [instintivo] gera uma pressão e culpa naquelas que passam por alguma dificuldade”, destaca. “O ato de amamentar é algo a ser aprendido, vai muito além do físico, existe uma carga emocional enorme.”

O apoio da doula, quando possível à realidade da gestante, é fundamental não só durante a gestação, mas no pós-parto também. “Um dos papéis da doula é promover uma escuta ativa para todas as questões que aquela mulher tem relacionadas com a amamentação”, comenta a educadora. “É importante mostrar que amamentar está muito além do peito. Está naquele ato de entrega àquele bebê, no contato, no vínculo. O fato, às vezes, de a mulher ter dificuldades ou não conseguir amamentar não a torna uma mãe ruim ou ‘menos mãe’.”

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Família

Compartilhando as alegrias e dificuldades, Carine e Dionize vivem cada segundo da maternidade sabendo que fazem o melhor para seus bebês. Enquanto isso, João Henrique e Mariana crescem em grandes famílias do coração, para além do sangue: tanto Carine é madrinha da menina quanto Dionize é do pequeno. E os dois ainda têm a terceira amiga, Vânia, como dinda.

Nos percalços diários da maternidade, o direct do Instagram já não tem só conteúdo informativo. Já é recheado de risadas, fotos de bebês e suas peripécias (como cocôs astronômicos) e uma maternidade real, como a que vive cada mãe. É o legado de uma grande amizade.

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