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Meio rural lidera mapa de acidentes de trabalho

Foto ilustrativa

Dilamar Rusch, 53 anos, era o típico produtor focado no seu trabalho. Na localidade de Faxinal dos Porto, em Candelária, fazia de sua propriedade a razão de vida, com dedicação exemplar, ao ponto de querer, ele mesmo, fazer as coisas como queria que fossem feitas. Assim, além do tabaco, conseguiu organizar três açudes para a criação de peixes. Ao arrumar uma das taipas, acabou tombando o trator – não pela primeira vez –, que o atingiu fatalmente no dia 15 de abril.

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Everton Alan Rusch, 28 anos, filho de Dilamar, conta que o pai não teve a oportunidade de acompanhar o crescimento do neto, que atualmente tem 1 ano e 2 meses. Assim como seus irmãos, o jovem estava trabalhando na cidade. Voltou ao interior para auxiliar sua mãe, Joelma Hencks. Sabe, porém, que deve evitar algumas ações. “Tem coisas que o pai fazia que não tenho coragem de fazer, mas ele era muito determinado. Se o convidasse para sair, ficava bravo, mas se fosse para trabalhar estava sempre pronto”, recorda.

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Dilamar entra para uma triste estatística, a das vítimas de acidentes de trabalho. De acordo com o Relatório das Investigações de Óbitos Relacionados ao Trabalho no Rio Grande do Sul, 160 gaúchos perderam a vida em suas profissões somente em 2022 no mercado formal. O agronegócio lidera esse ranking.

Indústria passou por processo de adequação

O relatório sobre os óbitos em acidentes de trabalho, produzido pela Divisão de Vigilância em Saúde do Trabalhador do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, mostra que o uso de máquinas e equipamentos tem sido motivo para muitas ocorrências, ampliando a participação de 15% para 18%. A diminuição dos casos em indústrias, explica Letícia Diesel, coordenadora da pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho e coordenadora do curso de Engenharia Civil da Unisc, justifica-se pela adequação, fiscalização e atendimento às normas.

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“É um processo contínuo e tem evoluído muito com investimento, capacitação e treinamentos”, diz. Acrescenta que na agropecuária ainda não há programas de gestão de segurança. “Existe uma norma, a NR 31, que trata sobre segurança na agricultura e pecuária, mas não há efetiva fiscalização”, explica.

Letícia aponta que há intervenção quando ocorrem denúncias ou algum fato. “Temos que trabalhar para que ocorra igual à indústria formal”, sugere.

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Mesmo com melhores índices, as empresas de transformação aparecem logo após o agronegócio. Transportes e armazenagem vem em terceiro e depois, construção e comércio.

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O incentivo para ações preventivas tem foco na saúde do trabalhador, mas também pode ser visto como investimento pelas empresas. Afinal, de acordo com Letícia Diesel, é mais econômico investir em ações preventivas do que após acontecer um acidente.

A empresa é considerada responsável pelo trabalhador. Em caso de atuar de forma autônoma – e sendo um pagador das contribuições previdenciárias – o profissional passa a utilizar os benefícios do INSS. Dependendo do prazo que ficar ausenta, mesmo o contratado por meio da CLT passa ao INSS.

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Além disso, ressalta a coordenadora, é importante o trabalho dos engenheiros e dos técnicos de segurança, que fazem a avaliação de riscos e podem criar ações para minimizar, quando não extinguir, as possibilidades da ocorrência de acidentes dentro do ambiente profissional nas mais diversas áreas.

Números

Os registros de óbitos em acidentes de trabalho colocam a 13a Coordenadoria Regional de Saúde, que tem sede em Santa Cruz do Sul, em oitavo entre as 18 regionais. Foram contabilizadas dez mortes em 2022, o mesmo que em 2021. Caxias do Sul lidera, com 43.

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No mundo, um trabalhador morre em atuação a cada 15 segundos. Entre 2012 e 2020, a média é de seis óbitos para cada 100 mil habitantes. O Rio Grande do Sul contabilizou 160 mortes em 2022 no mercado formal, com 50,5 mil registros de acidentes.

Essas ocorrências em solo gaúcho representam 12,8 mil concessões de benefícios, 424 apoesentadorias por invalidez, 27 pensões por morte e 1,5 mil auxílios-doença a trabalhadores.

Os casos envolvendo caminhões lideraram em 2021, com 15% das situações. No último levantamento, as quedas aumentaram e passaram ao topo do ranking, com 16,9%.

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