Colunistas

Maurício Goulart: plástico e mais plástico

Há alguns anos, um grande movimento tomou forma no mundo mostrando como o plástico pode ser nocivo à natureza. Para além do lugar comum de que esse material pode demorar até 400 anos (os números variam) para se decompor, passamos a entender melhor o papel que ele desempenhava – e ainda desempenha – na poluição, especialmente dos mares. Isso nos levou, por exemplo, a racionalizar o uso de sacolas descartáveis de supermercado e, ao pedir um suco ou outra bebida em um restaurante ou bar, não receber junto um canudo.

Como, infelizmente, já é possível notar que essa situação está mudando, pois aos poucos bares e restaurantes reintroduzem a prática de fornecer canudos, para dar apenas um exemplo, acho oportuno assistir ao documentário Por que plástico? que a BBC News passou a divulgar esta semana pelo YouTube. Com o título de O mito da reciclagem, a primeira parte – serão três – do trabalho jornalístico revela a farsa da reciclagem desse material no mundo. A investigação mostrou que muitas empresas enganam os consumidores anunciando que suas embalagens são 100% reaproveitáveis, não indo parar em lixões ou nos mares. Ou seja, que podemos comprar tranquilamente, certos de que estamos levando o resultado da reciclagem e não plástico novo.

O problema é que é tudo mentira…

Publicidade

Ao contrário de metais e papéis, que realmente se transformam em novas embalagens, só 2% do plástico consegue fazer o processo circular. A razão: esse material é muito difícil e sujo e não há uma forma barata de reciclá-lo. O máximo que se consegue é levá-lo para a chamada reciclagem secundária, em que é convertido em produtos de pior qualidade, como bancos de jardim, estacas de portão ou vasos de plantas. E depois tudo isso volta novamente para o lixo.

Não é minha pretensão contar tudo, mas é importante saber: sempre pode piorar. Muito do plástico que consumimos é personagem de uma rede clandestina que trabalha para destinar o produto a lixões em outros países – e quanto mais longe, melhor. Europa e Estados Unidos usavam a China como ponto final dessa avalanche de plástico, mas isso mudou em 2018, quando esse país proibiu tal importação legalizada. Como a porta fechou e o descarte continuou – lembre-se, a reciclagem do plástico é uma mentira –, era preciso encontrar uma saída, e outros países viraram depósito desse rejeito. Muitos foram paulatinamente também se fechando, o que levou à formação de uma rede subterrânea que implica, na mesma medida, em muita corrupção em determinados governos. E a parcela de plástico que não vai causar danos ao solo e à água de outras nações é simplesmente queimada em usinas de energia que produzem muito CO2 (gás do efeito estufa) ou em fábricas de cimento, conhecidas por seu potencial poluidor.

Nossa boa-fé e nosso dinheiro em impostos e taxas adicionais de reciclagem nos produtos acabam financiando “tráfico” de lixo, emissão de CO2 e fábricas altamente poluidoras.

Publicidade

Vale a pena conferir por que em https://youtu.be/JbjlyC_r0Nw.

VEJA MAIS TEXTOS DA COLUNA FORA DE PAUTA

Quer receber as principais notícias de Santa Cruz do Sul e região direto no seu celular? Entre na nossa comunidade no WhatsApp! O serviço é gratuito e fácil de usar. Basta CLICAR AQUI. Você também pode participar dos grupos de polícia, política, Santa Cruz e Vale do Rio Pardo 📲 Também temos um canal no Telegram! Para acessar, clique em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça sua assinatura agora!

Publicidade

Marcio Souza

Jornalista, formado pela Unisinos, com MBA em Marketing, Estratégia e Inovação, pela Uninter. Completo, em 31 de dezembro de 2023, 27 anos de comunicação em rádio, jornal, revista, internet, TV e assessoria de comunicação.

Share
Published by
Marcio Souza

This website uses cookies.