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Saúde mental

Mau humor crônico pode ser sintoma de distimia

–“Oh céus, oh vida, oh azar”. Quem se lembra do jargão da personagem Hardy, do desenho Lippy e Hardy, que fez sucesso nos anos 60? Cinco décadas depois, ele ainda é usado para comparar o comportamento de pessoas mal humoradas, pessimistas e rabugentas. Embora possa parecer engraçado, o mau humor crônico é uma condição séria que pode indicar a presença do transtorno distímico ou distimia. 

Segundo Dr. Caio Magno, psiquiatra e cofundador da Clínica Estar, a distimia é uma forma de depressão leve, porém crônica. “A distimia pode passar despercebida, porque muitas vezes os sintomas são confundidos com o jeito de ser ou como uma característica da personalidade. Entretanto, o que nos preocupa é a alta taxa de comorbidade, ou seja, os estudos indicam que cerca de 77% dos distímicos irão desenvolver outras doenças psiquiátricas. A maioria, em alguma fase da vida, terá um episódio de depressão maior”, diz o médico. 

Muito além do mau humor
O humor deprimido não é o único sintoma característico da distimia. “O distímico costuma ser pessimista, rabugento, reclamão e insatisfeito com a vida. Além disso, costuma gastar toda a energia no trabalho, deixando o lazer e os relacionamentos sociais de lado. Por isso, é comum encontrar mais pessoas solteiras que são diagnosticadas com distimia do que casadas. Quando casadas, é comum ter problemas conjugais”, conta Dr. Caio.

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Distimia é 2 vezes mais comum nas mulheres
A prevalência da distimia é de aproximadamente 3 a 6% da população em geral, sendo duas vezes mais frequente nas mulheres que nos homens. Em geral, os pacientes convivem com os sintomas por muitos anos sem buscar ajuda. “Mal estar, cansaço, falta de energia, insônia e perda da capacidade de concentração são características típicas da distimia, mas que levam à pessoa a procurar uma explicação física, na maioria das vezes sem sucesso”, explica o psiquiatra.

Surgimento precoce é mais preocupante
A distimia costuma aparecer antes dos 25 anos, inclusive é comum ter seu início na infância ou na adolescência. Entretanto, de acordo com Dr. Cario, ela é crônica e o atraso no diagnóstico impacta diretamente na qualidade de vida e causa prejuízos sociais, acadêmicos e profissionais importantes, sendo considerados ainda piores que nos demais tipos de depressão. 

A origem da distimia é complexa. “Do mesmo modo que para outros transtornos psiquiátricos, a distimia tem um componente genético, que em conjunto com fatores estressores fazem parte do desenvolvimento do quadro. Há ainda relação com desregulação dos processos neuroendócrinos e neuroquímicos. Mas cada caso deve ser avaliado individualmente”, afirma Dr. Caio. 

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Medicamentos e Terapia
A boa notícia é que a distimia tem tratamento. “Estudos mostram que 50 a 60% dos pacientes com distimia respondem ao tratamento com antidepressivos. Além do uso de medicamentos, o paciente pode fazer a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC). Tratar é essencial não só para evitar o desenvolvimento de outros transtornos, como também para melhorar a qualidade de vida global”, conclui Dr. Caio.

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