Polícia

Máscara é condenado a 20 anos de prisão

O último capítulo de um homicídio brutal registrado em Santa Cruz do Sul, com direito a gravação da execução, foi finalizado na tarde desta quinta-feira, 4. Maicon Robson Schmidt – também chamado de Máscara no submundo do crime –, de 37 anos, foi condenado a 20 anos de prisão em sessão do Tribunal do Júri, pelo assassinato de Alexsandro Luis dos Santos Mello, conhecido como Abelardo, de 18 anos.

A sessão iniciou às 13h15 e foi presidida pela juíza Márcia Inês Doebber Wrasse. Quatro homens e três mulheres foram sorteados para formar o conselho de sentença. Um forte esquema de segurança foi montado para levar o réu ao Fórum de Santa Cruz. Agentes da Divisão de Segurança e Escolta (DSE) do Núcleo de Segurança e Disciplina (NSD) da Polícia Penal fizeram o transporte de Máscara da Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas (PMEC) até o Tribunal do Júri.

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Prestaram depoimento o delegado regional Luciano Menezes e o delegado responsável pela 2ª Delegacia de Polícia (2ª DP), Alessander Zucuni Garcia. Autor da denúncia, o promotor Flávio Eduardo de Lima Passos representou o Ministério Público e mostrou aos jurados o vídeo da execução, gravado por Máscara e seus comparsas. O defensor público Arnaldo França Quaresma Júnior fez a defesa do réu no julgamento.

O defensor público Arnaldo França Quaresma Júnior fez a defesa do réu no julgamento
Delegado responsável pela 2ª Delegacia de Polícia (2ª DP), Alessander Zucuni Garcia, foi um dos que prestaram depoimento
Promotor Flávio Eduardo de Lima Passos representou o Ministério Público

Ele explicou aos jurados a importância que uma possível perícia no vídeo teria para o processo, para garantir não só que é a voz de Máscara na gravação (ele não aparece na imagem), como para ter certeza de que não houve alguma adulteração no material. Segundo ele, mesmo solicitada, a perícia não foi realizada e teria prejudicado a prova, o que gerava dúvida sobre ser ou não Máscara no vídeo.

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Na sala secreta, a acusação de homicídio duplamente qualificado, com as qualificadoras de motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima, foi acolhida na íntegra pela maioria do conselho de sentença. Um dos jurados votou pela absolvição do réu, enquanto outros quatro pela condenação. Como basta a maioria para condenar ou absolver, os outros dois votos não foram abertos pela juíza Márcia.

Relembre o caso

O delito que foi analisado pelo conselho de sentença aconteceu na madrugada do dia 1º de janeiro de 2017, na Rua Victor Frederico Baumhardt, no Bairro Dona Carlota, em Santa Cruz do Sul. O cadáver de Abelardo, então com 18 anos, foi encontrado por populares por volta das 7h30, na beira da via. Os ferimentos indicavam pelo menos cinco disparos de arma de fogo na região do rosto.

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A investigação, conduzida pelo delegado Alessander, apurou que o homicídio teve como motivação principal desavenças relacionadas ao domínio do comércio de drogas na área do Residencial Viver Bem. A partir da apuração da Polícia Civil, o vídeo que mostra a execução de Abelardo foi incluído no processo após ser localizado em um celular apreendido na casa de Máscara, durante cumprimento de mandado de busca e apreensão. No material, é possível ouvir a voz do homem apontado como membro da facção Os Manos, organização criminosa armada voltada ao narcotráfico e homicídios, e que domina o comércio de entorpecentes no Vale do Rio Pardo.

No dia do crime, Abelardo estava em uma motocicleta quando foi sequestrado, colocado no porta-malas de um carro e levado até uma área de mata no Dona Carlota. Depois, foi obrigado a ficar de joelhos. No vídeo, Máscara pergunta para um comparsa se ele estava gravando. Após a resposta afirmativa, ele aponta para a vítima, que implora: “Máscara, por favor, não me mata”. O réu desta quinta-feira então pergunta para o jovem se ele sabia por que iria morrer. Logo depois, diz que Abelardo seria assassinado porque tinha sido pego com a droga de outro traficante, da facção Bala na Cara, o que não é aceito na disputa pelo território entre os grupos rivais. Meses antes da morte, Abelardo havia sido preso pela Brigada Militar, na BR-471, transportando drogas.

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Na sequência do vídeo, o acusado atira cinco vezes na cabeça de Abelardo. Outro fato que corroborou as investigações foi que, na época do assassinato, Máscara era monitorado por tornozeleira eletrônica. Por isso, em análise, o sistema da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) apontou que o réu estava na cena do crime naquela madrugada. As provas incontestáveis já haviam resultado na condenação de outros dois réus pelo mesmo delito.

Em 28 de setembro do ano passado, após 12 horas de júri, Lenon Aires Soares, de 26 anos, e Maicon Vieira da Silva, o Fininho, de 39, foram condenados pelo assassinato de Abelardo. Lenon pegou nove anos e quatro meses de prisão, enquanto Fininho foi condenado a 12 anos. Um quarto réu no processo, Luiz Guilherme Silveira da Silva, de 30 anos, foi absolvido pelos jurados. Na oportunidade, o Ministério Público pediu a absolvição deste por falta de provas.

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Heloísa Corrêa

Heloisa Corrêa nasceu em 9 de junho de 1993, em Candelária, no Rio Grande do Sul. Tem formação técnica em magistério e graduação em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. Trabalha em redações jornalísticas desde 2013, passando por cargos como estagiária, repórter e coordenadora de redação. Entre 2018 e 2019, teve experiência com Marketing de Conteúdo. Desde 2021, trabalha na Gazeta Grupo de Comunicações, com foco no Portal Gaz. Nessa unidade, desde fevereiro de 2023, atua como editora-executiva.

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