Apesar dos meus quase 58 anos, minha carreira como jornalista é curta. Na verdade, comecei a graduação na Unisc quando eu já tinha 40 anos. Minha primeira oportunidade profissional na área aconteceu aqui mesmo na Gazeta, em 2009, pouco tempo depois de formada. E foi aqui que produzi, no ano seguinte, um caderno em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. Naquela época, um tema que impactava era falar – no meu caso, escrever – sobre mulheres que estavam no mercado de trabalho exercendo profissões tipicamente de homens. Lembro que uma das matérias contava a história de uma mulher que trabalhava na construção civil, fazendo serviços de acabamento. Outra mostrava uma motorista de ônibus que realizava viagens intermunicipais e uma terceira, uma motogirl. Hoje, isso não impacta mais. Difícil são as profissões que não estão representadas tanto por homens quanto por mulheres.
Mas minha estada na Gazeta foi breve, o que me possibilitou conhecer com mais profundidade outra profissão. Em maio de 2010 deixei a redação para fazer reportagens para uma revista destinada aos produtores de tabaco de uma empresa fumageira de Santa Cruz. Foi uma experiência significativa e, sobretudo, inesquecível, que durou nove anos. Com ela pude viajar pelos três Estados do Sul visitando inúmeras propriedades rurais. Conheci muitas famílias de produtores de tabaco e, por conta da diversificação, outras culturas. E conheci também muitas mulheres. Algumas que dividiam os compromissos com a terra, que não são poucos, com os maridos, e outras que, por razões diversas, tocavam a propriedade sozinhas. Verdadeiras administradoras do agronegócio. Algumas mães, outras já avós. Traziam no rosto as marcas do árduo trabalho na agricultura, mas sempre sem perder a ternura e o carinho e, principalmente, a felicidade e a gratidão em receber a equipe – jornalista e fotógrafo que vinham de longe. Se eu já admirava os profissionais da agricultura, minhas andanças durante estes anos só fizeram crescer esse meu sentimento. E sem desmerecer os homens, as mulheres rurais conquistaram, e muito, o meu respeito e minha consideração.
Hoje estou de volta à Gazeta, casa que tão bem me acolheu no início da minha carreira. Coincidência ou não, trabalhei na produção do caderno em homenagem ao Dia Internacional da Mulher encartado na edição desta terça-feira, 8. Conversei com mulheres maravilhosas, que confirmaram o que eu já venho percebendo: elas estão, a cada ano, conquistando mais espaço no mercado de trabalho, mostrando que são capazes de trabalhar nas mais variadas áreas, de empreender e de comandar equipes. E que, além disso, cuidam da casa e dos filhos, mas que, felizmente, dividem bem com seus parceiros essa atividade – coisa comum hoje em dia. Quem sabe no próximo ano eu possa conhecer mais mulheres e contar, mais uma vez, as histórias delas aqui.
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