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Marcelo Medeiros: “Estamos sentindo falta do Beira-Rio”

A temporada de 2020 provocou mudanças de planejamento no mundo da bola por causa da pandemia do coronavírus. Em busca de reorganização financeira, o Internacional adotou medidas para evitar um prejuízo ainda maior, pois já houve suspensão das atividades, temporariamente, em razão da Covid-19. Uma das estratégias é a redução de despesas em todos os segmentos do clube. Porém, um aspecto é importante para manter o custeio do futebol: a participação do associado.

Em entrevista por telefone à Gazeta do Sul, o presidente Marcelo Medeiros falou sobre os desafios para reestruturar o orçamento neste ano. Disse que a redução salarial do elenco e da comissão técnica está encaminhada e ressaltou a necessidade de promover ações para fazer com que os sócios permaneçam adimplentes. O mandatário comentou ainda sobre a saudade de ver o torcedor na casa vermelha e branca. “Estamos sentido muita falta do Beira-Rio”, disse Medeiros.

ENTREVISTA
Marcelo Medeiros – presidente do Internacional

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Gazeta do Sul – Como o senhor analisa o atual momento do futebol?
Marcelo Medeiros – Eu analiso o momento em que ele está inserido. Não é só o futebol que está sofrendo os efeitos desta pandemia planetária, que afeta a vida de todo mundo. Estamos convivendo com esse isolamento de uma forma mais regrada há quase um mês, em outros cenários já existe o isolamento há mais tempo, tudo com cautela, com preocupação e muita serenidade. É prematuro, porque ninguém tem informação precisa de quando esse distanciamento vai acabar e o futebol retornar às suas atividades. É ter muita serenidade nesse momento.

De que maneira o clube trabalha com a questão orçamentária?
O Inter trabalha de várias formas e em várias frentes. No dia que veio o resultado que eu tinha testado positivo para Covid-19, fizemos uma reunião virtual do Conselho de Gestão e passamos uma normativa a todas as vice-presidências para que seus orçamentos fossem refeitos, com uma redução de 20%. Essa foi a primeira decisão. A nossa diretoria de finanças está fazendo um desenho do atual cenário, com uma paralisação de 30, 60 e 90 dias e as medidas e o impacto em cada um deles. Nós fizemos vários movimentos de diminuição de despesas. Cada vice-presidência está atendendo a esse pedido de redução na sua respectiva pasta. Demos férias para os jogadores, também visando a economia e o isolamento social. É óbvio que, de imediato, a parada do futebol implica em uma perda de receita de bilheteria, mas estamos trabalhando, fazendo várias ações e campanhas com atrativos para o nosso sócio, para ele continuar sendo adimplente e regular no seu compromisso com o clube.

O senhor é a favor da continuidade ou do encerramento do Gauchão?
Em tese, eu sou a favor. Gostaria que todas as competições este ano pudessem ser concluídas. O Inter era líder no cômputo geral do Campeonato Gaúcho e da sua chave na Copa Libertadores da América. A gente sabe que, no Campeonato Brasileiro, a verba de televisionamento é significativa, tem que ter as 38 rodadas. A Copa do Brasil, campeonato em que chegamos à final no ano passado, paga uma premiação significativa. A Libertadores, então, nem se fala da importância que tem para nós. Mas não adianta ficarmos fazendo previsões e projeções, sem a anuência e a sinalização que as autoridades públicas de saúde e sanitárias vão nos acenar em termos de calendário e datas, além da CBF para dizer se poderemos terminar tudo este ano ou no ano que vem.

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O senhor tem atuado diretamente na negociação para redução salarial do elenco e da comissão técnica?
A nossa relação com o grupo de atletas sempre foi muita reta, muito séria, muito honesta. O nosso grupo, não só dos jogadores mas da comissão técnica, apesar de parte dela ser da Argentina e a Argentina viver o mesmo problema que nós, está muito consciente do momento que nós enfrentamos. As primeiras conversas foram feitas durante o meu isolamento, fiquei 16 dias preocupado com a minha saúde, falava só por telefone. Mas não vamos precisar de grandes reuniões, acho que está tudo muito bem encaminhado.

Alguma possibilidade de saída de jogadores na janela de transferências?
A gente não trata nem de venda, nem de compra de uma forma especulativa. O Inter é um clube formador de jogadores. Nós temos esse pilar como uma tradição histórica do nosso clube. A venda de atletas é fundamental para a saúde financeira do Inter, mas a gente tem o cuidado de tratar as negociações quando estão concluídas. Pode acontecer (de vender), mas até o momento não tem nada na mesa da gente que possa ser noticiado no sentido de que algum atleta vá sair.

Qual o tamanho do prejuízo com a paralisação?
O prejuízo, principalmente perdas de bilheterias e receitas em dias de jogos, estava em torno de R$ 20 milhões. Esse número vai se modificar dependendo do tempo de paralisação.

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Como está a sua saúde hoje?
Está 100%. No nono dia de isolamento, voltei a ter febre e os sintomas da gripe, o que me preocupou, porque estava sofrendo uma recaída. Mas, em seguida, administrei aquele período e no 12º, 13º dia já não apresentava nenhum sintoma. No 16º (dia) fui liberado e, na semana passada, fiz aquele exame IGG, que é o teste para ver se o teu corpo apresenta anticorpos. Eu tenho anticorpos contra o vírus e, segundo algumas correntes médicas, estou tranquilo, a chance de pegar a doença de novo é muito difícil. Em tese, não pego nem transmito para ninguém a Covid-19.

Que outros sintomas o senhor apresentou?
Acordei no dia 15 de março com aquela sensação de dor no corpo, dor de cabeça, mal-estar, ainda não estava com febre. Tu sente o teu corpo como se tivesse feito um excesso de esforço físico. Tinha tido uma má noite de sono. Saí do apartamento onde eu vivo com a minha mulher e vim para um outro que tenho, pude me isolar, ficar completamente sozinho, para não colocar em risco meus familiares e amigos. Tive perda do paladar, mas felizmente não tive falta de ar, que talvez seja o sintoma mais preocupante e pode te encaminhar para hospitalização.

Que recado o senhor gostaria de deixar para o torcedor colorado?
A gente sente muita falta do convívio com o nosso torcedor. Tenho falado com vários dirigentes, amigos, conselheiros e atletas. Estamos sentindo muita falta do Beira-Rio, com a presença e o apoio dos torcedores. Isso tudo vai passar, então é importante que a gente cumpra as orientações das autoridades de saúde para que possamos voltar à normalidade. Quanto antes a bola rolar, mais alegre ficará o nosso dia a dia.

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