Três momentos tornaram o Natal diferenciado. Primeiro o encontro caseiro com filhos, netos, genro e nora no dia 18 de dezembro; depois a comemoração vespertina, da família ampliada, na moradia da Márcia e mano Roque, e no domingo, dia 25, a participação celebrativa no Mosteiro da Santíssima Trindade. Finda a cerimônia, a irmã Roberta nos alcançou duas obras de dom Irineu Guimarães. A primeira sobre sua vida e a segunda, acerca da correspondência com Irene, a icônica referência da paz, um verdadeiro tratado/síntese da não violência.
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Dificilmente alguém deixará de se emocionar ao conhecer a trajetória de dom Irineu Rezende Guimarães, que, em 1959, nasceu Marcelo na cidade de Rio Pardo. Desde cedo a temática da paz clamava por seu empenho, vindo a trabalhar com grupos de jovens. Ele os entendeu como poucos. O mano João Miguel e esposa Beatriz recordam, por exemplo, do batismo de seus filhos Pedro e Thomás. A essência sacramental se robustecia na diferenciada acolhida. A muitos o sacerdote transformou como ele a si próprio.
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Seu ponto de mutação pode ser identificado com a ida a Goiás, onde assumiria a condição de monge beneditino. Depois de Goiás, a França o receberia na Abadia Notre-Dame de Tournay. Estivesse onde fosse, nunca desperdiçou a oportunidade de pregar a paz. Todavia, sua dedicação se faria acompanhar pela temida ELA (esclerose lateral amiotrófica). A primeira sinalização aconteceu no Mosteiro local, onde também atuava. Em determinado dia, sentiu sua perna enfraquecer. Dali em diante, a doença avançou progressiva e inexoravelmente, ao tempo em que sua mente se manteve lúcida. Na reta final de sua vida escrevia textos com o auxílio de um sistema virtual, que se valia do piscar dos seus olhos. Olhos que brilham, mesmo após seu falecimento na abadia da França, em 2015, ano em que usufruíra da visita de sua irmã, Alayde Guimarães Motta.
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Agora, depois do Natal, num entardecer iluminado pelo Cinturão Verde aos fundos do Mosteiro, antes da “Oração de Vésperas” entoada pelas devotas monjas, a madre Paula, em voz pausada e determinada, pronunciou: “É caso de canonização”. Ela falava daquele menino, que poderia ter exercido tantas profissões e, contudo, optara pelo sacerdócio em prol da paz. A monja Paula se referia ao pregador que cantava “Beneditos”; à pessoa que sofrera à exaustão e nunca se deixara abater; ao escritor das palavras que melhoram o mundo; ao filósofo/teólogo destemido e ao amigo educador de todos os momentos.
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Por certo, um amigo santo, que se revela a cada gesto de não violência. Talvez ninguém seja santo sozinho. Sim, ele nos pede companhia, até porque, lembra Vera Wenzel, “ele gostava de gente”, e “da natureza”, como acrescenta seu colega padre Roque Hammes.
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