A espera por reforma e construção de novos prédios da Escola Estadual de Ensino Médio José Mânica, em Santa Cruz do Sul, vai completar oito anos no mês que vem. A comunidade escolar sofre com instalações precárias, que apresentam riscos para alunos e professores, e reclama do descaso do governo do Estado para resolver a situação.
Em 2012, a instituição teve prédios demolidos e passou a contar com salas modulares provisórias. Desde então, aguarda uma solução. Em 2018 a escola recebeu a notícia de que a verba estava liberada, mas, mesmo assim, a obra não saiu do papel.
Recentemente, o Círculo de Pais e Mestres (CPM) entrou com uma ação civil pública contra o governo do Estado. A Justiça emitiu uma nota dizendo que o processo estaria suspenso em função da pandemia e o advogado pediu a continuação, contudo, a escola precisa produzir provas e conseguir testemunhas para que haja andamento.
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Para a diretora da José Mânica, Daiane Lopes, que está na escola há oito anos e acompanha o imbróglio desde então, a situação é um verdadeiro descaso. A diretoria não se envolveu na ação, mas tem conhecimento dos trâmites.
“O que mais nos chama atenção é o fato de que, há menos de um mês, a Justiça afirmou que houve uma pausa no processo devido à pandemia e, há uma semana, exigiu algumas provas referentes aos problemas de infraestrutura. Como se todos os ofícios, fotos e documentações não fossem o suficiente para comprovar o anseio de toda uma comunidade”, desabafa.
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Desde que assumiu a gestão há quatro anos, assim como as direções anteriores, Daiane tem como principal objetivo clamar pela construção de um novo prédio. “Não estamos exigindo muito. Exigimos segurança, apenas isso.”
Segundo ela, as dez salas modulares de gesso acartonado estão com prazo de validade vencido e apresentam muitos problemas. Já o refeitório, localizado em um contêiner, é revestido de PVC, um material altamente inflamável.
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O prédio original que restou abriga quatro salas de aula, banheiros, biblioteca e toda a parte administrativa, e está apresentando os mesmos sintomas daquele que foi demolido em 2012: rachaduras, pisos se erguendo e vidros que estouram por causa da movimentação no solo. Por medo da falta de segurança das instalações, muitos pais preferem deslocar os filhos para escolas mais distantes.
Outros conhecem o problema, mas mantêm a matrícula por ser a instituição mais próxima das casas, já que a José Mânica é a única de Ensino Médio na área. “A situação desagrada a todos. Muitas mobilizações já foram feitas por parte da direção, Grêmio Estudantil, Conselho Escolar, CPM. Grupos de pais já se organizaram espontaneamente. Sabemos da situação do Estado e compreendemos. No entanto, essa situação se arrasta por oito anos e nosso maior receio é de que seremos ouvidos somente quando uma tragédia acontecer.”
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Pais estão assustados com riscos
Para a vice-presidente do CPM, a comerciante Aline Vanussa da Silva Ebert, que tem um filho de 8 anos no educandário, a situação é vergonhosa. “A comunidade escolar espera ansiosamente há oito anos que possamos finalmente receber um novo prédio. Hoje contamos com um prédio de dois andares com inúmeros problemas na sua estrutura. É assustador, todos correm risco, porque tem rachaduras em várias partes e pisos cedendo”, afirma. “Sinceramente, espero que as pessoas que têm nas mãos o poder de decisão possam olhar para a Escola José Mânica do jeito que ela merece. Queremos o básico, simplesmente um lugar seguro.”
O mesmo pensa a faxineira Marlene Storch Beckenkamp, mãe de um aluno de 11 anos, que é a terceira geração da família a estudar no colégio. “Seria muito triste e difícil para a comunidade perder a escola. Meu filho estuda no sexto ano no Mânica, nos fundos da escola, onde construíram umas salas provisórias. Quando trocou o ano, fiquei apreensiva em ele ir para o prédio da frente, pois está precário, com rachaduras.”
Marlene reforça que é fundamental a construção de prédios novos, pois a estrutura atual é tão precária que algumas salas ficam molhadas quando chove e o filho tem medo de ir à aula em dias de chuva. “Imagina a hora que desabar o prédio, quantos alunos vão se ferir? Depois que acontecer uma desgraça, como o governo vai resolver isso?”, questiona. Ela diz ter ótimas lembranças de quando estudou no local e deseja o mesmo para o filho, não um lugar improvisado e precário.
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