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LUÍS FERNANDO FERREIRA

Mané me venceu

Foto: Reprodução

Sadio Mané

Perguntaram-me se eu conhecia Sadio Mané. Confessei minha ignorância: não, nunca ouvi falar. Soube, então, que ele é um jogador de futebol senegalês, vencedor da primeira edição do Prêmio Sócrates, em 2022.

Não sou um grande conhecedor ou fã de futebol. Irrita-me um pouco ver jogadores ganharem uma fortuna mensal para, às vezes, ficarem só andando pelo campo ou recolhidos no Departamento Médico. Enquanto isso, torcedores discutem, trocam farpas e – os mais exaltados – até mesmo socos por seus times do coração. Pessoas que não terão em suas vidas o dinheiro que o Neymar recebe em um dia, por exemplo.

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É verdade que salários astronômicos são a realidade de uma “casta”, não da maioria. Dados da Confederação Brasileira de Futebol apontam que mais da metade (55%) dos jogadores profissionais no Brasil recebiam, em 2021, aproximadamente um salário mínimo. Naquele ano, o valor do mínimo era de R$ 1,1 mil. Mas eu comecei falando de Sadio Mané.

Ex-Bayern de Munique, hoje no árabe Al-Nassr, o atacante senegalês recebeu o primeiro Prêmio Sócrates, criado pela revista France Futball. (O segundo, no ano passado, ficou com o brasileiro Vini Jr.) O troféu com o nome do ex-atleta (1954-2011) da Seleção Brasileira reconhece os jogadores que se destacaram por ações sociais.

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Vários fatores pesaram nessa escolha. Em seu país, Sadio doou 455 mil libras para a construção de um hospital com maternidade em Bambali, cidade onde nasceu. Também financiou uma escola gratuita e enviou laptops aos estudantes. Durante a pandemia, fez a doação de 41 mil libras para o comitê de combate à Covid-19 do Senegal. Isso para citar alguns exemplos.

Deve ter sido por isso, pelo perfil diferenciado, que me perguntaram se eu o conhecia. Não, nunca vi jogando, nem sei se ele costuma andar pelo campo ou ficar no Departamento Médico. Mas gostei de conhecer. Ajuda a melhorar minha impressão geral sobre esse meio. E também sei que existem outros como ele, pessoas que se importam.

São o tipo de referência necessária. Muito mais do que alguns esbanjadores que se exibem por aí com carne folheada a ouro.

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