A poda radical de duas tipuanas chama a atenção de motoristas e pedestres que passam pela Avenida João Pessoa, na quadra entre as ruas Augusto Spengler e Dona Flora, no Bairro Universitário. De acordo com os moradores, uma equipe da RGE esteve no local na semana passada e cortou quase todos os galhos rente ao tronco, com exceção de um em cada uma das plantas, que ficaram inclinados para o meio da via. Por esse motivo, o desequilíbrio no peso fez com que as raízes levantassem as pedras da calçada.

Além disso, a rede elétrica passa sobre as árvores, e os galhos que causavam risco aos fios foram cortados. A preocupação dos moradores é que os galhos restantes, que não interferem na fiação, caiam sobre a via e causem um acidente, a exemplo do que aconteceu com a tipuana que tombou sobre a Rua Marechal Floriano, no centro de Santa Cruz do Sul, na última quinta-feira. Na ocasião, não houve feridos e nem danos materiais.

Ao analisar as imagens encaminhadas pela Gazeta do Sul, o engenheiro agrônomo santa-cruzense Paulo Backes destacou diversos pontos, como o lugar de plantio e a planta escolhida. Ele também é mestre em Botânica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e autor dos livros Árvores do Sul e Árvores cultivadas no Sul do Brasil. “A tipuana é uma árvore de grande porte e foi plantada embaixo da rede elétrica. É incompatível e demonstra a falta de planejamento na escolha da espécie”, disse. Backes ainda chamou a atenção para o pouco espaço existente na calçada para comportar o tronco e as raízes.

O agrônomo afirmou que a poda foi feita de modo equivocado. “Nesses casos, o correto é fazer uma poda de condução com o objetivo de criar um túnel com a fiação elétrica”, explica. Assim, a tipuana poderia continuar íntegra e saudável, sem oferecer riscos aos fios. Mesmo sem saber o estado da planta antes das mudanças, Backes diz que as árvores estão condenadas, e é provável que tombem. Se isso não acontecer e elas não forem cortadas para evitar futuros problemas, é possível que se recuperem dos danos, mas nunca mais terão a antiga forma.

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Em entrevista à Rádio Gazeta FM 107,9, o secretário municipal de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade, Jaques Eisenberger, afirmou que a pasta está ciente do ocorrido e em contato com a RGE para que a situação seja resolvida com urgência. Já a RGE, responsável pela poda, foi procurada por mais de uma vez ao longo dessa sexta-feira, mas não se manifestou até o fechamento desta edição.

Legislação

No início de julho, o vereador Ilário Keller (PP) protocolou um projeto de lei para regulamentar a poda de árvores em vias públicas de Santa Cruz do Sul. A legislação atual já permite que qualquer pessoa providencie a poda em frente à residência, inclusive sem autorização prévia da Prefeitura. Porém, é obrigatória a contratação de uma empresa que tenha passado por treinamento da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, visto que o serviço precisa obedecer a normas técnicas.

Pela proposta, a poda ficará a critério dos cidadãos, que poderão ou não contratar profissionais para o procedimento. Conforme o texto, as podas só poderão ser executadas no período entre 1º de maio e 31 de agosto e apenas em espécies exóticas, não consideradas nativas, com até 5 metros de altura. Os proprietários também ficam obrigados a “zelar pela manutenção da forma e da saúde da árvore”.

A lei ainda regra o recolhimento dos detritos, que será responsabilidade da Prefeitura quando feito durante a poda programada pelo Município; ou do próprio morador, quando ocorrer fora do período programado. No caso de podas executadas por empresas credenciadas, elas próprias ficariam responsáveis pelo serviço, em um prazo de 48 horas. O projeto ainda não foi votado.

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