Mais um mandato no governo do Rio Grande do Sul se encerra neste domingo, 1º, sem concluir a pavimentação da ERS-403, rodovia que liga Rio Pardo a Cachoeira do Sul. A comunidade regional aguarda há mais de 30 anos pelo asfalto nos 62 quilômetros de extensão, mas ainda restam 19 quilômetros de estrada de chão batido.
A Gazeta do Sul percorreu o trecho na manhã dessa sexta-feira, 30, e verificou que a empresa contratada pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) está trabalhando no local e, devido às obras, há muitos pontos que requerem atenção dos condutores.
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Logo após a saída de Rio Pardo, a ERS-403 tem um trajeto de cerca de 18 quilômetros já asfaltados. O pavimento apresenta alguns buracos e desnível, mas, de maneira geral, está em boas condições de trafegabilidade. A sinalização, tanto vertical como horizontal, existe, embora esteja apagada, danificada ou escondida pelo mato em alguns pontos.
Quando se inicia a estrada de terra, os motoristas devem ter atenção redobrada para evitar acidentes. Isso porque há um desnível na pista e, na sequência, muitos buracos e elevações nas proximidades da Escola Estadual de Ensino Médio João Habekost, na localidade de Arroio das Pedras.
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Para preservar a integridade dos veículos, muitos condutores acabam desviando pela contramão, em manobras especialmente perigosas quando envolvem caminhões e carretas de grande porte. Ao longo dos 13 quilômetros seguintes as condições da via se alternam entre trechos planos e outros com muitos problemas, entre eles a completa ausência de sinalização e iluminação, tornando o perigo ainda maior durante a noite.
As únicas placas existentes são as que indicam o nome da rodovia e o quilômetro, além das entradas para algumas localidades. Funcionários da empresa Conpasul, responsável por parte do asfaltamento, estão trabalhando na 403. Há seis quilômetros já com as fases de preparação de sub-base e base prontas, bem como estão finalizados os valões de drenagem da água da chuva nas laterais.
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Outros sete quilômetros ainda estão na etapa de preparação da sub-base, que envolvem patrolamento e compactação do solo. Morador do entorno há 17 anos, Itor dos Santos Corrêa diz que os principais transtornos enfrentados são a poeira, os buracos e o barro que se forma após as chuvas. Com o asfalto quase chegando na frente da residência, ele comemora. “Agora esperamos que fique bom. Vai facilitar a vida para ir até a cidade, e os demais deslocamentos.”
Em outro ponto, o caminhoneiro Fábio Freitas Zambarda parou para conferir o rodado da carreta e também possíveis vazamentos na carga. Ele conta que trafega pela rodovia semanalmente transportando trigo, e está acostumado com as dificuldades. “Está melhorando. Com esse avanço na pavimentação, vai ficar mais tranquilo para nós”, comenta. De acordo com o Daer, são 7,5 quilômetros (do 22,5 ao 30) prontos para receber a camada final de asfalto, e outros sete estão em obras. Por fim, há mais seis quilômetros no aguardo da próxima empresa que assumirá os trabalhos.
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Perigo constante
Um dos locais mais perigosos da ERS-403 é sem dúvida o percurso de 7,5 quilômetros que está pronto para receber a camada asfáltica. Ele fica localizado trecho anterior ao entroncamento com a ERS-410, que vai até Candelária, no sentido Rio Pardo-Cachoeira do Sul. O cascalho solto deixa o piso pouco aderente aos pneus dos veículos, de modo que se torna muito fácil perder o controle da direção. Além disso, a passagem sobretudo de caminhões carregados levanta nuvens de poeira que dificultam a visibilidade, gerando um efeito semelhante à cerração.
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Morador do local há mais de 20 anos, o agricultor Vitor Fagundes diz que a pavimentação é muito esperada, mas está demorando para ser finalizada e tem sido motivo de muitos acidentes. Ele revelou que minutos antes de conversar com a reportagem um carro havia sido retirado após cair no valão de escoamento da água em frente à propriedade. “Esse valão ficou muito próximo à pista e a sinalização é precária. Toda semana cai um carro aqui dentro”, alerta.
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Relembre
Em fevereiro, o então governador Eduardo Leite (PSDB) visitou as obras da ERS-403 e projetou que os trabalhos poderiam ser concluídos até o final de 2022 se as condições climáticas colaborassem. Apesar da liberação de R$ 23 milhões por parte do governo do Estado, a previsão não se concretizou e mais um mandato se encerra sem entregar a rodovia completamente pavimentada. A espera da comunidade regional já dura mais de 30 anos e não há previsão de quando deve terminar.
A novela se arrasta desde a gestão de Alceu Collares, no início dos anos 1990, quando os serviços tiveram início. Para facilitar a execução, foi feita uma divisão em dois lotes, um no trecho pertencente a Rio Pardo e outro na área de Cachoeira do Sul. Essa última já está totalmente asfaltada, enquanto o primeiro ainda enfrenta dificuldades. A ERS-403 encurta em 50 quilômetros a distância entre os dois municípios e é vista como fundamental para o desenvolvimento da região, tendo em vista o grande número de propriedades rurais produtivas e empresas existentes no entorno.
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