A estiagem histórica que assola o Rio Grande do Sul causa prejuízos sobretudo na agricultura. Lavouras de arroz, soja, milho e outras culturas sofrem com a falta de chuva e as altas temperaturas registradas desde o começo do ano. Nesse cenário, uma atividade agrícola que se mostra mais resistente às adversidades é a mandioca. Em Cerro Alegre Alto, no interior de Santa Cruz do Sul, o produtor Hardi Aloísio Lersch, de 62 anos, ainda está otimista. A colheita começou há pouco mais de uma semana nas áreas em que plantou 15 mil pés de aipim nesta safra.
A expectativa do agricultor é colher entre 20 e 25 mil quilos este ano. “Felizmente a mandioca é mais resistente à estiagem. Mesmo sem irrigação, os pés se mantêm verdes e as raízes saudáveis, com ótimo cozimento. A planta até prefere o tempo seco”, comenta. Outra vantagem, conforme explica, é que as lavouras podem ser colhidas de um ano para outro, mesmo que seja para trato animal. Atualmente, Lersch vende o quilo com casca a R$ 3,00 em seu estabelecimento comercial no Bairro Arroio Grande e também em um supermercado parceiro na cidade.
Produtor de mandioca há 13 anos, ressalta que a cultura é uma boa alternativa de diversificação para pequenas áreas e exige pouca mão de obra – basicamente adubação adequada, correção de solo e capina. Além disso, reforça a importância de rotacionar as áreas cultivadas para que o tubérculo renda mais e tenha maior qualidade. Por isso, hoje o agricultor arrenda lavouras próximas a sua chácara. “Não planto mais do que cinco anos em um uma mesma área.” A implantação do mandiocal desta safra começou entre o fim de agosto e início de setembro do ano passado.
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Solo seco dificulta a colheita das raízes
O extensionista rural Marcelo Cassol, do escritório municipal da Emater/RS-Ascar, revela que são aproximadamente 600 hectares de mandioca implantados em Santa Cruz do Sul – a maioria das lavouras é cultivada para subsistência. A colheita das áreas começou há poucos dias, especialmente para os produtores que plantaram cedo no ano passado, mas a maior parte terá início entre o fim de março e o início de abril. Apesar de a planta ser mais resistente a longos períodos de estresse climático, segundo ele, os agricultores têm relatado que o solo seco e sem umidade dificulta o trabalho de colheita das raízes.
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Cassol esclarece também que o mandiocal consegue manter uma boa reserva nutricional, no próprio tubérculo, por isso pode reter mais energia para enfrentar os dias áridos. “A planta prefere o tempo seco. Se pegar um período de muita chuva, acaba estragando e perdendo qualidade”, explica o extensionista.
Além disso, a rentabilidade da raiz garante que seja uma alternativa de diversificação para a agricultura familiar. “A mandioca tem uma boa viabilidade econômica. A dificuldade é encontrar mercado para colocar o produto”, argumenta. Hoje, a variedade mais cultivada no município é a Vassourinha, que é de bom cozimento e solta a casca com mais facilidade.
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