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AGUÇANDO O PALADAR

“Mais fermento” na gastronomia germânica

Foto: Rodrigo Assmann

Oficinas de gastronomia do Senac Garden receberam 750 pessoas nos primeiros dez dias de festa

Para além da culinária típica de origem germânica, como a tradicional cuca com linguiça, o eisbein (ou joelho de porco) e o chucrute, neste ano, quem visita a 37ª Oktoberfest vê ampliarem-se as oportunidades para experimentar os sabores vindos da Alemanha. Um dos protagonistas desta expansão é o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) de Santa Cruz do Sul, que possui o Curso de Gastronomia como um dos seus carros-chefes. 

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Em 2022, o espaço do Senac Garden no Parque da Oktober está localizado ao lado do Pavilhão da Agricultura Familiar, próximo ao Ginásio Poliesportivo. A vizinhança e a parceria com mais de 30 agroindústrias da região e de outras partes do Rio Grande do Sul incentivam a diversificação nos temperos utilizados, além de criarem oportunidades de negócios para estes produtores rurais. 

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Quem ganha com isso é também o público, que tem a oportunidade de participar das oficinas oferecidas no espaço do Senac Garden. A expectativa é de terminar a 37ª edição da Festa da Alegria contabilizando mais de mil pessoas participantes das atividades no espaço voltado à gastronomia, com foco na gastronomia típica germânica.

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Esta edição da Oktoberfest está sendo marcada pela retomada dos eventos com grande público. Junto ao maior número de pessoas, cresceram também o interesse e a procura por pratos típicos na festa. A diretora do Senac, Daniela Laner, salienta que a escola trabalha e ajuda a construir tal interesse, há anos, por meio do espaço do Senac Garden. “Temos oficinas de gastronomia, onde sempre trouxemos receitas germânicas, mas também com muita influência de outras culturas na nossa gastronomia.”

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O 4º Concurso Gastronômico da Oktoberfest, realizado em parceria com o Senac Santa Cruz e a Associação de Entidades Empresariais (Assemp), foi realizado com esse intuito, segundo Daniela. “Nossa cultura germânica vai muito além da cuca e da linguiça. Nosso concurso foi nesse sentido, de poder sair desse formato e instigar que os empreendedores do município pudessem pensar e inovar para oferecer outras possibilidades para os visitantes.”

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A diretora do Senac, Daniela Laner, frisa o crescimento pra procura por pratos típicos germânicos | Foto: Rafaelly Machado

A Oktoberfest é o ponto alto do ano e coloca em prática todo o incentivo que é realizado nas disciplinas do curso de Gastronomia. Nesta edição da festa, foi ministrada a oficina de cucas, um exemplo de sucesso do espaço do Senac Garden. “Até era um questionamento nosso: será que teremos procura? E, por incrível que pareça, as pessoas aqui de Santa Cruz, por mais que tenham descendência germânica, não são todas que sabem fazer uma cuca. Por isso, sentimos esse interesse de querer aprender e conhecer um pouco mais da nossa culinária”, diz a diretora.

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Assim como o Pavilhão da Agricultura Familiar é uma novidade, é inovadora também a parceria dos produtores com o Senac. “É muito daquilo em que a gente acredita: a comida de verdade, sem agrotóxicos, e poder valorizar também os nossos produtores. Estamos muito felizes de ficar em um espaço próximo à agricultura familiar. Estamos conseguindo divulgar os produtos e incentivar esse consumo”, relata Daniela Laner.

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De acordo com ela, o retorno é positivo. “Tem sido excelente. Vemos o quanto as oficinas vêm contribuindo com dicas para eles. Ao visitar nosso espaço, produtores já identificaram oportunidades de negócios a partir de algumas dicas que foram dadas ali.”

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O Senac já participa há 14 anos da Oktoberfest e a cada edição busca inovar, atentar para tendências e procurar espaços cada vez mais apropriados. “Foram 32 oficinas em nossa programação. Nos primeiros períodos de festa, já atendemos mais de 750 pessoas, que recebemos no nosso estande para fazer as oficinas. Isso é um recorde de público para nós. Estamos prevendo receber, até o final da Oktoberfest, mais 350 visitantes que participarão das oficinas”, projeta. 

Além da cuca com linguiça

Cátia Leal, professora e coordenadora do curso de Gastronomia do Senac Santa Cruz do Sul, atua há 12 anos na área, sendo sete no Senac. Ao longo dos anos, ela reparou que houve um aumento na procura por pratos típicos alemães.

“O turista procura, em Santa Cruz, a culinária germânica. Em sala de aula, a gente desenvolve a aplicação dos preparos característicos da nossa cultura. E não só de cuca vive Santa Cruz; tem muitos preparos que a gente pode trabalhar. Claro que temos nossa rainha, que é a cuca, porém há muitos outros pratos que requerem nossa atenção. Hoje, Santa Cruz já tem um olhar focado para nossa cozinha característica, que é a alemã.”

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De acordo com Cátia, as oficinas do Senac são pensadas para abordar a cultura germânica, não tão focada no prato tradicional, mas trazendo também lembranças, memórias de infância, com ingredientes característicos, temperos, especiarias, e até mesmo alguns pratos bem mais tradicionais. Esses, no entanto, com uma nova roupagem, e sempre voltados à praticidade. 

Cátia Leal é a coordenadora do curso de Gastronomia do Senac | Foto: Divulgação

Nesse ano, o espaço do Senac Garden está localizado ao lado do Pavilhão da Agricultura Familiar, o que acaba unindo dois trabalhos importantes para fomentar ainda mais a atuação das agroindústrias. “Em 2022, trouxemos a parte da agroindústria. É pegar o produto do agricultor, do nosso colono, e desenvolver ele em preparo, e dar esse enfoque importante à nossa agricultura, que é a base da nossa colonização”, explica a coordenadora do curso de Gastronomia.

O campeão Kleine Schnitzel

O 4º Concurso Gastronômico da Oktoberfest premiou o prato de Leonardo Böck Müller como a receita vencedora de 2022. O Kleine Schnitzel, composto de carne suína, foi inspirado nas quatro gerações de uma família.

O prato é comercializado aos sábados e aos domingos, entre 11 e 22 horas, na casinha da Vila Típica da Bretzel Haus, durante a Oktoberfest. O autor da receita vencedora explica no que consiste o prato. “É feito de um empanado suíno, purê de maçã, batatinha assada e um molho de nata. A nata representa o leite materno, a maternidade. A batatinha, a maciez da infância. O empanado suíno mostra a crocância e a dureza da vida adulta. E o purê representa a doçura da melhor idade”, detalha Müller.

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O Kleine Schnitzel é vendido em porções com quatro ou com oito unidades. Ou ainda no combo família, que é junto com o Bretzel. De acordo com Müller, o curso surgiu como oportunidade de aprimoramento. “Quando a minha noiva me mostrou o concurso, resolvi me inscrever, e deu certo. O pensamento sempre foi positivo, porque é um prato muito saboroso, é uma mistura de sabores e texturas que realmente vale a pena experimentar.”

Para compor o prato, Leonardo Müller baseou-se nas quatro gerações de uma família | Foto: Alencar da Rosa

Leonardo Müller vai encerrar as vendas do Kleine Schnitzel na 37ª Oktoberfest. Apesar de já ter pensado em alternativas para dar seguimento à comercialização do prato, ele comenta que, por enquanto, são “só sonhos”. O autor do prato campeão destaca que, primeiro, vai terminar o curso de cozinha, que faz por hobby, para depois pensar em uma possível profissionalização. “Por enquanto, vou só cozinhar para os amigos”, acrescenta.

Pela primeira vez, o Bretzel

A 37ª edição da Oktoberfest conta, pela primeira vez na história da Festa da Alegria de Santa Cruz, com o tradicional Bretzel. A iguaria, que teve origem no Sul da Alemanha, é um pão macio, encontrado nas versões doces e salgadas com um formato que lembra braços cruzados. 

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O produto típico alemão está sendo comercializado em uma das casinhas da Vila Típica, no estabelecimento Bretzel Haus. A proprietária, Mylena Gehrke, que foi princesa da Oktober em 2017, conta que veio daí a inspiração. Além disso, ela também morou, em 2012, na Alemanha, tendo contato com as pessoas que produziam o Bretzel. “Eu trouxe a receita diretamente de lá. É totalmente artesanal, e tem os sabores doces de chocolate branco e preto e o irresistível açúcar com canela.” 

Mylena Gehrke acreditou e investiu no Bretzel, um dos sucessos da Oktober | Foto: Alencar da Rosa

Para Mylena, a procura por um prato típico germânico fomenta ainda mais a cultura da Oktoberfest. Uma dúvida que surgiu durante esses dias de Festa da Alegria foi a verdadeira escrita da iguaria. Conforme a pesquisadora Lissi Bender, a versão escrita com “P” – Pretzel – é a americana, que também possui um sabor diferente. “Ele é mais doce, e o alemão não tem essa doçura”, explica. Quanto à grafia, de acordo com Lissi, em alemão escreve-se Brezel, que se pronuncia “bretzel”. 

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