Os professores, desde muito cedo, fazem parte da vida das pessoas. Mais do que educar e auxiliar na formação do conhecimento, esse convívio faz com que se tornem referência para os estudantes nas mais diferentes fases da vida escolar. Nomes, estilos, jeitos de ensinar ficam na história e na memória.
Professora de Língua Inglesa no Colégio Mauá, Ashlei Czekalski conta que, por muitas vezes, o educador auxilia seus alunos em como eles irão se enxergar enquanto parte da sociedade. “Podemos ajudá-los a se reconhecerem como seres fantásticos, capazes, raros e amados”, afirma. Destaca que o profissional é parte da sociedade externa à família. Não raro, a primeira representação de como pode ser o mundo para fora dos jardins das casas.
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Essa relação faz com que consiga entender de forma especial os cidadãos. “Ocupo meu lugar de fala, como professora de crianças para falar sobre a referência positiva. Os humanos são seres amáveis e amorosos. Claro, é mais fácil visualizar isso quando se convive com seres humanos de até 6 anos de idade”, frisa.
Como aluna que foi, Ashlei sabe da importância de ser referência. Divide sua vida estudantil em momentos que considera cruciais para a formação. O primeiro deles foi ainda em um curso preparatório, nas aulas de Literatura. A segunda foi durante a graduação de Letras, na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). “Posso colocá-los juntos, pois sempre tiveram algo em comum e me fizeram decidir ser professora. Ambos, em todas as aulas, falavam com entusiasmo e propriedade sim, mas principalmente com amor”, recorda.
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O segundo bloco de professores que se tornaram referenciais são seus colegas do Colégio Mauá. “Sempre houve uma ferida em mim por não ter estudado nesse espaço encantado. Essa chaga perdurou até o ano de 2019, em que me tornei monitora e mais tarde professora, aqui”, enfatiza. Diz que volta a ser criança, adolescente, mais de dez vezes por dia quando está entre eles.
“Há algo de atemporal quando chegamos perto de um professor. Voltamos a ser criança quando presenciamos um educador transformar-se em um contador de histórias, em um cantor, cientista, caçador de tesouros, uma fada, uma bruxa, um domador de leões, um mestre no disfarce, uma rainha ou um palhaço.”
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Sobre a forma como pode ser uma referência positiva, enfatiza ter sua ética, moral e valores observados em todas as ações. “Não posso conversar com meus alunos sobre a proteção e o amor à natureza e, no momento seguinte, usar mais de duas toalhas de papel para secar as minhas mãos. A receita é muito simples, o que é construído em sala de aula não é somente o conteúdo especificado e definido. Nós não aprendemos com nossos professores sobre as fórmulas, conceitos, teorias, estruturas das línguas, letras e números, nós aprendemos com eles como se portar diante disso tudo”, ressalta Ashlei.
A realização profissional
Durante o Ensino Médio, Ashlei descobriu que seria impossível o afastamento do espaço escolar e seu significado. “A escola sempre foi, para mim, um ambiente quase mágico. De alguém que sempre amou a literatura fantástica, ter um espaço que proporciona encontros, risadas, crescimento e conhecimento juntos era quase viver em um mundo utópico dentro de outro não tão utópico assim”, explica.
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Essa decisão transformou-se em motivo de realização, em especial, quando vê os alunos começarem a arriscar as primeiras palavras e tentativas de comunicação na língua inglesa. “O que ocupa o primeiro lugar, sem dúvida, é fazer os meus alunos rirem, darem gargalhadas. Quando eu escuto o som da risada deles por algo que eu fiz ou disse, isso me preenche de um sentimento único. Faz com que eu sinta, naquele momento, que sou o ser humano mais famoso da Terra todinha, e que eu tenho o melhor ‘superpoder’ que poderia existir”, diz.
O atual momento, no entanto, tem feito com que muitos possíveis futuros professores se afastem prematuramente da ideia de seguir na profissão. Ashlei recorda que, quando decidiu tornar-se professora e comunicou à família, uma grande preocupação que surgiu foi o respeito pela função. “O lugar que ocupa na sociedade precisa ser modificado. O que fazemos, dizemos, defendemos e acreditamos, tenho a impressão de que sempre precisa ser consultado ou reafirmado. Eu acredito que esses aspectos afastam possíveis futuros professores”, avalia.
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Acrescenta que os profissionais da educação sentem na pele, enquanto humanos, como machuca quando são desrespeitados, ou quando os sentimentos não são ouvidos ou valorizados. “Eu preciso marcar o tempo que passo com eles [alunos] com respeito; eles precisam saber que estou por eles e que isso não muda, independentemente de como eles irão reagir, se estarão atentos ou agitados, concentrados ou cansados, eu vou estar ali e eles saberão que poderão contar comigo, confiar em mim e ser eles mesmos, pois serão respeitados.”
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