“Qual é a natureza do universo? Qual é nosso lugar nele e de onde nós viemos? Por que ele é do jeito que é?” Assim formuladas no livro Uma breve história do tempo, clássico da literatura de divulgação científica, não eram fáceis as questões que Stephen Hawking tentou responder. E ainda outras: o tempo sempre existiu, ou também teve um começo e terá um fim? Existem outras dimensões além das três espaciais?
As pesquisas desse físico britânico mudaram o conhecimento sobre o universo. Hawking fez a maioria de suas pesquisas limitado por uma grave doença neurodegenerativa, a esclerose lateral amiotrófica (ELA), com a qual foi diagnosticado aos 21 anos. A moléstia paralisa progressivamente os músculos do corpo e não tem cura, mas as funções cognitivas ficam preservadas.
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Assim, mesmo confinado a uma cadeira de rodas, a mente de Hawking foi mais longe do que a maioria pode sequer imaginar. Sua imagem tornou-se parte da iconografia popular: o gênio paraplégico que fala através de um sintetizador de voz. Ele faleceu aos 76 anos, em 2018. Viveria tanto se tivesse nascido em outra época, outras circunstâncias, como o início do século 20? Pois houve tempos em que a Europa não suportava a visão da deficiência física. O documentário Homo Sapiens 1900, do diretor sueco Peter Cohen, retrata essa época em que cientistas dedicaram-se a uma cruzada para o “melhoramento” da humanidade.
Os biólogos e médicos eugenistas, como ficaram conhecidos, queriam aprimorar a genética da espécie. Para tanto, sua estratégia era promover a esterilização de deficientes, portadores de transtornos mentais, criminosos, “raças inferiores” e outros grupos considerados indesejáveis. Os nazistas levaram essa mentalidade ao extremo, mas ideias e propostas eugenistas circularam por diferentes países e ideologias, nos EUA, União Soviética e Brasil, à direita e à esquerda.
John Nash teria escapado dos eugenistas? Estudioso da teoria dos jogos e Nobel de Economia em 1994, o matemático norte-americano era esquizofrênico. Sua história foi contada no filme Uma Mente Brilhante, com Russell Crowe. Mais uma Paralimpíada acontece, momento oportuno para questionar velhas e letais fantasias de superioridade. Como diria Stephen Hawking: há outras dimensões além das que percebemos.
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