O novo decreto do Governo do Estado sobre as restrições do comércio em virtude da pandemia do novo coronavírus entrou em vigor na última segunda-feira, 8. A situação causa preocupação entre os lojistas santa-cruzenses, e o cenário é de desesperança.
Segundo a Câmara de Dirigentes Lojistas de Santa Cruz do Sul (CDL), em uma pesquisa feita com 453 empresários do comércio, mais da metade disse que não está descartado o fechamento de seu estabelecimento caso a situação de restrições continue. Outros 32% apontaram que terão de realizar demissões para seguir funcionando de acordo com as regras impostas pelo Estado.
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Segundo o presidente do CDL, Ricardo Bartz, o impacto das restrições será muito grande. Ele observa que muitas lojas não estão preparadas para readequar o seu atendimento apenas com vendas pela internet ou por telefone. “O impacto é enorme. Muitas empresas não têm outro meio de fazer a venda. Como na bandeira preta estão impossibilitadas de abrir as portas, elas acabam não fazendo venda nenhuma. Para fazer o comércio por telentrega é preciso estar inserido no meio digital. Algumas empresas estão tentando se adaptar, mas nas operações menores no varejo, no comércio de bairro, a venda sem a presença do consumidor é muito difícil.”
Ricardo Bartz salienta que o setor tem plena consciência do momento perigoso pelo qual passa o País. No entanto, ele acredita que o comércio está sendo mais prejudicado do que outros segmentos da sociedade.
“Sabemos que é o pior cenário na região desde que convivemos com a Covid, e o distanciamento é inevitável. Por outro lado, pensamos que os empresários e lojistas não podem pagar sozinhos essa conta. O governo, de modo geral, tem que assumir responsabilidades. O governador, quando anunciou a bandeira preta, disse que ele assumiria a responsabilidade. Defendemos a reabertura, lógico que com restrições, temos que apoiar os protocolos de segurança não só pelos clientes, mas também pelos funcionários, e por isso pedimos apoio do poder público”, frisou.
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Segundo decretou o Governo do Estado, a bandeira preta para o comércio se estende pelo menos até 21 de março. As restrições na circulação de pessoas entre 23 horas e 5 da manhã vão até o final do mês. Como parte do comércio não essencial de Santa Cruz, Renato Bieger, que comanda a loja Planeta Esportes, no Centro, mostra-se preocupado com a situação. O empresário calcula que cerca de 90% do faturamento da loja será perdido no período em que não poderá receber clientes.
“Está muito difícil. Trabalhamos internamente, fazendo delivery sem custo por Instagram e WhatsApp. Estamos nos virando, mas não é nem 10% do que se vende normalmente”, lamenta. Diferentemente de grande parte dos lojistas, Renato diz que ainda conseguirá manter seu quadro de funcionários sem demissões, mas não sabe afirmar até quando a situação irá se sustentar. As lojas estão impedidas de abrir pelo menos até o próximo dia 21. “Por enquanto não pretendo mandar ninguém embora, mas se passar essas duas semanas fechado, terei que repensar essa situação. Mas posso antecipar que algumas empresas não vão conseguir segurar, já tem muita gente com a corda no pescoço. Vai ter loja fechando, não tem dúvida”, prevê o lojista.
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Por meio da Fecomércio, o Sindicato do Comércio Varejista de Santa Cruz do Sul (Sindilojas) participa da mobilização que pede a revisão dos protocolos de segurança para que as lojas possam voltar a atender o público de forma presencial. Segundo Mauro Spode, presidente do Sindilojas, o comércio é o setor menos responsável pela alta nos números de transmissão do vírus. Ele ressalta que, desde o início da pandemia, os lojistas foram o primeiros a se adequar aos protocolos de segurança, e trabalharam seguindo todas as indicações da Secretaria Estadual de Saúde.
Segundo Spode, todos os setores do comércio estão sendo afetados, mesmo os que hoje atendem o público de forma presencial, por serem considerados essenciais. Ele acredita que poucos lojistas conseguirão evitar os cortes de pessoal para manter os negócios em funcionamento. “No ano passado, muitas empresas ainda tinham ‘gordura pra queimar’, mas esse ano isso não existe mais. A entidade está muito preocupada. Todos estão sendo afetados de maneira praticamente igual, principalmente os não essenciais, porque ainda existe muita dificuldade de fazer as vendas através de outros meios”, aponta.
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Ele ressalta que as micro e pequenas empresas sofrem com a necessidade de adaptar suas vendas ao mundo virtual, através da internet, e também por telefone. O impedimento do atendimento presencial faz com que as pessoas, por muitas vezes, acabem usando a internet para comprar no comércio de fora da cidade.
O presidente do Sindilojas calcula que, com as restrições, o comércio de Santa Cruz do Sul acumula perdas na ordem de 70% a 80% do faturamento mensal. Na avaliação de Spode, a prorrogação de prazos de recolhimento do ICMS, medida apresentada pelo governo estadual na segunda-feira, está longe do ideal para ajudar os empresários a sair da crise. “É uma reação em cima da pressão que as entidades estão fazendo, mas ainda está muito longe de beneficiar as empresas de alguma maneira.”
O presidente da CDL compartilha da opinião de Spode. Segundo Ricardo Bartz, a decisão do governo do Estado de estender em 13 dias o prazo para pagamento do ICMS de maço e abril apenas adia os problemas. “O governador está prorrogando o pagamento de uma alíquota que ocorre na compra do produto, mas o lojista não está conseguindo vender. Não estamos reclamando, recebemos de forma positiva, mas tem que vir mais alguma forma de ajuda para parte do varejo”, comentou o dirigente.
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