O movimento Maio Amarelo realiza sua 8ª edição neste mês, conscientizando sobre a segurança no trânsito em todo o País. Em 2021 a campanha organizada pelo Observatório Nacional de Segurança Viária reflete sobre os conceitos de respeito e a responsabilidade. Encerramos em 2020 a Década de Ação pela Segurança no Trânsito, proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2009, e que chamava a atenção dos países para o alto número de mortos e feridos no trânsito de todo o mundo. Na Conferência Mundial de Segurança Viária, realizada em fevereiro de 2020, foi proposta uma 2ª Década de Ação, com o mesmo objetivo anterior: reduzir em 50% o número total de mortes no trânsito em dez anos, pelo fato de que esse objetivo não foi alcançado na última década.
De acordo com o tenente-coronel da reserva da Brigada Militar, especialista em trânsito, Ordeli Savedra Gomes, apesar de ainda existir um volume muito alto de mortes no trânsito, este número está diminuindo. “Está bem abaixo do que se registrava há dez anos, quando o total de mortes no trânsito do Rio Grande do Sul era acima de 2 mil ao ano. Já em 2019 foram 1.616 e em 2020, outras 1.462”, relata. Na opinião do especialista, para que estes números – que significam vidas perdidas no trânsito – diminuam mais rapidamente é preciso uma união de esforços ainda maior entre os órgãos de trânsito (fiscalização e engenharia) e a sociedade, com a compreensão da necessidade do cumprimento das regras do Código de Trânsito Brasileiro. “O uso da tecnologia também tem significativa importância neste processo, em relação ao seu uso pelos órgãos de fiscalização de trânsito, a exemplo da fiscalização do excesso de velocidade e dos etilômetros.”
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O respeito às normas de trânsito e aos conceitos de direção defensiva demonstram a responsabilidade na direção dos veículos automotores, conforme Ordeli. Esses conceitos não se aplicam apenas aos motoristas, mas também aos pedestres e condutores de veículos não motorizados, mas acima de tudo aos órgãos de trânsito, especialmente no que diz respeito às rodovias, pois é onde se registra o maior número de óbitos no trânsito.
Gomes acredita que a paciência e a tolerância são fundamentais para a boa convivência na vida e no trânsito. “Ocorre que não sabemos quem são as demais pessoas, seus problemas, seus anseios, sua forma de agir e de reagir. Desta forma, sempre o melhor é sermos gentis e pacientes, evitando as reações de terceiros e, desta forma, com nosso exemplo, irmos em direção a uma convivência social e no trânsito mais humana e segura”, completa.
PROBLEMA DE TODA A SOCIEDADE
Para a professora de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Christine Tessele Nodari, existem muitos motivos para os números elevados de mortes no trânsito. “Um deles é que a sociedade ainda não se apropriou do problema ‘acidente viário’ como um problema seu, é sempre problema do outro. Mas é uma questão de responsabilidade compartilhada”, explica Christine, que também é coordenadora do Núcleo Universitário Interdisciplinar de Trânsito (Nuitran).
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Ainda que a culpa sempre recaia sobre as prefeituras e departamentos rodoviários, o problema é multicausal e muito difícil de resolver, e deve contar com o apoio conjunto da comunidade. Conforme Christine Nodari, a questão estrutural é importante, uma vez que as soluções de engenharia geram comportamentos mais adequados. “Gestão de transportes é pensar em medidas proativas e reativas. Existem acidentes acontecendo, vamos olhar para eles e tentar entender, tratar os pontos críticos primeiro e ver o que é recorrente”, relata.
A professora explica que é necessário definir procedimentos que podem reduzir uma tipologia de acidentes e sair empregando ela em vários locais. Já no âmbito da prevenção é preciso investir em auditorias de segurança viária, para que antes de um projeto ser construído já sejam consideradas as questões de segurança. “Ou mesmo com um projeto que ainda não teve acidentes e já está operando, se a gente ver que há algumas oportunidades de melhoria, é preciso fazer, não esperar acontecer o acidente.”
Em paralelo às obras e sistemas para melhorar a questão da segurança no trânsito, é importante investir nas campanhas de educação. “Não é uma coisa só que vai resolver, todas as frentes têm que atuar como um conjunto: a educação, a fiscalização, o pessoal de obras. Todos eles são necessários, só um deles não vai dar conta.” Além disso, a empatia deve ser colocada em prática, tanto para quem é condutor e pedestre quanto para quem tem problemas para solucionar, respeitando as diferenças e necessidades, e se responsabilizando por fornecer um sistema que seja adequado a todos.
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Problemas de mobilidade em Santa Cruz
Em Santa Cruz do Sul alguns dos principais problemas no trânsito são os engarrafamentos em alguns pontos da cidade, além de pouco uso de transporte coletivo e alternativo, conforme o coordenador da fiscalização de trânsito, Cassiano Rauber. “Essa combinação acarreta um movimento excessivo de veículos, causando transtornos de fluidez e falta de estacionamento”, explica. Para Rauber, houve uma significativa redução de infrações de trânsito neste ano pelo trabalho preventivo e educativo feito no município.
Alguns dos locais com mobilidade reduzida incluem o Bairro Arroio Grande, entre a Avenida Euclides Nicolau Kliemann e a Avenida Castelo Branco. Já na área central os problemas ocorrem principalmente na Rua Oscar Jost, no cruzamento com a Avenida João Pessoa, e também na BR-471, principalmente nos pontos de aclives devido ao movimento excessivo de veículos pesados.
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Uma das principais preocupações em Santa Cruz é o aumento da frota, já que a extensão da cidade cresce muito rápido e a mobilidade não acompanhou este crescimento. “Temos ruas estreitas com pouco espaço para intervenções como rotatórias, por exemplo. Estudos de mobilidade estão sendo realizados para garantir mais segurança e mobilidade para os usuários da via”, explica Cassiano Rauber.
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