Se o ano de 2023 pode ser sintetizado no universo das ideias, seguramente terá a feição de quatro escritores. Dois são estrangeiros, dois nacionais, dos quais um gaúcho (no caso, uma escritora). Para a posteridade, sem dúvida o ano é do norueguês Jon Fosse, 64 anos. Há muito tempo ele frequentava a lista dos candidatíssimos ao Nobel de Literatura. Pois sua hora chegou: no início de outubro, foi anunciado como o agraciado de 2023.
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E outro nome pede passagem. É o do irlandês Paul Lynch, 46 anos, o grande vencedor do Man Booker Prize de 2023, o mais importante prêmio dedicado a livro publicado, a cada período, em inglês, e isso em todas as nações que têm essa língua como oficial. Pela amplitude da presença e da influência do inglês no mundo todo, é o mais representativo e abrangente certame. Com seu romance Prophet song, ainda inédito em português, ele é o vencedor do ano.
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Já a gaúcha Julia Dantas, 38 anos, igualmente pede passagem com seu novo livro, Ela se chama Rodolfo. A obra obteve o Prêmio Literário da Academia Rio-grandense de Letras, na categoria romance, e também o da Associação Gaúcha de Escritores (Ages).
Por fim, um nome de consenso no universo cultural brasileiro chega ao final do ano duplamente nos holofotes: o mineiro Silviano Santiago, 87 anos, recebeu o Prêmio Camões, o mais importante a conjunto de obra em língua portuguesa (algo como um Nobel nessa língua). De quebra, lançou novo livro, Grafias de vida – a morte. Juntos, os quatro garantem excelentes leituras para 2024.
Jon Fosse – É a Ales
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O norueguês Jon Fosse não era exatamente nome conhecido no mercado editorial brasileiro. Até outubro de 2023. Ainda que figurasse há anos nas listas dos potenciais candidatos a receber o Nobel de Literatura, pouco merecera a atenção das editoras. Apenas um de seus romances, Melancolia, fora lançado, em 2015, pela Tordesilhas. Quis o acaso que desde meados deste ano a Companhia das Letras já anunciasse a publicação de outro romance, É a Ales, cuja colocação nas livrarias foi agilizada na reta final do ano, justamente porque Fosse venceu o Nobel. A editora Fósforo também colocou no mercado outro romance, Brancura, cuja edição vinha sendo conduzida. Agora, mais livros dele devem estar chegando por aí.
Paul Lynch – Prophet song
Vencer o Man Booker Prize é sempre garantia de ampla visibilidade no mercado editorial. Ao ter obra apontada como a melhor do ano, selecionada por júri altamente qualificado, o autor assegura contratos para publicação nas mais variadas línguas. É o que deve ocorrer em 2024 com o irlandês Paul Lynch, ainda inédito nas livrarias brasileiras. Seu romance Prophet song foi eleito como o melhor em língua inglesa dentre todos os candidatos neste ano. Fica, assim, a expectativa de que nos próximos meses alguma editora nacional providencie sua colocação nas livrarias, assim como ocorreu com A promessa, do sul-africano Damon Galgut, em 2021, e com As sete luas de Maali Almeida, do cingalês Shehan Karunatilada, em 2022.
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Julia Dantas – Ela se chama Rodolfo
O nome que mereceu muitos holofotes na literatura gaúcha (e, diante da expressividade desse conjunto autoral, no cenário nacional) e brasileira, em termos de narrativa longa, é o da porto-alegrense Julia Dantas. Reconhecida também como eficiente tradutora, a partir do espanhol, em obras como Cinzas na boca, da mexicana Brenda Navarro, Julia arrematou o prêmio da Academia Rio-grandense de Letras de melhor romance do ano no Rio Grande do Sul, por Ela se chama Rodolfo. De quebra, conquistou o troféu de melhor narrativa longa igualmente da Associação Gaúcha de Escritores (Ages), pelo mesmo título. É um reconhecimento à qualidade da literatura elaborada por mulheres na cena gaúcha contemporânea.
Silviano Santiago – Grafias de vida – a morte.
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O professor, ensaísta e romancista mineiro Silviano Santiago dispensa apresentações. Talvez seja o maior intelectual em atividade no Brasil. Aos 87 anos, acaba de receber, na reta final de 2023, o Prêmio Camões, mais importante da língua portuguesa para um autor. A distinção é referente a 2022, mas a cerimônia só foi realizada ao final deste ano. Em paralelo, a Companhia das Letras colocou nas livrarias, em dezembro, novo conjunto de ensaios, Grafias de vida – a morte. Em romances recentes, de cunho autobiográfico, como Mil rosas roubadas e Machado, afirmou-se como um narrador de primeira linha na cena mundial. E, aliás, deve merecer em 2024 a publicação de uma biografia, que está sendo elaborada por João Pombo Barile.
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