Desde pequena tenho o hábito de ficar repetindo o que acabei de aprender. Foi assim com a palavra ônibus. Na ânsia infantil, falava apenas ‘ons’. Até que um belo dia, alguém, sem cansaço e muita paciência, silabou. “Aline, o certo é: ô-ni-bus”. Durante todo aquele dia, mentalmente ou verbalmente, reproduzi as sílabas de forma incansável. Ô-ni-bus, ô-ni-bus, ô-ni-bus…e assim, nunca mais falei ‘ons’. Gratidão, dona Iolanda, você foi responsável por essa minha perseverança.
Com a maternidade, não tem sido diferente. É um aprendizado a cada dia. Para não dizer “eita em cima de eita”. Antes mesmo de o Miguel chegar, li bastante sobre gestação, desenvolvimento, criação, coisas de mãe de primeira viagem. Nessas inúmeras leituras, me deparei com um depoimento bastante coerente sobre maternidade solo. De uma mãe, assim como eu, que criava o filho sozinha e fazia questão do emprego do termo Mãe Solo e não Mãe Solteira. Internalizei e desde lá reproduzo o termo, tal e qual fiz quando aprendi a falar ônibus.
O uso do termo – mãe solteira –, principalmente em sites oficiais, tem me incomodado bastante. Mãe não é estado civil! Ninguém se refere a mãe que tem marido e/ou esposa, por exemplo, como a Mãe Casada, ou ainda, Mãe Desquitada, Mãe Viúva… O status de relacionamento nada tem a ver com a maternidade. Mãe é mãe, e ponto. Seja aquela que encara sozinha, acompanhada, com parceiro/parceira, com família, sem, pouco importa.
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Então, quando uma mãe cria o filho sozinha, ela é Mãe Solo! Solteira vai depender se ela tem ou não alguém. Criar um filho sem auxílio já gera uma carga emocional, física e social bastante pesada. O mundo já está cheio de julgadores e mães que se culpam o tempo inteiro. Haja disposição para explicar ausências. Então, só substitui a palavra e treina, como faço sempre que aprendo algo novo! Lembra: ô-ni-bus, uma sílaba de cada vez.
Pode parecer banal a mudança do termo, você pode se questionar sobre a diferença entre solteira e solo, mas existe sim. Uma mãe solo ama, cria, educa e é a única responsável pelo filho. Claro, seria injusto não citar a rede de apoio, no meu caso minha família e muitos amigos. Mas Miguel é meu filho e toda e qualquer responsabilidade a respeito dele é minha.
Na real, toda maternidade é um tanto quanto solo, ter um companheiro/companheira não é sinônimo de auxílio integral. Mas isso rende um outro debate. Então, pouco importa o “tipo”, mãe é mãe e ser mãe é para sempre!
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