Nas fotografias guardadas com carinho pela mãe, desde criança Andiara da Fonseca aparece sempre alegre. Um sorriso do qual Rejane Margarete da Fonseca, 55 anos, sente falta todos os dias. Há um ano, ela resiste à dor de ter perdido a filha morta com seis tiros e aguardar pela prisão do autor do crime. Sérgio Aldemir de Andrades, o Sema, 53 anos, está foragido desde fevereiro do ano passado. O assassinato aconteceu em uma residência no Bairro Schulz, em Santa Cruz do Sul.
Andiara, morta aos 35 anos, foi a primeira a nascer dos três filhos de Rejane. Seria também a única mulher. Com 19 anos, a mãe a criaria sozinha. Quando a filha tinha 1 ano e um mês, elas se mudaram de Linha Travessa para a área urbana, no Bairro Independência, antiga Cohab. Até hoje a mãe reside na mesma casa, onde viu os filhos crescerem. Para sustentar os três, Rejane trabalhou em várias indústrias, principalmente como faxineira.
Aos 20 anos, Andiara deixou a casa da mãe para residir na Serra. Por lá trabalhou em eventos turísticos e iniciou o curso de Pedagogia. Quando retornou a Santa Cruz do Sul, 11 anos depois, voltou a morar outra vez com Rejane. Trouxe com ela a filha, na época com apenas 2 anos e meio. “Olha que filha linda”, comenta Rejane, orgulhosa, enquanto observa na porta da geladeira uma foto que costuma manter sempre ali.
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A mãe guarda ainda as reportagens sobre os eventos e cursos de que Andiara participou, além dos papéis com poemas escritos por ela. Na mesma pasta estão a certidão de nascimento e, ao lado, o atestado de óbito. “Não sou a única mãe a sofrer essa dor, só quem perdeu sabe como é. E da maneira que ela foi morta é difícil a gente pensar em viver.”
Sem a filha e a neta, que voltou a morar com o pai após a morte da mãe, ela tenta encontrar nas lembranças um motivo para permanecer firme. “Quem me conhece sabe que eu era uma pessoa alegre. Mesmo com os problemas, estava sempre feliz. Mas está difícil. É um pedaço da gente que falta. A gente ficou completamente sem chão. Tem vezes que parece que ela está viajando e vai voltar aqui.”
Sérgio Aldemir de Andrades, o Sema, 53 anos, está foragido
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Criança presenciou crime
Rejane acordou na madrugada de 11 de fevereiro do ano passado com a chegada da neta, acompanhada de um vizinho. Aos 6 anos, a menina tinha presenciado o assassinato da mãe. “Vó, o Sema matou a mãezinha.” A partir daquele momento, a vida da mãe não voltaria ao normal. “Eu não acreditava que ela estava morta.”
Além do desespero com a morte da filha, precisava conviver com o medo de saber que o autor estava solto. “Eu vivia trancada em casa.” Mais de um ano depois, Rejane continua à espera de que ele seja encontrado pela polícia. “Toda a tardinha vinha tomar chimarrão comigo. Ela era sempre muito cuidadosa comigo. Agora, quando eu sinto saudade de abraçar a minha filha, tenho que ir no cemitério. Eu só espero por justiça.”
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Polícia pede ajuda da comunidade
A prisão preventiva de Sema foi solicitada pela polícia logo após o crime. A investigação apurou que a motivação homicídio foi passional. Segundo a delegada Lisandra de Carvalho, diligências foram realizadas em busca do foragido. Quem tiver informações para auxiliar na prisão deve entrar em contato com a Polícia Civil, pelo 197, ou com a BM, pelo 190.
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