Die Gegenwart ist nur ein kleines flackerndes Lichtlein; wahre Erhellung kommt stetig aus der Vergangenheit.“
Heimito von Doderer, escritor austríaco
“A atualidade é somente uma pequena luzinha bruxuleante; verdadeira claridade vem sempre do passado.”
Alunos do segundo grau da Escola Estadual Afonso P. Rabuske, da Alte Pikade, ofereceram à comunidade o resultado de um valioso projeto de recuperação e valorização de um dos aspectos do legado cultural advindo da imigração – a culinária – uma luz sobre o passado, que haverá de acender muitas luzes para novos projetos no mundo educacional. Projetos para celebrar os 175 anos da colonização alemã na grande região originada a partir da fundação da Kolonie Santa Cruz e os 200 anos da imigração alemã no Brasil. Existe um imenso legado cultural a ser redescoberto, revalorizado.
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Em véspera de Natal, Santa Cruz celebra a Semana da Imigração Alemã, há 174 anos chegavam as primeiras famílias imigrantes. Difícil imaginar como terá sido o primeiro Natal vivido em meio ao calor e aos mosquitos. Logo eles que estavam acostumados a celebrar Natal em meio à neve, com muitas tradições. Como será que se sentiram sem suas feiras natalinas, sem Pinheiro de Natal, sem biscoitos natalinos, sem Christstollen, sem Pelznickel, sem culto natalino? Imagino-os desalentados, mas esperançosos. Imagino-os entoando suas antigas canções natalinas.
O que sei é que, ao longo dos anos e décadas seguintes, milhares de famílias alemães vieram, juntas persistiram e construíram a sua tão sonhada liberdade. Com seus saberes, valores e conhecimento, fizeram a terra frutificar. Construíram escolas para a ampliação dos horizontes das futuras gerações; igrejas para cultivar sua fé; cemitérios para seus entes queridos que precisavam partir. Fundaram associações comerciais e culturais, com elas fizeram a vida comunitária florescer, construíram hospitais para os doentes, fundaram editoras e jornais para cultivarem cultura e informação.
Em dezembro de 1849 chegaram os primeiros. Na sequência, milhares aceitaram o convite para aqui se estabelecerem – agricultores, alfaiates, tecelões, marceneiros, carpinteiros, moleiros, ferreiros, cervejeiros, gente que sabia tocar cítara e violino. Muitos outros conhecimentos os acompanharam. Vieram também profissionais liberais – arquitetos, médicos, advogados, professores, padres, pastores, soldados, muitos deles eram pessoas com elevado padrão cultural.
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Vieram numa época conturbada em sua terra natal. Vieram no rescaldo da Märzrevolution de 1848. Naquele tempo, o povo queria o fim dos governos autocratas. Os revolucionários eram movidos por ideais democráticos de liberdade, de direitos civis. Queriam liberdade de imprensa, liberdade política, no sentido de reformas democráticas e a união nacional dos diferentes principados; queriam ser um povo soberano, fundar um Estado-Nação soberano, unificado. Enfim, defendiam ideais do liberalismo.
Um sonho que somente foi concretizado em 1871. Enquanto isso, seus idealizadores foram perseguidos e muitos emigraram e levaram consigo seus ideais democráticos e os praticaram no exterior. Também vale lembrar que a maioria dos imigrantes vindos a Santa Cruz sabia ler e escrever. Tudo isso certamente contribui para entender o florescimento da imprensa e da livre iniciativa, que muito colaborou para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul e de Santa Cruz. Precisamos de mais luzes sobre a imigração e o legado cultural. Luzes que nos permitam entender a contribuição alemã para o progresso social, cultural e econômico.
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