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Pelo Mundo

Luxor, no Egito: o passado à espreita

Colossos de Ramessés II, no Templo de Luxor, impressionam na paisagem sobre a margem leste do Rio Nilo

Situada a 700 km ao sul do Cairo, Luxor possui um esplendor atemporal. Passados três milênios do apogeu de seu poder, a antiga capital do Baixo e Alto Egito ainda causa perplexidade e prostração até mesmo ao mais soberbo visitante. Construída na localidade conhecida pelo nome grego de Thebes, a sede do Novo Reino egípcio (1550-1070 a.C.) se divide em três centros principais de interesse, que pouco mudaram ao longo dos séculos.

Pórticos grandiosos, colunas monumentais e obeliscos que apontam para os céus dominam a paisagem nos templos de Luxor e Karnak, sobre a margem leste do Nilo. Atravessando o rio, os imponentes monumentos e as necrópoles que guardavam soberanos, nobres e seus tesouros formam os sítios arqueológicos de Tebas.

Pórtico de 65 metros de largura, três estátuas remanescentes e o Obelisco na entrada do Templo de Luxor

No coração da cidade, o Templo de Luxor foi construído por Amenhotep III, em 1380 a.C., e expandido por Ramessés II, que construiu seu enorme pórtico com 65 metros de largura. Restam três das seis grandes estátuas do monarca, bem como um dos obeliscos que guardavam a entrada do templo. Seu gêmeo granítico foi presenteado aos franceses em 1819 e eleva-se hoje na Praça da Concórdia, em Paris.

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As dezenas de colunas de Amenhotep III impressionam pela altura e pela flor de lótus no topo. Vários santuários e extensões foram construídos ao longo de seu passado faraônico, romano, cóptico e islâmico. Em um deles, vemos Alexandre Magno, em baixo-relevo, vestido como um faraó ao lado do deus Amun. Uma mesquita, construída pelo califado fatímida, em 1077, fica 20 metros acima do nível do templo, comprovando a profundidade das escavações que foram necessárias para revelar esses tesouros arqueológicos.

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Grande Salão Hipostilo, no Templo de Karnak, mantém a sua suntuosidade atemporal

A admiração causada pelo Templo de Luxor é inevitavelmente multiplicada a menos de três quilômetros dali. O imenso Templo de Karnak representa o ápice da arquitetura faraônica, por suas dimensões e seus detalhes. São necessárias várias horas para explorar os mais de 20 mil metros quadrados de monumentos, santuários e centenas de colunas dedicados ao deus sol, cerne da primeira cultura monoteísta conhecida.

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Após toda a manhã e parte da tarde caminhando pelo complexo, ainda retornei à noite para assistir ao incrível show de som e luz que percorre essa floresta de arte e história. A Avenida das Esfinges, construída por Hatshepsut, decorava toda a extensão entre Karnak e Luxor, e 40 de suas esfinges com cabeça de carneiro resistem há 35 séculos na entrada do templo. A rainha enriqueceu a decoração do local com pedras trazidas de mais de 200 km dali, incluindo o maior obelisco do Egito, com 30 metros de altura em granito avermelhado. No centro de Luxor, um bem organizado museu exibe outros exemplos da opulência dessa longínqua civilização.

Pórtico e parte da Avenida das Esfinges, no Templo de Karnak, que resiste há 35 séculos

Em meio à grandeza de monumentos e templos de Luxor e Tebas, repletos da riqueza histórica da civilização egípcia, nos sentimos muito pequenos. Caminhando entre as colunas magnificentes do templo de Karnak, fiquei com a impressão de que não sou eu que estou ali observando um tempo remoto, mas de que é ele, o passado, que me observa atentamente.

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