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Lugar de mulher é onde ela quiser

Comemorado no dia 8 de março, o Dia Internacional da Mulher foi oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1975. A data reporta-se ao ano de 1917, em que grupos de mulheres saíram às ruas, na Rússia, para protestar contra a fome e a primeira guerra mundial, embora, desde 1908, em várias cidades do mundo, mulheres protestavam contra as desumanas condições de trabalho e as diferenças de salários com os homens.

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Antigamente, as mulheres eram preparadas para o casamento, cuidar da casa e educar os filhos. Com isso, não tinham direito à opinião, a frequentar curso superior, ao voto e, tampouco, a recursos financeiros independentes de homem, além de outras restrições, como ter um CPF e conta bancária, separada do marido, só possível a partir de 1962.

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Ainda existem situações mal resolvidas, como:

  • Nos ambientes familiares, a maior parte do trabalho doméstico é executada ou supervisionada pelas mulheres; falta a divisão de tarefas, existindo a ideia de que o homem apenas “ajuda” na realização delas.
  • Nas empresas, o fato de ser mulher ainda pode significar salário menor, carreira limitada, impedimento em seleções ou promoções profissionais, dificuldades para alcançar cargos de alta liderança ou sujeita a situações, algumas inconfessáveis, como assédios morais e sexuais.
  • Na política, mesmo que as mulheres já sejam mais de 50% do eleitorado brasileiro, partidos deixam de cumprir as cotas obrigatórias de participação feminina, alegando o desinteresse das mulheres, o que é um dos motivos para que câmaras de vereadores, assembleias legislativas e o Congresso Nacional estejam longe de ter suas cadeiras ocupadas por, pelo menos, 30% de mulheres, conforme recomenda a ONU.
  • Falar em dinheiro ainda é um tabu entre as mulheres. Para piorar a situação, são acusadas, injustamente, de “gastadeiras”, no sentido de consumistas por excelência, embora, em alguns casos, realmente o sejam. Uma consultoria americana observou que as mulheres são mais racionais, preparadas e disciplinadas para comprar, limitando-se à “listinha” e disponibilidade financeira. Nos orçamentos domésticos, também, o poder de controle está cada vez mais nas mãos de mulheres, mesmo quando não são elas as principais provedoras do lar. É crescente o número de mulheres que sustentam e chefiam seus lares.
  • Na área de investimentos, ocupada, predominantemente, pelos homens, tem crescido a participação das mulheres. Não só na tradicional poupança, mas também, em fundos de investimentos, ações e, mais recentemente, como investidoras ou empreendedoras em startups (início de novos negócios) e criptomoedas. A influenciadora digital Nathália Rodrigues, mais conhecida como Nath Finanças, diz que as mulheres podem e devem falar mais sobre investimentos.
  • Quando se fala em empreender no Brasil, para as mulheres, além da falta de crédito, os juros são mais altos, há menos interesse por parte de investidores, baixo investimento em tecnologia, ausência de apoio no mundo dos negócios e pouca visibilidade nos meios de comunicação.
  • A maior conquista de espaços na sociedade implicou, também, maiores fontes de estresse pela sobrecarga de atribuições – jornadas duplas ou até triplas -, pela falta de dinheiro, pelo endividamento, entre outras causas. Ocorre, também, uma crescente assimilação de hábitos ou vícios – dependendo de pontos de vista -, considerados, há pouco tempo, de homem, como fumar e beber, e o envolvimento no crime, com roubos, drogas e mortes violentas.

Tem gente que não gosta do Dia Internacional da Mulher. Acha uma invencionice, moderna e artificial, um movimento feminista fartamente explorado pelo comércio. Entretanto, sob o contexto histórico do Brasil, a luta da mulher – e de homens que entenderam e abraçaram a causa –, é um reconhecimento e uma reafirmação das conquistas civilizatórias, em que todos somos beneficiários.

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Oportunidades e atividades desconhecidas ou dominadas por homens passaram a ser conquistadas por mulheres que, eventualmente, superaram a síndrome da impostora – padrão psicológico em que a profissional duvida de suas habilidades, criando o receio de ser exposta. Com muito orgulho, posso citar minhas três filhas que criaram e estão desenvolvendo atividades não tradicionais ou costumeiras para mulheres:

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  • Priscilla Teloeken – psicóloga pela UNISC, especialista em Gestão Empresarial, sócia-fundadora da Capital Humano, há 18 anos no mercado de Santa Cruz do Sul e região;
  • Taíla Paixão Teloeken – formada em Direito pela UFRGS e Ciências Contábeis pela Trevisan, com MBA em controladoria pela Unisinos, com 12 anos de experiência em Consultoria Empresarial e Tributária, é Head da área de TAX no Carpena Advogados, de Porto Alegre;
  • Giana Paixão Teloeken- jornalista formada na PUC-RS e em Gestão Tributária, pela Faculdade Brasileira de Tributação, é gerente de projetos de TI, trabalha  na NTT Data de Porto Alegre,  com o software SAP, empresa  de sistemas alemã por onde passa 75% do PIB mundial, realizando o controle de todas as principais áreas de uma empresa, independente do seu porte.

É fato que muitas mulheres ainda são, literalmente, subjugadas em suas relações afetivas e familiares – até assassinadas, quando resolvem pôr fim a relacionamentos doentios ou opressores, o que criou a figura jurídica do feminicídio – e desvalorizadas nos ambientes de trabalho, sociais e até religiosos. É muito comum, mas mantido num silêncio constrangedor, o abuso financeiro, quando a mulher depende financeiramente do marido. A educação financeira é uma ferramenta que pode ajudar as mulheres a garantir sua independência financeira e, em alguns casos, a sua integridade física.

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Nesta data especial, então, em que se fala tanto nas conquistas das mulheres, contribuiria muito se houvesse cada vez mais oportunidades, em todos os espaços, para a expressão e prática das qualidades femininas – diálogo, flexibilidade, multitarefa, cooperação, sensibilidade, intuição, cuidado e outras -, gerando impactos positivos nas famílias, nas empresas e em todos os ambientes sociais.

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Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

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