A ex-deputada federal Luciana Genro deve oficializar sua candidatura à Prefeitura de Porto Alegre neste domingo, 24, na convenção do diretório municipal do PSOL. Ela entra na disputa embalada pelo resultado da última pesquisa de intenção de votos realizada na capital gaúcha, que a coloca na frente dos outros pré-candidatos. Luciana diz que também está otimista porque sente que a situação política brasileira é favorável ao PSOL.
“Há um desgaste muito grande dos partidos tradicionais. O partido que representou a esquerda ao longo dos últimos 30 anos, que é o PT, está num processo de desmoralização profundo e a sua militância e seu eleitorado estão se sentindo órfãos. Ao mesmo tempo, tem um setor da população que nunca votou no PT e que também está bastante enojado da política tradicional, pelos escândalos de corrupção e todas essas barbaridades que a gente tem visto vir à tona com a Operação Lava Jato”, disse ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Em 2014, ela concorreu à Presidência da República pelo PSOL. Terminou em quarto lugar, com 1,55% dos votos.
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Luciana, que é uma das fundadoras do PSOL, acredita que o contexto atual abre espaço para que lideranças do partido de diferentes partes do Brasil – ela cita Marcelo Freixo, no Rio de Janeiro, e Luiza Erundina, em São Paulo – ganhem força nesta eleição. “São figuras que conseguem galvanizar este descontentamento e transformá-lo em esperança de uma política diferente, pelo menos no nível dos municípios”, afirmou.
Pesquisa do Instituto Methodus divulgada no dia 15 de julho mostrou Luciana com 20,8% das intenções de voto em Porto Alegre. Na sequência estavam Raul Pont (PT), com 14,5%; Sebastião Melo (PMDB) – atual vice-prefeito da cidade -, com 13,7%; Vieira da Cunha (PDT), com 11,0%; e o deputado federal Nelson Marchezan Junior (PSDB), com 6,5% das intenções de voto. Luciana também ganha em todas as simulações de segundo turno.
Esta foi a primeira pesquisa de intenção de votos feita na capital gaúcha em 2016. Nos levantamentos realizados em 2015, Luciana aparecia em segundo lugar. A liderança era da deputada estadual Manuela D’Ávila (PCdoB), que, em fevereiro deste ano, anunciou que não seria candidata para se dedicar à filha nascida em agosto.
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Com a experiência de ter participado de uma campanha nacional em 2014, Luciana entende que o maior desafio será se fazer ouvir numa campanha curta e mais restrita. O tempo de propaganda na TV foi reduzido e a distribuição dependerá da representatividade dos partidos na Câmara dos Deputados.
Ainda é preciso saber o número oficial de candidatos, mas o mais provável é que, em Porto Alegre, o PSOL tenha 12 segundos de televisão. A sigla tampouco tem participação garantida nos debates.
Para reverter esta situação, Luciana tenta costurar uma aliança com a Rede na capital gaúcha. Se conseguir, ganha força política na chapa e o direito de participar dos debates. “Esta aliança é uma das nossas estratégias. A Rede é um partido com o qual temos afinidade política, pela defesa das eleições gerais, de se colocar numa postura de oposição tanto ao governo Dilma quanto ao governo Temer”, explicou.
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A sigla liderada por Marina Silva, no entanto, também é assediada pelo PMDB e pelo PDT na capital gaúcha. Por enquanto, o PSOL garantiu o apoio do PPL.
Segundo Luciana, a mudança na legislação eleitoral que proibiu o financiamento empresarial de campanha beneficia o PSOL. “Isso, pra gente, foi uma coisa boa, porque nunca tivemos dinheiro para fazer campanha. Estamos acostumados com essa escassez que os outros estão enfrentando agora”, disse.
Para captar recursos de pessoas físicas, ela recorrerá às plataformas digitais de doação. Mas a principal fonte deverá ser o Fundo Partidário. Luciana diz que, além de contar com o aporte municipal, as candidaturas mais competitivas do PSOL vão receber uma verba nacional do partido.
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Enquanto constrói sua candidatura, Luciana trabalha na elaboração de um programa de governo para Porto Alegre. As áreas mais destacadas são segurança pública e saúde. O objetivo é apresentar propostas inovadoras e convincentes. “Este programa tem sido formulado há mais de um ano, inclusive com a participação da população. Tenho certeza de que preciso mostrar que não só posso ser uma líder de oposição, mas que também posso governar”, avaliou.