O nome Glacy tem tudo a ver com a dona. Tem somente duas sílabas, é direto, fácil de pronunciar e sem rodeios, assim como ela. Imagina-se que, em 1947, na vizinha Venâncio Aires, o casal Alcemirio e Adelaide planejou: dentre os cinco filhos, uma das meninas vai se chamar Glacy.
Pois a filha já mostrou sua coragem ao sair de casa aos 13 anos para estudar. Rumou para Santa Cruz e viveu em um sistema de semi-internato na então Escola Murilo Braga. Aos 18 foi para mais longe. No município de Camaquã, tinha vaga para ser professora rural e lá se foi na companhia de uma prima. Foi onde realizou o sonho de escrever no quadro-negro o que sempre sonhou: “Meu nome é Professora Glacy.”
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Retornou a Santa Cruz nos anos 1980, com três filhos, de 6, 9 e 12 anos, fruto de um casamento que se desfez. Mãe e professora, dividia as 16 horas de ocupação por dia entre o curso de Pedagogia, na antiga Fisc, fazer cocadas e sonhos para complementar a renda e lecionar nas escolas estaduais Luiz Dourado e Santa Cruz. Hoje, aos 77 anos, e com a mesma energia de quando despertava às 5 horas, é do sétimo andar de um edifício no Centro que ela olha cidade de cima e faz juras de amor eterno. “Não troco Santa Cruz por nada”, revela.
Sim, é por causa de seu encantamento pela cidade do Túnel Verde que, há dez anos, entre uma leva e outra de cocada que eventualmente serve para seus netos já adultos, também produz textos de opinião e os publica na Gazeta do Sul, sem nunca ficar em cima do muro. A fama de mulher com posição e coragem e ter se tornado a porta-voz de muitos lhe rendeu até fã- clubes, de amigas que recortam e colecionam as obras textuais de Glacy. “Fico muito feliz quando ando na rua e as pessoas me agradecem por escrever sobre certos assuntos. Percebo que elas se sentem representadas por mim”, diz.
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Embora já tenha viajado por cidades de outros continentes, o tema principal é sempre o mesmo: Santa Cruz. “Eu critico quando é necessário, sugiro alternativas, mas também elogio quando uma coisa boa é feita.” Outro de seus ousados projetos foi a criação do Clube dos Corações Solitários, em 1991, cujos bailes ocorriam na Ginástica e Corinthians. A regra é de que só poderiam entrar solteiros, separados, divorciados e viúvos. Teve um fato curioso, inclusive, que ela recorda, sobre o comunicador Fernando Vilela, já falecido. “Ele contou até no rádio, que teve uma ocasião que queria entrar no baile, só para tomar uma cervejinha, mas não deixei ele entrar porque era casado.”
Glacy também fez voluntariado por uma década no Lions Clube Raio de Sol, atuou na diretoria da Asan, é integrante da Associação Santuário da Mãe Rainha. Além de cultivar folhas de hortelã em vasos singelos no sétimo andar, faz palavras cruzadas, joga canastra, faz academia e tem sempre a companhia da cachorrinha Sandy. Ama o frio do RS, adora vinho branco e é fiel ouvinte do programa Alma Gaúcha, da Rádio Gazeta FM 107,9, aos domingos. O segredo para a longevidade com saúde? “Muitos amigos”, revela. Esta é Glacy Falleiro, uma gaúcha e, acima de tudo, santa-cruzense, com paixão e posição.
O projeto Longevidade é uma parceria entre Gazeta do Sul e Secretaria de Relações Institucionais e Esporte, da Prefeitura de Santa Cruz. Quem quiser sugerir histórias semelhantes pode contatar pelo WhatsApp (51) 9 8443 0312 ou pelo e-mail secom@santacruz.rs.gov.br
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