Dona Jurema é daquelas pessoas que não brincam em serviço. Desde que casou-se com seu Diamantino, há 56 anos, no município de Três Passos, já rodou o mundo, como ela mesma diz, e fez de tudo um pouco, até se estabelecer em definitivo em Santa Cruz do Sul. “Daqui não arredo mais o pé. Até quando Deus quiser, vou ficar aqui”, diz.
Dona Jurema sempre foi decidida, inclusive para casar. Quando avistou seu Diamantino em um jogo de futebol – ele defendendo o gol, ela, na torcida – não o largou mais. Era tão apegada àquele moço que vez em quando arranjava conflito à beira do gramado com outras fãs de Diamantino.
Então resolveu amarrar um compromisso eterno com o atleta, que para ela tinha o valor de um diamante, e fez tudo direitinho. Casou no papel, na igreja, com testemunhas, vestido de noiva, uma grande festa e convidados, para não deixar dúvida de que o casório era sério e que ninguém mais ousasse jogar flores em seu pretendente.
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Da vida a dois vieram quatro filhos: Rosângela, Ângela, Volmir e Paulo.
E então a patroa da casa teve uma ideia: para o sustento da família, quis abrir um negócio no município de Chiapetta.
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Em um posto de combustíveis à beira da estrada, o casal ergueu um quadrado de tábua de dois por dois e ali instalou uma borracharia. Ficavam a postos 24 horas por dia, durante a semana, e no domingo passavam o dia em um sítio da família. “Só Deus sabe quanta força que fiz consertando pneu de trator, de caminhão. E quando ele ia socorrer alguém pra longe, eu fazia tudo sozinha na borracharia”, recorda Jurema.
Da região celeira do Estado a família Da Silva mudou-se para Santa Cruz do Sul, por insistência da filha, Ângela, que já residia no município. E já se vão mais de três décadas desde a mudança de ares. E é na Rua José Rodrigues da Silva, que leva até o sobrenome dos dois, que o casal Jurema da Cruz da Silva, de 78 anos, e Diamantino Marques da Silva, de 79, virou ponto de encontro dos vizinhos no Bairro Santo Inácio.
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Toda terça-feira acontece a confraternização para um grupo de senhoras que reside nas imediações.
O encontro é conduzido por uma agente comunitária de saúde e, além de receber orientações, participam de jogos de memória e oficinas, entre outras atividades. “Fico feliz porque aqui a gente se junta, se diverte e aprende coisas novas”, conta Jurema.
E é no mesmo local, no puxadinho nos fundos da casa, que dona Jurema produz bolachas, pizzas e coxinhas. Os produtos são vendidos em dois cafés instalados na cidade, de propriedade da filha.
Com bem menos força de quando trocava pneus de trator e caminhão, dona Jurema faz tudo manualmente, com a ajuda do paciente e ex-goleiro Diamantino. “Ele ‘tá’ sempre calmo, nunca vi homem que tem mais paciência do que ele no mundo. E eu ‘tô’ sempre meio envaretada. Acho que é por isso que dá certo”, conclui Jurema, aos risos.
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