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VAREJO

Lojistas projetam aumento de até 8% nas vendas de Natal

Foto: Nascimento MKT/Divulgação

O presidente da CDL Santa Cruz, Ricardo Fernando Bartz, projeta um crescimento nas vendas do varejo local em até 8% neste Natal. É o indicativo em função da movimentação que aumentou nos últimos dias, graças ao pagamento da primeira parcela do 13º salário. A segunda ainda deve ser paga até o dia 20 de dezembro.

Bartz salienta que o comércio vem de dificuldades de vendas ao longo do ano, afetado em função da enchente de maio. “Acredito que este final de ano será importante para que o comércio e o varejo se recuperem deste ano, que foi muito conturbado”, aponta.

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Bartz explica que a economia do País sofreu com a enchente, mas depois se recuperou. “A enchente afetou sensivelmente as operações dos lojistas na metade do ano. O Natal é um pingo de esperança para que os lojistas recuperem o fluxo de caixa visando o início do ano de 2025, que naturalmente é mais complicado”, justifica.

Ele salienta que o setor de vestuário e de festas de final de ano, como supermercados, devam ser os mais impactados. “Também vejo que o setor de venda de automóveis está registrando um bom movimento nestes últimos meses”, cita.

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Respaldo

A projeção da CDL Santa Cruz ganha respaldo com o levantamento realizado pela Federação Varejista do Rio Grande do Sul, que aponta um ano de alta consistente nas vendas entre janeiro e setembro. Segundo o estudo, o comércio gaúcho experimenta, em 2024, o seu melhor desempenho em cinco anos, quando consideradas as variações do Comércio Varejista (7,50%) e do Varejo Ampliado (7,90%) em relação ao mesmo período do ano passado.

É o que mostra o Panorama do Comércio dos três primeiros trimestres do ano. A projeção da entidade é de que a reta final de 2024 apresente índices ainda positivos, mas estáveis, com pequena redução no ritmo do crescimento, a exemplo do que ocorreu nos anos anteriores. A Federação Varejista estima que o Varejo Ampliado deve ter variação de 6% no quarto trimestre, levando o acumulado do ano para 7,4% acima do registrado no ano passado. A perspectiva do levantamento é de que 2025 também seja um ano positivo para o consumo no Rio Grande do Sul.

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Desde 2020, quando o país viveu o auge da pandemia, o levantamento do Varejo Ampliado não apresentava variação tão positiva e, em relação ao Comércio Varejista, somente em 2022, com variação de 8% nos primeiros nove meses do ano, houve índice superior. A variação dos índices do comércio no Rio Grande do Sul é bastante superior à nacional: Comércio Varejista 4,8% e Varejo Ampliado 4,5%. No entanto, a base comparativa de 2023 no Estado era reduzida, com 2% de variação no Comércio Varejista e 1,10% no Varejo Ampliado.

Em 2024, mesmo em maio, quando o Estado foi atingido pelas cheias, a variação em relação ao mesmo mês de 2023 foi levemente positiva, de 0,4%. No mês seguinte, já chegou a 11,5% de alta, e chegou a 13% em julho. Em relação ao Comércio Varejista, porém, os índices continuam positivos, mas com variações em redução após junho deste ano: 9,8% em julho, 7,7% em agosto e 5,8% em setembro.

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Conforme a Federação Varejista, suplantar a agora elevada alta das vendas em 2025 será um dos grandes desafios do setor para confirmar o momento de consolidação deste ano. “Considerando que precisamos observar, também, os movimentos da conjuntura político-econômica em âmbito global e nacional, que podem impactar o cenário gaúcho, os indicadores apontam que teremos um próximo ano de leve crescimento e estabilidade nos números do varejo”, diz o presidente Ivonei Pioner.

Reconstrução do Estado reflete nos segmentos do comércio

Quando analisados os segmentos do comércio, o acompanhamento do Panorama do Comércio mensal aponta a consolidação, desde os primeiros meses de 2024, do consumo de produtos básicos às famílias gaúchas. Enquanto em 2023 o setor de hipermercados e supermercados apresentou alta de 2,6%, neste ano, chega a 12,5% após nove meses. Também em alta desde os primeiros levantamentos do ano, o segmento de atacado, especializado em produtos sintéticos, bebidas e fumo apresenta alta de 8,4%, enquanto no ano passado tinha redução de 12,5%.

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A partir do movimento de reconstrução do Rio Grande do Sul após as cheias, outros segmentos passaram a crescer com consistência. São os casos dos equipamentos e materiais de escritório, que têm a maior variação positiva do ano, de 19% (em 2023, teve retração de -5,5%), dos móveis e eletrodomésticos, com variação positiva de 10,4% (havia reduzido -3,1% em 2023), e dos materiais de construção, com alta de 8,6% (em 2023, havia reduzido -0,1%).

Segmentos como tecidos, vestuário e calçados também avançam no consumo dos gaúchos, com variação de 4% em relação aos três primeiros trimestres do ano passado, também contrariando a redução de 8,1% de 2023. Em relação aos artigos farmacêuticos, o segmento manteve-se em alta no consumo, com variação de 11,4% em relação ao ano passado, quando também havia crescido 5,8%.

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Por outro lado, o segmento de combustíveis e lubrificantes enfrenta retração de -3% nas vendas entre janeiro e setembro. No mesmo período do ano passado, havia alta de 5,6%. Já segmentos como livros, jornais, revistas e papelarias, com redução de -10,3% e de outros artigos de uso pessoal e doméstico, com -0,2%, mantêm a tendência de queda já observada em 2023 no Estado.

Mais emprego e renda

Entre os fatores que apontam para um 2025 positivo para o comércio no Rio Grande do Sul, estão a redução do desemprego, com taxa 5,1% de desocupação no terceiro trimestre do ano, a mais baixa desde o final de 2022. No mesmo ritmo, a renda média real dos gaúchos atingiu, nos dois últimos trimestres, os melhores valores em cinco anos. Foi aferida em R$ 3.599,00 no segundo trimestre de 2024 e de R$ 3.542,00 no terceiro.

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Da mesma forma, a inadimplência, depois de uma alta em 2023, reduziu e chegou, em junho deste ano, à queda de 14,6% em relação ao mesmo mês do ano passado. Este índice é considerado fundamental pelo varejo, por recolocar novos consumidores no mercado e reduzir o saldo da dívida do Estado. O número de dívidas entre cada gaúcho apresentou redução, no comparativo com o ano passado, em sete dos 10 meses considerados até outubro. Entre os endividados, as dívidas no comércio representam 10,32%. O maior credor é o setor dos bancos, em 61,39% dos casos. E há um alerta: entre os consumidores gaúchos considerados endividados, 85% são reincidentes.

Diante desse cenário, a Federação Varejista do RS reforça a necessidade de investimentos em educação financeira para jovens e adultos. A reincidência é considerada fruto da cultura imatura de acesso a crédito e à falta de boas práticas de consumo. O contexto de queda no desemprego, aumento da renda e redução da inadimplência tende a se manter em dezembro deste ano.

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Cuidados com o controle da inflação

Além da atenção aos fatores climáticos, que nos últimos dois anos afetaram diretamente a economia do Rio Grande do Sul, a Federação Varejista do RS aponta, ainda, as dificuldades de recuperação dos setores de Serviços, que apresenta redução de 8% nos três primeiros trimestres do ano, o pior desempenho em quatro anos; e da Indústria. Mesmo com alguma recuperação nos últimos levantamentos mensais do Panorama do Comércio, este fecha os primeiros nove meses do ano com desempenho negativo de 0,2% em relação ao mesmo período de 2023.

Os resultados, especialmente entre os Serviços, preocupam o varejo por representarem um risco de desaceleração ao comércio no final do ano. “É um alerta diante de uma situação que pode contribuir para o aumento do trabalho informal”, aponta Pioner.

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No Brasil, a Indústria cresceu 3,1% nos primeiros nove meses do ano, e os Serviços, 2,9% no mesmo período. As projeções de crescimento do PIB brasileiro em 2025 variam de 1,95% a 2,5%. A projeção Focus mostra que, no país, a Indústria deve liderar o crescimento no próximo ano, chegando a 2,4% de variação, enquanto o Agro deve chegar a 2% e os Serviços, 1,9%.

As projeções consideradas pela Federação Varejista do RS apontam tendência de queda no IPCA nos próximos anos, estabilidade ou leve aumento na taxa Selic, com o Banco Central agindo no controle da inflação dentro das metas e uma estabilização do câmbio. O cenário aponta para bons resultados na economia gaúcha.

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Nessa análise, a preocupação fica por conta do cuidado para que a inflação para não aperte o poder de compra do brasileiro. O desafio no próximo ano será encontrar o equilíbrio nesta fórmula para crescer sem esbarrar na desaceleração da economia ou colocar em risco o poder aquisitivo da população.

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