Rio Pardo

Locações de Rio Pardo viram cenário de filme sobre bullying

Quem passava do lado de fora do imponente Centro Regional de Cultura de Rio Pardo nesse domingo, 23, pela manhã, facilmente podia ouvir a movimentação atípica para um domingo. “Cena 42, plano oito, tomada três. Ação!” O interior do local é um dos principais cenários da gravação de um longa-metragem que irá abordar um tema bastante peculiar: o bullying.

A reportagem da Gazeta do Sul cruzou a porta do prédio histórico e acompanhou os bastidores de algumas das gravações do filme O Menino e a Baleia, que tem roteiro e criação da dramaturga e jornalista Letícia Mendes, e conversou com a equipe e atores. O filme, que tem produção executiva da Vaquita Cultural, é um drama, mas tem diversos momentos de leveza, vividos especialmente pelo trio que conduz a trama: o protagonista Santiago e seus dois amigos, Inês e Tomás.

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Ambientado praticamente todo em Rio Pardo, o filme terá duração de cerca de 80 minutos. De acordo com Letícia, a ideia inicial era fazer uma história voltada ao universo infantojuvenil, mas a temática bullying foi sendo criada e aprofundada aos poucos.

Segundo ela, após a aprovação da verba via Lei Paulo Gustavo, em dezembro do ano passado, e a seleção de elenco com 120 atores, em janeiro, o roteiro de produção precisou ser adaptado em razão das enchentes de maio. “Já tínhamos começado a filmar em março. Em maio tínhamos um cronograma gigantesco, organizamos as férias para nos dedicarmos a isso, e em virtude da total calamidade do Estado não foi possível. A primeira vez que voltamos a Rio Pardo, um tempo depois, levamos oito horas”, contou ela. O cronograma de finalização das filmagens, que seria inicialmente na metade de julho, foi transferido para o final de agosto.

Ainda sobre a disposição dos recursos, conforme a secretária de Turismo e Cultura de Rio Pardo, Rosilene dos Santos Paim, os valores recebidos em Rio Pardo da Lei Paulo Gustavo foram superiores a R$ 350 mil e tiveram alcance direto de 31 trabalhadores da área cultural – seis coletivos que desenvolverão projetos de audiovisual e três profissionais que vão ministrar cursos gratuitos para a comunidade.

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O trio central

Na trama, o menino Santiago, de 12 anos, está decidido a produzir seu primeiro filme na cidade onde vive, no interior do Rio Grande do Sul. O garoto, que possui uma perspectiva única e luta com uma deficiência visual, conta com o apoio dos amigos Inês e Tomás, de 11 e 13 anos, respectivamente. O intuito é vencer um concurso e receber uma câmera como prêmio.

Os três buscarão a ajuda do fotógrafo Gonçalo, tio de Tomás. Mesmo afastado da fotografia, desde que voltou a viver no interior, ele aceita orientar o trio. As crianças passam a percorrer a cidade tentando decidir que filme irão produzir. Os protagonistas são vividos por Aryel Silva, Emilly Schumacher e Henry Almeida, os três de 14 anos na vida real. O primeiro, personagem central, é morador do Bairro Parque São Jorge, em Rio Pardo, e faz sua estreia na sétima arte.

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Ainda tímido ao dar entrevista, contou que tem se dado bem nas gravações. “Tem sido uma experiência boa, muito divertida. Converso com meus colegas e eles acham legal. Aos poucos vou pegando experiência”, disse ele, que estuda na Escola Fortaleza, toca em banda e pratica karatê. Seu personagem foi criado somente pela mãe, Teresa, e não conheceu o pai, que foi embora antes de ele nascer. Nunca foi ao cinema, mas decide fazer o próprio filme.

Um dos cenários das gravações | Foto: Rafaelly Machado

Com sorriso marcante, a jovem Emilly, que também é rio-pardense e estuda no Colégio Romano Nossa Senhora Auxiliadora, detalhou um pouco de sua personagem. “Ela é a mais inteligente e mais certinha da turma. Está sendo uma experiência muito legal participar de um filme, sempre quis ser atriz”, comentou. Ela já participou de uma peça de teatro e de um curso de interpretação, além do espetáculo A Paixão de Cristo, que ocorre anualmente em Rio Pardo.

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Santa-cruzense, morador do Bairro Castelo Branco, Henry diz que realiza um sonho ao participar do filme. Contou que seu personagem é o amigo engraçado do grupo, sempre querendo fazer brincadeiras, mas sua personalidade muda quando algo acontece em sua vida. “Vim fazer o teste e fiquei muito animado quando fui selecionado”, salientou o menino, que estuda na Escola Leonel Brizola.

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Inspiração real

Ao contar a história de Santiago, garoto que convive desce o nascimento com uma síndrome que lhe fez ter redução visual em um dos olhos, o filme aborda a temática do bullying a partir de diferentes perspectivas: daqueles que sofrem, dos que cometem e mesmo dos que já passaram por um processo de amadurecimento e superaram isso.

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Entre as inspirações reais colocadas na produção está Miguel Rodrigues, de 23 anos, tio na vida real de Aryel Silva. Miguel tem ambliopia, problema que o faz ter a visão reduzida em um dos olhos e acomete o personagem do seu sobrinho no filme. “Fui diagnosticado ainda criança, hoje me acostumei. Fico feliz de inserir o Aryel nesse meio da cultura, pois me ajudou muito. Ele vem se dedicando e tem um grande futuro”, comentou o rapaz.

Miguel irá interpretar Santiago na fase adulta em uma das cenas. Na vida real, ajuda ao lado de sua mãe a criar o menino de 14 anos. O elenco de O Menino e a Baleia conta com 35 atores de cidades como Rio Pardo, Santa Cruz do Sul, Vera Cruz, Teutônia, Porto Alegre, Canoas e Viamão. Há ainda 25 figurantes. Um ponto interessante é que o roteiro flerta com obras nacionais, como, por exemplo, o livro Vidas secas, de Graciliano Ramos, que é uma dica para entender o título do filme.

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Um dos intuitos da produção é também valorizar os cenários de Rio Pardo. Cerca de 95% do filme se passa na Cidade Histórica. Diferentes pontos do município serviram e estão servindo de ambientação ao longa-metragem. O Centro Regional de Cultura serve como cenário para o fictício Colégio Estadual Iliana Rodrigues, onde se passa boa parte das cenas.

As cenas do pátio do colégio serão gravadas no Instituto Estadual Educacional Ernesto Alves. Bairros como o Fortaleza, Boa Vista e Parque São Jorge e pontos como a Rua da Ladeira também vão ser registrados. Duas cenas ainda devem ser filmadas em Porto Alegre e outra no Litoral. O objetivo é estar com o filme totalmente pronto em dezembro. Ainda não há uma data de lançamento, mas a diretora Letícia Mendes adianta que o longa-metragem deve participar de festivais.

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Cristiano Silva

Cristiano Silva, de 35 anos, é natural de Santa Cruz do Sul, onde se formou, na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), em 2015. Iniciou a carreira jornalística na Unisc TV, em 2009, onde atuou na produção de matérias e na operação de programação. Após atuar por anos nos setores de comunicação de empresas, em 2013 ingressou no Riovale Jornal, trabalhando nas editorias de Geral, Cultura e Esportes. Em 2015, teve uma passagem pelo jornal Ibiá, de Montenegro. Entre 2016 e 2019, trabalhou como assessor de imprensa na Prefeitura de Novo Cabrais, quando venceu o prêmio Melhores do Ano na categoria Destaque Regional, promovido pelo portal O Correio Digital. Desde março de 2019 trabalha no jornal Gazeta do Sul, inicialmente na editoria de Geral. A partir de 2020 passou a ser editor da editoria de Segurança Pública. Em novembro de 2023 lançou o podcast Papo de Polícia, onde entrevista personalidades da área da segurança. Entre as especializações que já realizou, destacam-se o curso Gestão Digital, Mídias Sociais para Administração Pública, o curso Comunicação Social em Desastres da Defesa Civil, a ação Bombeiro Por Um Dia do 6º Batalhão de Bombeiro Militar, e o curso Sobrevivência Urbana da Polícia Federal.

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Cristiano Silva

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