Um dos maiores gastos em residência ou empresa é com a fatura de energia elétrica. Com o avanço das tecnologias, tem aumentado o número de pessoas que passam a fazer o aluguel de energia solar pelo sistema fotovoltaico. A opção é realidade em Santa Cruz do Sul e na região.
A locação é uma modalidade em que o consumidor de energia faz o aluguel de um sistema de geração solar, de empresa especializada no ramo. A locadora pode ter as placas solares instaladas em um telhado ou em solo. Mara Schwengber, coordenadora estadual da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), frisa que a modalidade se apresenta como alternativa para quem não quer ou não pode investir em energia solar própria.
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“Desde 2015, quando surgiu o modelo de negócio na modalidade de consorcio e cooperativa, permitiu-se criar essa alternativa para a geração de energia compartilhada. Em 2023, foi adicionada a opção de associação. Ou seja, as pessoas que não têm como gerar a própria energia podem se reunir em um desses formatos para construírem a própria usina”, explica. A modalidade de locação é regulamentada no Brasil pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A locação é possível quando há associação, consórcio ou cooperativa que possui uma usina solar. A partir disso, as pessoas podem se associar para receber o benefício de desconto, na tarifa de energia. O modelo de assinatura é semelhante ao de uma plataforma de streaming ou conta de internet.
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“Não é instalado equipamento na casa da pessoa. Quando ela contrata o serviço, a empresa ou associação avisa a companhia elétrica, aqui a RGE, de que esse cliente aderiu ao sistema.” Com a adesão, o consumidor recebe mensalmente os créditos da usina contratada na fatura de energia elétrica, gerando o desconto. O consumidor poderá ter economia mensal na tarifa na ordem de 7% a 8% sem desembolso financeiro.
O que é necessário para dispor de uma usina
O cidadão que deseja ter uma usina para locar energia solar, primeiramente, precisa ter espaço para a instalação das placas solares. Esta pode ser feita ser um telhado, com no mínimo 300 metros quadrados livres, ou em solo, em um terreno com até 2 mil metros quadrados. Além disso, o local precisa ter conexão com energia elétrica trifásica.
O investimento financeiro é por meio de recursos próprios ou parcialmente financiado em um banco ou cooperativa que forneça esse tipo de crédito. “Há trâmites que o investidor precisa seguir, desde a construção até a aprovação da usina. A pessoa também terá que custear imposto sobre o serviço, manutenção, limpeza e outros, e receber acompanhamento de uma empresa especializada”, explica Mara Schwengber.
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Após instalado, a gestão é realizada pelas equipes especializadas. O investidor assina o contrato com uma das empresas responsáveis por fazer toda a gestão dos créditos e cobrança de aluguéis.
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O investidor poderá combinar com seus clientes a forma de como as pessoas podem alugar sua energia. Um exemplo é o valor das contas: o consumidor de baixa tensão, que paga energia para a RGE, poderá ver as possibilidades em que melhor se enquadra e o prazo que deseja para aderir ao sistema de locação.
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A partir da adesão, o usuário vai continuar pagando determinado valor para a concessionária de energia, com o desconto aplicado, e um boleto complementar para a empresa contratada para obter a redução do valor na fatura, com o uso de energia solar.
Sistema off grid
Outra forma de produzir energia limpa e economizar na fatura é com o sistema de geração própria, chamado de “off grid”. Ele é desconectado da rede elétrica e utiliza painéis solares e baterias para ser autossuficiente. O modelo é mais utilizado em áreas remotas, bombeamento de água ou em motorhomes.
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Também presente em residências ou empresas, o sistema ainda não tem capacidade para manter a energia necessária para todos os aparelhos, como o ar-condicionado. O off grid é mais empregado para atender o consumo em períodos de falta de luz, como durante adversidades climáticas.
O uso é permitido, mas está sendo regulamentado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Conforme Mara Schwengber, o custo dessa alternativa ainda é elevado. “Devemos ter uma entrada mais forte dessa tecnologia neste ano com a regularização, e com isso, uma redução nos preços.”
Em Vera Cruz, o técnico em eletrônica Álvaro Adriano Soares, 59 anos, já utiliza o off grid há três anos. Ele comprou o material pela internet, totalizando um investimento de R$ 18 mil. “É um inversor de três quilowatts e tem potência para abastecer minha casa. Fiz a instalação de quatro painéis solares e quatro baterias”, disse.
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Com o sistema, Soares ressaltou que tem custos apenas com a taxa da concessionária de energia e a manutenção do aparelho. “Tudo funciona aqui em casa, e quando ligamos um aparelho que utiliza mais energia, a rede elétrica é conectada automaticamente. Já aconteceu de o bairro ficar sem luz por horas, e nós tivemos energia por causa desse investimento”, comentou.
Saiba mais
Conforme a coordenadora estadual da Absolar, Mara Schwengber, um dos motivos para o assunto ganhar visibilidade é a queda do preço do silício, componente principal dos módulos. “A redução foi de 50% no preço da matéria-prima, ocasionando maior demanda na compra de placas solares.” Segundo ela, em Santa Cruz, 10% das unidades consumidoras aderem ao sistema de compensação, seja gerando sua própria energia ou apenas recebendo créditos. O investimento em uma usina gira entre R$ 100 mil a R$ 300 mil. “Ainda temos a construção de usinas de um megawatt, com investimentos de R$ 5 milhões a R$ 6 milhões.”
Em 2023, a Solled Energia, empresa de Santa Cruz, iniciou a construção de seis usinas, com instalação de 13,6 mil placas e geração total estimada em 8,4 WMP. Na região, três usinas vão ser instaladas em Candelária (área da RGE). Outras três estarão em Camaquã (região da CEEE Equatorial), com investimento de aproximadamente R$ 30 milhões.
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