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Literatura

Livros relatam ameaças à humanidade

A pandemia do coronavírus, como foi classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), confronta a humanidade com uma ameaça em escala global. Para uma sociedade tão ufanista e tão ciosa de suas criações e de seus avanços tecnológicos em todas as áreas, bem como tão convicta de que dinheiro, patrimônio e riquezas garantem imunidade e blindagem contra todo o tipo de adversidade ou obstáculo, parece uma queda brusca e traumática num outro real.

O real da natureza, onde o ser humano é apenas um (não necessariamente o mais rapidamente adaptado) espécime. Outros, dos quase invisíveis aos completamente invisíveis e aos absolutamente imprevisíveis, seguem atuando, como sempre ocorreu. E essa dura verdade a filosofia e as artes, entre as quais a literatura, sob o fermento da imaginação e da intuição, já enunciaram em mais de uma ocasião. O único contratempo é que, uma vez que a maioria das pessoas reluta em ler ou se esquiva de compreender, boa parte da população sempre permanece ignorante das mais elementares advertências.

Dentre centenas ou milhares de obras que lançaram o alerta recente sobre o descalabro e o descaminho da sociedade em seu avanço frenético sobre recursos naturais e na dilapidação do planeta, o biólogo e fisiologista norte-americano Jared Diamond, 82 anos, da altura de sua experiência e de sua erudição, sintetizou no livro Armas, germes e aço as três grandes vias pelas quais o mundo muda de forma. O texto, lançado de forma original em 1997, está disponível no Brasil em edição da Record, inclusive em recente versão, de 2017, comemorativa aos 20 anos de publicação.

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Pelas armas e pelo aço, reinos e territórios foram conquistados e infraestrutura foi erguida. Mas pelos germes, sutis e invisíveis, populações foram dizimadas, impérios ruíram da noite para o dia, e patrimônios trocaram de mãos. De algum modo, em tempos críticos e de grandes infestações dos mais variados microorganismos, plantações tornaram-se improdutivas e criações pereceram – e, com elas, civilizações inteiras. Eis uma bela leitura para nos advertir da fragilidade e da suscetibilidade de nossos conceitos e de nossos bens, inclusive o próprio organismo – e a vida.

Lições
Em outra vertente, mais um teórico referencial da atualidade, de geração bem mais nova, o historiador, filósofo e escritor israelense Yuval Noah Harari, 44 anos, compartilhou com os leitores de todo o planeta, em 2018, o volume 21 lições para o século 21, obra no Brasil editada pela Companhia das Letras. Harari já é best-seller por conta de dois de seus textos anteriores, situados dentre os mais vendidos no mundo todo, Sapiens, uma breve história da humanidade, de 2014 (que chegou ao Brasil pela L&PM, em 2015), sobre a trajetória da nossa espécie dos primórdios até os tempos atuais; e Homo Deus, uma breve história do amanhã, de 2016, por aqui já sob o selo da Companhia das Letras. Neste, em especial, advertira para o paradoxo da condição humana, que, ao mesmo tempo em que conhece mais e se especializa, segue lidando com o inaudito e o imprevisível da fragilidade da vida, sempre ameaçada de acabar em questão de segundos.

Em 21 lições para o século 21, em mais de uma oportunidade ele alerta para o fato de que, infelizmente, para pessoas, para povos e nações, há elementos na natureza, no ecossistema, que subjugam e derrubam todas as certezas, todas as convicções. Uma das principais é a disseminação de doenças e de epidemias que, em questão de dias, e totalmente imprevisíveis, provocam milhares ou milhões de mortes. É mais uma dessas reflexões que podem servir, se não como antídoto, ao menos como tomada de consciência, serena e adulta, sobre a condição humana. Ainda mais em momentos nos quais, por força de reclusão ou de quarentena, temos tempo para ler – para o que, em geral, arranjamos todas as desculpas em dias normais.

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Fichas

Armas, germes e aço, de Jared Diamond. Tradução de Sílvia de Souza Costa, Cynthia Cortes e Paulo Soares. Rio de Janeiro: Record, 476 p. R$ 51,00.
21 lições para o século 21, de Yuval Noah Harari. Tradução de Paulo Geiger. São Paulo: Companhia das Letras, 2020. 446 páginas. R$ 59,90.

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