O dia 28 de novembro de 2016 ficou marcado na memória dos brasileiros, como uma data pungente na história do esporte. Naquela noite, a aeronave que cumpria o voo 2933 da empresa LaMia caiu em La Unión, no departamento de Antioquia, imediações do Aeroporto Internacional José Maria Córdova, na Colômbia. O avião levava atletas, equipe técnica e diretoria da Associação Atlética Chapecoense, além de profissionais da imprensa, que se deslocavam para uma partida contra o Atlético Nacional, na final da Copa Sul-Americana. Das 77 pessoas a bordo (incluindo pilotos e a equipe de comissários), 71 morreram. Pouco mais de três anos decorridos do acidente, um livro lançado em janeiro afirma os laços que se fixaram, a partir da tragédia, entre brasileiros e colombianos, em especial entre as cidades de Chapecó e de Medellín.
A obra Chapecó e Medellín: unidas para sempre é de autoria do prefeito da cidade catarinense, o gaúcho Luciano Buligon (à esquerda na foto), e do jornalista Paulo Hoeller. Busca resgatar, por meio de depoimentos e da fixação de diversos aspectos dos bastidores, associados aos momentos de comoção que se seguiram ao acidente, a corrente de solidariedade que se formou entre os dois países. Em 230 páginas, o volume é estruturado em 20 capítulos, acrescidos de ilustrações e gráficos. Por decisão dos autores e dos organizadores, os recursos obtidos com a venda dos primeiros mil exemplares serão destinados à Fundação Vida, organização social que passou a dar suporte às famílias das vítimas do acidente.
Na condição de prefeito de Chapecó, Buligon narra em primeira pessoa, em formato de testemunho, a dor e a comoção de ter de conduzir os trâmites oficiais no município sede da Chapecoense, que perdeu seu grupo de profissionais e de dirigentes em decorrência da tragédia. Natural de Tenente Portela, no Rio Grande do Sul, Buligon radicou-se em Chapecó em 1993, ali constituindo família e firmando a trajetória profissional e política, além de ter passado a ser torcedor da Chapecoense. Formado em Direito pelo Centro Universitário da Região da Campanha (Urcamp), de Bagé, elegeuse prefeito em Chapecó em 2016, e cumpre o último ano dessa gestão.
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O depoimento em forma de livro, organizado e estruturado pelo jornalista Paulo Hoeller, natural de Chapecó e que hoje trabalha em Florianópolis, é entendido como forma de compartilhar com o público a sintonia estabelecida entre organismos, entidades, instituições e personalidades do Brasil e da Colômbia. As nações uniram-se para dar suporte e conforto a parentes das vítimas e aos que se encarregaram dos trâmites de resgates, translados e acolhimento.
Em 2017, Hoeller passou a recolher depoimentos inéditos de Buligon, em sucessivas entrevistas. A partir desse material, em 2018 decidiram-se pela publicação de um livro com esses relatos, aos quais o jornalista agregou informações reunidas em pesquisas sobre o tema, tanto no Brasil quanto na Colômbia. A obra é prefaciada por Julio Glinternick Bitelli, diplomata e embaixador do Brasil na Colômbia entre 2016 e 2019, na época da tragédia. No relato, transparece a firmeza dos laços que se formaram entre os dois países a partir dessa ocorrência. Na fatídica noite, a aeronave caiu no chamado Cerro Gordo, que depois foi renomeado para Cerro Chapecoense, em homenagem ao clube que ali teve vitimado seu grupo de atletas e de dirigentes.
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