Cultura e Lazer

Livro resgata memória dos primeiros imigrantes sepultados em cemitério evangélico

O clima foi de festa em Alto Linha Santa Cruz nesse domingo, 21, durante o lançamento do livro Primeiro cemitério evangélico comunitário de Santa Cruz do Sul. Mais de 350 pessoas lotaram o pavilhão da Comunidade Evangélica para a celebração. Durante o evento, a Associação Cultural, Recreativa, Esportiva e Social (Acres) da Juventude Evangélica de Alto Linha Santa Cruz (Jealisc) vendeu cerca de 80 exemplares da obra, que resgata a memória do espaço que completou 150 anos na data de lançamento da publicação.

Também foram distribuídos livros às pessoas e entidades que contribuíram financeiramente com o projeto. Em meio à festividades, os autores, os pastores Elio Schef-fler e Regene Lamb – que atuaram junto à comunidade entre 2011 e 2018 – autografaram as cópias e conversaram com os leitores. Conforme Scheffler, dedicaram-se quase integralmente à obra nos últimos dois anos. “Foi um trabalho árduo. Por isso, ficamos muito emocionados com a receptividade das pessoas”, afirmou.

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Com 160 páginas, a publicação traz fotografias das lápides de cemitério – 105 ao todo – e a tradução em português dos epitáfios escritos em alemão gótico. E, por meio de registros da igreja, foram buscados os motivos das mortes. Para levantar as informações, os pastores tiveram a colaboração de Claudio Kistenmacher, Rogério Harz e Rosane Niedersberg. “Foram feitas muitas pesquisas pelos museus de Santa Cruz e até na Alemanha”, afirmou Scheffler.

Regene destacou que, com o livro, familiares das pessoas sepultadas no local poderão descobrir a história dos seus antepassados. “Muitos nem sabiam que seus parentes haviam nascido na Alemanha. Agora, eles têm acesso a essas informações e podem continuar a pesquisar mais sobre eles”, enfatizou.

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A presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), pastora Silvia Genz, veio de Porto Alegre para participar do evento. Para a santa-cruzense, a publicação do livro é um resgate histórico importante, contribuindo para que as novas gerações ajudem a preservar o espaço. “É notável o trabalho de mobilização da comunidade de Alto Linha Santa Cruz na preservação de sua história”, afirmou.

Conforme o presidente da Acres, Rogério Harz, o livro também valoriza a iniciativa do grupo de jovens que, em 1989, passou a realizar a restauração do cemitério. “Ele estava totalmente abandonado e dominado pelo mato. Graças a eles, temos este espaço recuperado e pronto para receber visitantes interessados em conhecer a nossa história”, afirmou. E com a venda da obra, terão recursos para manutenções futuras no local, de maneira a garantir sua preservação.

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“A história dos meus antepassados não vai se perder”

A diretora da Escola de Língua Alemã Auf gut Deutsch, Jaqueline Bender, foi até a comunidade de Alto Linha Santa Cruz para participar do evento. Acompanhada de seu pai, Armindo Bender, de 79 anos, conferiu um pouco mais sobre a história de seus antepassados. Entre eles, Daniel Bender, bisavô de Armindo. Natural da Alemanha, faleceu em 1905 em Rio Pardinho, aos 77 anos. Para a educadora, a inclusão do parente na obra foi motivo de emoção. “Esse resgate é muito importante. Com ele, a história dos meus antepassados e de outros não vai se perder.”

Jaqueline Bender e o pai, Armindo: obra que conta a história de seus antepassados

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Julian Kober

É jornalista de geral e atua na profissão há dez anos. Possui bacharel em jornalismo (Unisinos) e trabalhou em grupos de comunicação de diversas cidades do Rio Grande do Sul.

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