Cultura e Lazer

Livro resgata a história do cemitério de Alto Linha Santa Cruz

A Associação Cultural, Recreativa, Esportiva e Social (Acres) da Juventude Evangélica de Alto Linha Santa Cruz (Jealisc) apresentou na tarde dessa segunda-feira, 15, o livro sobre o cemitério da Comunidade Evangélica de Alto Linha Santa Cruz, um dos mais antigos do município, de caráter comunitário e que se encontra preservado. Os responsáveis pela pesquisa e escrita são os pastores Elio Scheffler e Regene Lamb, que estiveram à frente da comunidade entre 2011 e 2018 e agora seguem colaborando de forma voluntária.

De acordo com Regene, o objetivo da publicação de 160 páginas é preservar a memória do local, que completa 150 anos em 2024. Para tanto, todas as lápides foram fotografadas e seus epitáfios – escritos em alemão gótico – traduzidos para o português. “Uma vez um grupo de confirmandos me perguntou o que estava escrito ali, então entendi que uma das minhas tarefas seria tornar aqueles textos acessíveis para todos que têm interesse”, explica. Além disso, os autores buscaram os registros da igreja para tentar descobrir os motivos das mortes.

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Ela afirma que esse resgate também é importante para lançar luz sobre as mulheres e as crianças, que exerceram papéis fundamentais na criação e consolidação das colônias, enquanto os monumentos são alusivos apenas aos homens. “Até mesmo nos livros constam somente os nomes dos homens, então o cemitério é uma fonte histórica para abordar isso.” Regene lembra que não existiam cartórios naquela época, de modo que os únicos registros eram os feitos pelos pastores, ainda que a igreja Luterana não fosse reconhecida no Brasil.

Ela recorda ainda o sofrimento dessas mulheres e crianças em uma época onde praticamente não havia assistência médica durante a gestação e na hora do parto, que comumente era realizado em casa. “Temos aqui o túmulo de uma mulher de sobremome Beckenkamp que teria sido a primeira parteira da colônia e ajudou depois as demais”, conta.

Entre 105 sepulturas existentes no local, mais de 30 são de crianças, entre elas a mais antiga, datada de 1874 e pertencente a Susana Weber. Ela tinha apenas 4 anos e 4 meses de idade quando morreu.

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Lançamento será no domingo

O lançamento oficial do livro ocorrerá no próximo domingo, no próprio cemitério. Além dos autores e autoridades locais e regionais, a cerimônia, com início marcado para as 9h30, terá a presença do Coral Cruzeiro do Sul e da presidente nacional da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (Ieclb), a santa-cruzense Silvia Beatrice Genz. Depois, já no pavilhão, ocorrerá a distribuição dos exemplares aos apoiadores. Interessados em adquirir a obra podem contatar o presidente da Acres, Rogério Harz, pelo telefone (51) 99997 7001.

Interesse da comunidade motivou a pesquisa sobre o local

Quando assumiu a Paróquia de Monte Alverne, em 2011, o pastor Elio Scheffler também passou a ser responsável pela Comunidade Evangélica de Alto Linha Santa Cruz. Durante os trabalhos com a Jealisc, ele conta que foi surpreendido pela atuação dos membros para preservar o cemitério e o seu interesse em conhecer o passado. “Isso me fascinou, pois em todos os lugares onde trabalhei, eu nunca tinha visto um grupo de jovens se interessar tanto em conhecer a história dos seus antepassados”, recorda.

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A partir disso, mobilizou não apenas o grupo mas toda a comunidade para arrecadar fundos e auxiliar nas ações de restauro dos túmulos. Além disso, o local recebeu um novo acesso, piso, ajardinamento e canalização de água, entre outras melhorias.

Publicação ajuda a resgatar a memória dos primeiros colonizadores de Santa Cruz | Foto: Alencar da Rosa

Ele agradeceu a todos os patrocinadores e pessoas que de alguma forma auxiliaram no trabalho de levantamento das informações e/ou no financiamento da publicação. “Eu fico muito grato e feliz porque é um livro histórico que pode servir para pesquisas de genealogia, universidades e outras. É uma fonte oficial.”

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Iuri Fardin

Iuri Fardin é jornalista da editoria Geral da Gazeta do Sul e participa três vezes por semana do programa Deixa que eu chuto, da Rádio Gazeta FM 107,9. Pontualmente, também colabora nas publicações da Editora Gazeta.

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