O primeiro sinal veio em 2005: o jornalista George Alonso sentiu uma ligeira dificuldade para caminhar, como se algo “travasse” o passo, especialmente o do pé esquerdo. Depois vieram as dores, especialmente naquela perna, que o impediam de ficar sentado durante muito tempo. Uma peregrinação por médicos só terminou no ano seguinte, quando surgiu o diagnóstico certo: doença de Parkinson, distúrbio no sistema nervoso que diminui a produção de dopamina, neurotransmissor que, entre outras funções, controla os movimentos.
A forma com que Alonso vem lutando contra a doença degenerativa desde então inspirou a escrita do livro Os últimos dias antes dos próximos (Editora Referência), relato sincero sobre sua jornada. “Comecei a escrever como um desabafo”, conta o jornalista, que decidiu publicar a obra ao perceber que existe muita desinformação sobre a doença, a qual ele passou a chamar de “Fera”.
Em suas pesquisas, Alonso descobriu mais detalhes sobre como duas personalidades, o ator Michael J. Fox e o pugilista Muhammad Ali (1942-2016), lidaram com a enfermidade. Suas reações são distintas – sobre o fato de Fox ter dito que, em certos dias, não parava de rir de seus sintomas, como a tremedeira das mãos, Alonso é taxativo: “Sinceramente, não consigo rir, até porque não são aparentes”. E acrescenta: “Como não tenho tremor, ninguém percebe. Agora, levo alguns tombos que ninguém espera”.
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Já o fato de Ali ter convivido 32 anos com a doença é animador. “Pode surgir algum tratamento, mais eficaz, ou até mesmo a cura”, diz ele que, em 2015, implantou o Deep Brain Stimulation (DBS), uma espécie de marca-passo cerebral que inibe os efeitos do Parkinson. Com isso, Alonso voltou a pintar, uma paixão antiga. “Acho que, sem pintar, talvez pudesse ficar com depressão, porque tenho todo o tempo livre. É um megaexercício mental”, conta ele, influenciado por Kandinski, Volpi e Tarsila do Amaral.
Até quando
“Inicialmente, era uma forma de desabafo pessoal. Meu grande receio foi, além de expor minha vida, escrever um livro que fosse chato e caído”, afirma George Alonso. Passou longe. George diz que ainda pairam muitas incógnitas sobre a doença. “Há quem diga que ela é uma herança familiar; outros que a causa é a dor emocional de situações traumáticas, que aumentariam a produção de uma substância que mata as células nervosas responsáveis pelo controle dos movimentos.”
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