O escritor e jornalista Felipe Kuhn Braun, de 33 anos, morador de Novo Hamburgo, lançou seu 21º livro, mais um que retrata a história de famílias de descendentes de alemães. A obra As noivas de preto retrata especialmente as noivas das “velhas colônias”, moradoras das regiões dos vales dos rios Pardo, Taquari, Caí e Paranhana, e de algumas localidades da Serra Gaúcha, como Nova Petrópolis e Picada Café, e as das Missões gaúchas e argentinas.
Do acervo de 250 fotografias de noivas de preto que Braun reuniu, após visitar 750 famílias distribuídas nos três estados do Sul do Brasil e no Paraguai, bem como da Alemanha e de Luxemburgo, 111 foram selecionadas, identificadas e publicadas em seu livro. “A maior parte das imagens não continha inscrições e foi encontrada em sótãos, gavetas de armários antigos, dentro de caixas ou no fundo de velhos baús. A maioria dos retratados eram avós, bisavós de pessoas que hoje têm uma idade considerável e contribuíram para contar a história de seus antepassados”, esclarece o escritor.
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A obra, de 85 páginas, aborda desde o “Direito de Primeira Noite” (ou ius prima nox, vulgarmente conhecido como Direito de Pernada) – que dava ao senhor feudal a permissão para dormir com a noiva de seu vassalo, pela primeira vez, antes do casamento – até o casamento por luto (em razão do falecimento de um parente próximo), como explica Braun.
“Da Idade Média ao início do século 20, noivas de origem germânica se casavam vestidas de preto. A explicação vai desde questões de ordem econômica, ou em que não era possível usar o vestido branco, até outros ambientes em que o preto, por ser mais formal e elegante, foi por muitos séculos o traje predominante”, conta.
“Naquela época, também ocorria que os senhores feudais, principalmente no Leste europeu, tinham o ‘direito à primeira noite’. O senhor feudal tinha o direito de dormir com a noiva do seu vassalo (empregado) uma noite antes do casamento. Como forma de luto, e para contestar, as mulheres se vestiam de preto”, explica. Quando os alemães chegaram ao Sul do Brasil, apesar de o feudalismo há muito tempo estar extinto, o preto se manteve como um hábito cultural duradouro.
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O depoimento de uma centenária
Uma das histórias mais recentes publicadas na obra é a de Addy Sander, que se casou em 12 de julho de 1941 com Edivino Von Hohendorff. Moradora de Igrejinha, e atualmente com 102 anos, ela contribuiu contando histórias dos tempos antigos e permitiu a digitalização do acervo fotográfico da família, em especial de seu casamento. A foto registra uma das últimas noivas a casar vestindo preto de que o historiador tem conhecimento, já que as outras imagens remetem à década de 1930.
O livro também trata das origens remotas desse costume, da transformação num hábito cultural, a realização desses casamentos no outro lado do Atlântico, para onde as famílias emigraram a partir do início do século 19, e a perpetuação desse costume até a década de 1940. Além disso, faz um apanhado das dificuldades encontradas na Europa, da migração como alternativa, dos problemas enfrentados na América, do crescimento das famílias e das novas migrações.
Em todos esses períodos, as publicações são atestadas por meio de documentos, bibliografia e fotografias. Com as restrições da pandemia, o livro As noivas de preto, assim como o Famílias teuto-brasileiras: história e genealogia, lançado no ano passado, que traz mais de 4 mil nomes de imigrantes de 22 famílias de origem germânica do Sul do País, ainda não tem data de lançamento marcada. Contudo, as obras podem ser obtidas diretamente com o escritor pelo WhatsApp (51) 99971 1456 ou pelo e-mail [email protected].
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