De onde vem a inspiração para escrever tantas histórias? De todas obras, qual é a sua preferida? Se fosse indicar uma delas para os jovens, qual seria? Essas foram só algumas das perguntas que permearam a live com Pedro Bandeira, em alusão aos 40 anos da Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo, município que é conhecido como a Capital Nacional da Literatura.
O evento on-line, realizado nesta quinta-feira, 26, relembrou uma das maiores festas literárias da América Latina, trazendo à tona a energia dos leitores, que viram e escutaram o escritor, como uma forma de alento a esta época tão difícil de pandemia de coronavírus. O tema da live foi “Travessias e travessuras pela narrativa infantil e juvenil”.
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Em 1981, o Brasil via nascer uma movimentação cultural inédita de formação de leitores, envolvendo multidões preparadas para os encontros com a leitura prévia das obras dos autores convidados. Essa dinâmica passou a ser a essência dos encontros entre leitores e autores. “A leitura era o objetivo e os leitores eram a energia dos encontros”, salientou uma das coordenadoras das Jornadas Literárias, professora da Universidade de Passo Fundo (UPF), Dra. Fabiane Verardi, fazendo também uma referência aos idealizadores da Jornada, a professora Tania Rösing e o escritor Josué Guimarães, que iniciaram toda essa movimentação literária.
Quatro décadas após a criação, com muitas transformações e desafios ao longo dessa trajetória, a Jornada ainda traz o sentimento de esperança à nação por meio da cultura, que também mobilizou o nascimento do evento nos anos 1980. “Passados 40 anos, a Jornada encontra um país com outras – e enormes – dificuldades não havendo possibilidade sanitária dos encontros de outros tempos. Ao mesmo tempo, uma crise financeira sem precedente abate toda a sociedade brasileira, mas isso não impede uma merecida homenagem às Jornadas”, ressaltou o também coordenador das Jornadas, professor da UPF, Dr. Miguel Rettenmaier.
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E um dos autores que acompanhou essa trajetória das Jornadas Literárias, participando e sendo autor homenageado, é Pedro Bandeira, que também tem como essência a formação de leitores. “Passo Fundo entrou no mapa do Brasil muito mais pela cultura e pelo amor à educação e à literatura do que por outros feitos. Esse evento se abriu para o mundo e passou a ser respeitado internacionalmente. Eu me sinto honrado de poder estar falando, porque acompanhei esses 40 anos”, declarou o escritor, que escreve há quatro décadas para crianças e adolescentes e acumulou mais de 100 livros e 25 milhões de exemplares vendidos até 2020, sendo o autor de literatura juvenil mais vendido no Brasil.
“Melhor amigo da humanidade é o livro”
Não há como falar em Jornadas sem abordar a importância do livro na formação humana. “A Jornada sempre foi uma atividade de carinho, de amor, de aproximação, de leitura e de alegria. O melhor amigo da humanidade é o livro. Quem lê um livro nunca estará só. Quem lê tem o psicólogo nas vozes dos autores”, afirmou Bandeira.
O escritor também destacou que a família tem um papel importante como incentivador da leitura dos seus filhos. “Muitos dos nossos filhos não têm incentivo em casa, não veem mamãe e papai lendo um livro, então, às vezes, chegam na escola zerados em termos culturais e a escola tem que inocular em seu sangue tudo em termos de cultura”, observou o autor, destacando, ainda, que “muitas vezes, o pai se sacrifica pra comprar roupa, tênis de grife pro filho, mas reclama quando a professora pede para comprar um livrinho. Acha mais importante investir no pé da criança do que na cabeça dela”.
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Leitores próximos do autor
A live reuniu muitos estudantes e professores das escolas municipais e da rede privada da região Norte do Rio Grande do Sul. “Sou egressa da UPF, tive o imenso prazer de participar dessa festa literária que é a Jornada. É uma honra ouvir um autor que faz parte da minha formação leitora. Cresci lendo o Pedro e seus livros estão sempre nas minhas aulas. Dividir essa paixão com meus alunos é muito emocionante”, declarou a professora do Instituto Menino Deus de Passo Fundo, Lissara Kauane Delphino Alves, formada em Letras pela UPF, que fez questão de transmitir em sala de aula a live do escritor.
E os leitores se declararam para o autor. “O primeiro livro que eu li foi ‘A droga da obediência’. É um prazer poder dizer isso a todo mundo, porque na época não entendia a importância que isso teria no decorrer da minha vida, mas hoje, ouvindo esse homem incrível falar ao vivo pela primeira vez, me emociona e me deixa muito feliz. Muito obrigada, Pedro bandeira”, revela a estudante do nono ano do Instituto Menino Deus, Ana Luísa Lemes Alves, 14 anos.
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Algumas escolas reuniram mais de 20 turmas para acompanhar a live. Foi o caso do Colégio Notre Dame. “Os estudantes se emocionaram e se prepararam para essa live, porque em 2013 o escritor esteve na nossa escola. Então, os alunos, na época, estavam no primeiro ano do ensino fundamental e agora estão no nono. Trouxeram as fotos e os livros autografados da época. Foi emocionante trazer essas memórias afetivas neste caminho da literatura”, comenta a professora do nono ano do colégio, Fátima Cristina dos Passos Cunert.
Live “Jornadinha 20 anos”
“Jornadinha 20 anos: histórias para contar” foi o tema da live realizada durante a tarde com Cássio Borges, do Sesc/RS, que é contador de histórias, mediador de leitura e músico. Ele promoveu uma contação de histórias com a educação infantil da Rede Municipal de Educação de Passo Fundo. Cássio utilizou a obra A cicatriz, de Ilan Brenman, e Contos de adivinhação, de Ricardo Azevedo, dois escritores que já estiveram na Jornada.
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