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Entenda os motivos e impactos da alta da gasolina, que se aproxima de R$ 6 o litro

O preço da gasolina subiu pela sexta vez no ano. A nova alta é de R$ 0,23 por litro e passou a valer nessa terça-feira, 9, nas refinarias da Petrobras. A estatal vende o litro por R$ 2,84. Em Santa Cruz do Sul, conforme pesquisa do Procon divulgada na tarde dessa terça, o preço médio da gasolina comum estava em R$ 5,85, enquanto a aditivada ficou em R$ 5,99.

A explicação para a alta é a pressão dos preços do petróleo e derivados no mercado internacional, além do corte de produção nos países exportadores. Apesar disso, a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) argumenta que o aumento ainda não equipara os valores da Petrobras em relação ao Preço de Paridade de Importação (PPI), ancorado nas variações do mercado internacional.

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O câmbio elevado é outro fator a contribuir com a alta. O dólar fechou cotado a R$ 5,80, ainda na esteira da repercussão da decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, de anular todas as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Justiça Federal do Paraná relacionadas às investigações da Operação Lava Jato. No mês, a moeda norte-americana acumula avanço de 3,11%, e no ano, de 11,40%.

Segundo o doutor em Economia Silvio Cezar Arend, o aumento nos combustíveis é transferido para o custo do transporte, com impacto imediato no transporte coletivo, táxis, aplicativos e frete. “O efeito não é localizado. Afeta toda a cadeia econômica. No transporte coletivo, por exemplo, a conta é dividida por menos usuários, já que a demanda foi reduzida por restrições da pandemia e outras opções de mobilidade”, explicou.

O câmbio é outro item para influenciar os preços de forma geral. “O real desvalorizado faz o custo da matéria-prima subir. A farinha de trigo é um exemplo. Quando sobe, inflaciona o preço do pão, das massas, dos biscoitos. Contribui para piorar a situação do orçamento familiar”, relatou Arend.

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De acordo com o presidente do Sindigêneros Vales do Rio Pardo e Taquari, Celso Müller, o varejo busca segurar o repasse no aumento para não frear o consumo. “Não podemos deixar a situação mais difícil do que está. Ainda estamos em posição melhor em relação a outros países que enfrentam crises terríveis”, comentou.

Conforme Müller, outras questões precisam ser levadas em consideração. “O combustível não é o maior dos problemas. Temos coisas bem piores no Brasil, como decisões e ideias. Precisamos pensar positivo e confiar que amanhã será melhor.”

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Conforme o Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Estado (Sulpetro), o preço é livre em todas as etapas da cadeia do setor. A entidade adverte, no entanto, que está ficando cada vez mais difícil a situação econômica do segmento varejista de combustíveis, pois as constantes elevações geram redução de vendas, maior necessidade de capital de giro e incertezas na administração de estoques de produtos.

“Os postos já estão atravessando muitas dificuldades e precisam estar muito atentos a todos detalhes de seus negócios para não sucumbirem em tempos tão desafiadores”, diz nota divulgada pelo sindicato.

O Sulpetro comunicou também que não tem como fazer nenhuma previsão sobre os preços a serem praticados, mas entende que somente uma efetiva reforma tributária poderá alterar este cenário. “Somada a isto, a estabilização da economia poderia fazer com que o dólar não fosse tão valorizado (grande responsável pelas elevações atuais), evitando o aumento do preço do barril de petróleo no mercado internacional”, defende a entidade.

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Isenção diluída

A isenção de PIS e Cofins sobre o óleo diesel e o gás de cozinha (GLP), decretada pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 1º , não foi suficiente para compensar os aumentos. O corte nos impostos baixou o litro do diesel em R$ 0,31 e o botijão de gás em R$ 2,18, na média. No caso do gás, considerando os dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a alta neste ano já foi de R$ 5,53 (de R$ 75,30 no fim de dezembro a R$ 80,83 em fevereiro, o que equivale a aumento de 7,34%). Isso dá R$ 3,35 a mais que o desconto do imposto. Já o litro do diesel subiu R$ 0,55 desde o início do ano (de R$ 3,63 para R$ 4,18, ou 15%). Isso representa R$ 0,24 a mais do que a isenção de PIS e Cofins, conforme a ANP.

“Entre o mar e o rochedo”

Em entrevista à Rádio Gazeta, Alaor Canêz, diretor regional do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no Estado (Setcergs), disse que o reajuste do diesel prejudica o segmento de cargas e interfere em praticamente todos os setores. “O aumento do diesel neste ano já chegou a 40%. Está ficando difícil, todos os segmentos tentando reduzir custos. Já vínhamos achatados, sem repassar reajuste na região por conta da pandemia. Agora a situação tornou-se incontrolável. Tudo está inflacionado”, sublinhou.

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Além do combustível, os serviços e itens de manutenção dos caminhões ficaram mais caros, até pela situação precária das principais rodovias. Outras questões também influenciam nas despesas, como IPVA e pedágios.

Para Canêz, o momento atual é pior em relação ao período que culminou na greve dos caminhoneiros, em maio de 2018. “Mais de 75% do transporte no Brasil é via caminhões. A classe está entre o mar e o rochedo. Não sabe para que lado correr. A nossa classe política precisa olhar para dentro do País e se unir. A situação da pandemia estaria bem melhor se não estivessem brigando, cada um tentando puxar para o seu lado”, argumentou.

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