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Lissi Bender: Unser täglich Brot – Pão nosso de cada dia

Por Lissi Bender
Pesquisadora e escritora
lissibender@gmail.com

A cultura do pão chegou ao Brasil durante o século 19, como parte dos hábitos alimentares de imigrantes europeus. Para a nossa região, chegou pelas mãos dos imigrantes alemães. Cevada, aveia e centeio eram as farinhas que conheciam. Aqui conheceram o milho e, na carência dos cereais a que estavam acostumados, o pão passou a ser feito com farinha de milho branco. O viajante Robert Avé-Lallemant, em suas andanças pelo solo rio-grandense, foi recebido com pão: “O pão de farinha de milho misturada com um pouco de farinha de centeio é excelente; uma senhora da colônia faz com essa farinha bolinhos e pãezinhos” (Avé-Lallemant, 1858, p. 136).

Pão para os alemães é tão importante que dificilmente existe no mundo outro país com tanta variedade e com tantas padarias. Eu costumo brincar dizendo que lá há uma padaria em cada esquina, assim como aqui há uma farmácia em cada esquina.

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Pão não somente está presente em duas das três principais refeições dos alemães, como também está na sua linguagem popular, por meio de diversos provérbios, expressões idiomáticas. Vejamos alguns:

Brot essen lernt sich leichter als Brot verdienen. Aprender a comer pão é mais fácil do que ganhar pão (ganhar o sustento).

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Krümel sind auch Brot. Grumos também são pão. Esse ditado alemão lembra de um outro ditado: Wer das Kleine nicht ehrt, ist das Gro e nicht wehrt – Quem não honra o que é pequeno não merece o que é grande. Esses provérbios remetem para a parcimônia alemã.

Salz und Brot machen Wangen rot. Sal e pão fazem faces ficarem rubras.

Aqui se diz: Brotkruste ou Brotkoscht macht die Backen rot. Casca de pão faz as bochechas ficarem rubras.

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Outra expressão muito comum em solo alemão: Kein Brot ist hart. Kein Brot, das ist hart. – Nenhum pão é duro. Sem pão (a falta de pão), isto é duro.

Brot essen ist keine Kunst, aber Brot backen. – Comer pão não é arte, mas fazer pão. Esse provérbio alemão enaltece a cultura da feitura do pão, considerando-a uma arte.

Ein Haus ohne Frau, ist wie Brot ohne Butter. – Uma casa sem mulher, é como um pão sem manteiga. A manteiga confere mais sabor ao pão, não é mesmo?

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Liebe ist wie das tägliche Brot: immer gleich und doch immer wieder anders. – Amor é como o pão de cada dia: sempre o mesmo, mesmo assim, sempre diferente. Concordam?

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Também grandes nomes da literatura alemã se referem ao pão. Eis alguns aforismos.

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De Rainer Maria Rilke, um de meus poetas preferidos: “Es gibt Augenblicke, in denen eine Rose wichtiger ist als ein Stück Brot.” – Há momentos na vida em que uma rosa é mais importante do que um pedaço de pão. Já vivenciaram um momento especial assim?

“Denn wäre nicht der Bauer, so hättest du kein Brot.” – Pois se não fosse o agricultor, tu não terias pão. Essa citação vem do estudioso da botânica e poeta do romantismo alemão, Adelbert von Chamisso.

“Die Kunst ist zwar nicht das Brot, aber der Wein des Lebens.” – A arte pode não ser o pão, mas é o vinho da vida. Do escritor e poeta Jean Paul, cuja obra se encontra entre o Classicismo e o Romantismo.

E para finalizar, um excerto do poema Wein und Brot/Vinho e pão, do renomado poeta do Romantismo, Ludwig Uhland, de Tübingen.

“Solche Düfte sind mein Leben,
Die verscheuchen all mein Leid:
Blühen auf dem Berg die Reben,
Blüht im Thale das Getreide.”

“Tais aromas são minha vida,
Espantam todo meu penar.
Florescem os vinhedos na montanha,
Floresce no vale o cereal.”

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