A terça-feira, 3, foi marcada por debates em torno da temática ESG, sigla em inglês para Environmental, Social e Governance, que, em tradução para o português, significa Meio Ambiente, Social e Governança. O evento ESG Experience: buscando novos valores para negócios reuniu cerca de 160 participantes no auditório do Memorial da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). O principal objetivo foi a disseminação das práticas de ESG no meio corporativo.
Promovido pela Associação Comercial e Industrial de Santa Cruz do Sul (ACI), em parceria com Unisc, Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Sebrae/RS e Gazeta Grupo de Comunicações, o evento começou às 8 horas com recepção e credenciamento. O presidente da ACI, César Cechinato, também secretário municipal de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade, deu início às apresentações.
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Ressaltou a participação dos painelistas de diversos segmentos empresariais que, na ocasião, compartilharam seus conhecimentos com o público. “Quero crer que se trata do maior evento de ESG, pelo menos no interior do Rio Grande do Sul”, afirmou. Exaltou ainda a participação das autoridades e a realização do evento por meio dos parceiros e apoiadores. Através de uma citação breve, Cechinato explicou a aplicação do ESG. “Questões éticas como uma forma de obter lucro.”
A vice-reitora da Unisc, Andréia Valim, elogiou a programação e disse que a universidade está com inscrições abertas para um MBA sobre ESG. “É um tema que mexe com a gente de uma forma muito profunda, especialmente nos últimos tempos”, apontou. Na avaliação de Andréia, o assunto é comovente porque depende do comportamento humano. “Abriga boas práticas de ações com que nossa geração tem a obrigação de se comprometer. A governança é fundamental nesse processo”, destacou a vice-reitora.
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Em entrevista à Rádio Gazeta FM 107,9, um dos organizadores e consultor de Sustentabilidade em ESG, professor Cássio Arend, enfatizou que o encontro surgiu com o intuito de fomentar esse debate, que deve ser levado para o futuro. “É uma agenda global necessária e com que todas as empresas devem se preocupar.”
Segundo Arend, empresas maiores, inclusive com expressão internacional, já estão engajadas, mas o ESG tem de se tornar uma prática também em pequenas, médias e microempresas. “Elas também precisam se adequar, por isso é importante compartilhar as experiências”, reforçou.
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Esteve presente também o prefeito de Vera Cruz, Gilson Becker. Para ele, as pessoas pensam que estão distantes do ESG, mas o assunto está presente diariamente. “Em um curto prazo, a temática deverá ser mais abordada”, comentou. A prefeita de Santa Cruz, Helena Hermany, enfatizou que é preciso agir para garantir um futuro sustentável para todos. “Os eventos extremos dos últimos dias são alertas de que a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente são tarefas que não podem ser adiadas”, declarou.
Na primeira palestra, o professor Ricardo Voltolini, um dos primeiros especialistas em sustentabilidade empresarial do Brasil, falou a respeito de Desafios e tendências de sustentabilidade e ESG. Ele também é presidente e fundador da Ideia Sustentável e idealizador da Plataforma Liderança com Valores, considerado um dos maiores movimentos de liderança para a sustentabilidade no Brasil.
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Voltolini comentou a carreira de mais de 20 anos dedicados ao ESG, período em que atendeu 383 empresas, escreveu 11 livros e apresentou mais de mil palestras. Segundo ele, atualmente a pauta está na moda, mas nem sempre foi assim. “Nunca se ouviu tanto falar sobre esse assunto. Mas o movimento não nasce por acaso, ele vem do desejo do planeta de ter um clima mais estável; e a sociedade, um mundo mais ético”, afirmou.
A preocupação com o clima, enfatizada pela ciência há mais de 30 anos, também foi assunto da palestra. Conforme Voltolini, as consequências estão “batendo na porta” e a região do Vale do Taquari viveu um dos milhares de casos que estão acontecendo nos últimos tempos. “Arrisco dizer que já prejudicamos as próximas gerações, e elas terão de lidar com vários problemas.”
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Falou ainda sobre os sete desafios do ESG e deu dicas ao público sobre como atuar diante deles. “Podemos mudar hábitos e fortalecer outros que nos ajudem a ver de maneira mais focada os desafios que vivemos hoje.”
Na sequência, três cases voltados à área social foram apresentados. O primeiro foi de Clarissa Daroit, diretora de Vendas e Novos Negócios e consultora sênior de Diversidade na Mais Diversidade. Ela discorreu sobre a importância de inserir as minorias em diferentes âmbitos, garantindo que elas possam romper barreiras na sociedade.
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Fabrício Lopes Rodrigues, fundador da Mestre Carpinteiro, apresentou o desenvolvimento de ações realizadas com apenados dentro da empresa. “É um ambiente de aprendizado e trabalho integrado, onde cada peça de mobília é uma lição.” A gerente de Assuntos Corporativos da Alliance One Brasil, Deise Ziebell, abordou o desafio da responsabilidade social frente às diferentes culturas.
Finalizando as palestras da manhã, a presidente da Comissão de Direito Ambiental da OAB/RS, Alessandra Lehmen, falou acerca de ESG e as mudanças climáticas. Após uma explicação sobre o termo, Alessandra afirmou que não há valorização suficiente do assunto e frisou que o ESG é para todos, mas não é igual para todos. Além disso, ela enfatizou a grande importância do tema para os negócios.
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Após o intervalo para o almoço, espaço que foi utilizado pelos participantes para interação e discussão dos assuntos abordados na primeira etapa, a tarde foi dedicada aos cases das áreas ambiental e de governança. Na avaliação do professor Cássio Arend, o ESG Experience foi considerado um sucesso dentro de sua proposta: criar um espaço de apresentação de cases positivos em ESG e troca de experiências. “Sem dúvida, é um evento que deixa um grande legado para a nossa região”, afirmou. Ele destacou ainda a surpresa positiva ao perceber que várias empresas do Vale do Rio Pardo estão avançadas nessa área e vêm obtendo sucesso na implantação das práticas.
Já o presidente da ACI e também secretário de Meio Ambiente de Santa Cruz, César Cechinato, entende que a iniciativa obteve êxito até superior ao que se esperava, sobretudo quanto à presença do público na Unisc e na repercussão gerada. “Todas as pessoas participantes chegaram ainda pela manhã e permaneceram até o fim da tarde.” Cechinato voltou a observar que esse foi o maior evento sobre ESG já realizado no interior do Rio Grande do Sul.
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Apesar de a maioria dos relatos de sucesso apresentados pertencerem a grandes empresas, um deles chamou a atenção. “Surpreendeu a todos o case de uma microempresa. Isso demonstra que o ESG não é praticado somente pelas grandes companhias.” Ele deixou em aberto a possibilidade de uma nova edição no próximo ano.
O público também aprovou a proposta e o conteúdo. Conforme o consultor empresarial Lucas Augusto Lengler, de 33 anos e que veio de Lajeado, a presença dos presidentes, diretores e executivos das empresas é fundamental e isso foi percebido durante o ESG Experience. “Os técnicos já têm o conhecimento para implementar o ESG, mas se não tiver apoio da liderança estratégica e da direção, isso não tem como acontecer.” Em sua compreensão, a pauta está avançando nas linhas de base do setor empresarial, mas precisa chegar ao alto escalão.
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Também durante o ESG Experience, ocorreu a assinatura do Pacto pela Valorização Ambiental Regional entre o Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo (Cisvale), ACI, Afubra e SindiTabaco. O ato foi acompanhado pela prefeita, Helena Hermany; pela vice-reitora da Unisc, Andréia Valim; pelo tesoureiro da Afubra, Benício Werner, e pelo presidente do SindiTabaco, Iro Schünke. O objetivo é identificar e desenvolver práticas socioambientais para atender os municípios da região, integrando poder público, entidades, empresas e comunidade para promover ações de sustentabilidade duradouras de curto, médio e longo prazo.
Alguns dos princípios são compromisso com a sustentabilidade ambiental; conservação da biodiversidade; mudanças climáticas e resiliência; uso sustentável dos recursos; educação ambiental e engajamento público; parcerias e colaboração; monitoramento e avaliação; transparência e prestação de contas; inovação e resolução de problemas; e herança para as futuras gerações. “Queremos fazer um trabalho regional, que nós pretendemos desenvolver nos 17 municípios da nossa região”, comunicou o presidente do Cisvale e prefeito de Vera Cruz, Gilson Becker.
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