Para o presidente do PT em Santa Cruz do Sul, Frederico de Barros, apesar da margem pequena, a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva no último domingo, 30, foi “muito grande”, uma vez que o presidente Jair Bolsonaro (PL) dispunha da máquina estatal em seu favor. “É a primeira vez que um presidente não se reelege. E Lula fez 60 milhões de votos, é uma votação extraordinária.” Barros disse ainda acreditar que a votação do petista tenha sido prejudicada pelas blitze realizadas no domingo de votação pela Polícia Rodoviária Federal no Nordeste, principal reduto eleitoral do PT.
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Para Barros, a vitória de Bolsonaro em Santa Cruz era “uma tendência natural”, mas ele exaltou o fato de o desempenho de Lula ter sido muito superior ao de Fernando Haddad em 2018. “Conseguimos ocupar um espaço bastante importante, porque sabemos que em Santa Cruz não temos tradicionalmente vitórias da esquerda”, avaliou.
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O dirigente reconheceu o desafio que Lula terá para governar diante da força que o bolsonarismo mostrará no Congresso, mas disse acreditar na habilidade do presidente eleito em “convergir com divergentes”. “A própria formação da chapa dele mostrou isso”, disse Barros. Além disso, citou os apoios colhidos por ele no segundo turno de políticos sem afinidade ideológica, como o ex-candidato a presidente João Amoêdo (Novo).
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Já o dirigente do PL em Santa Cruz, Marco Borba, atribui a derrota de Bolsonaro à adesão do eleitorado jovem à candidatura de Lula. Ainda segundo ele, a grande mídia não deixou clara a real situação judicial do petista, que não foi absolvido nos processos a que responde. “Essa gurizada não viu a corrupção que a Lava Jato trouxe à tona”, alegou. Outro fator decisivo, na sua avaliação, foi a força de Lula no Nordeste.
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Borba, porém, também reconheceu erros de comunicação do atual presidente. “O Bolsonaro perdeu para ele mesmo. Ele fala sem pensar e acaba dizendo algumas coisas que não deveriam ter sido ditas”, alegou. O dirigente ainda criticou os bloqueios de rodovias e os questionamentos quanto à legitimidade da votação. “Não adianta só alegar fraude, tem que ter prova”, disse.
O dirigente também atribuiu o feito inédito de Eduardo Leite, que é o primeiro governador reeleito no Rio Grande do Sul, aos atributos do tucano. “Ele é muito articulado, inteligente e preparado. Só não se elegeu presidente porque o (João) Doria puxou o tapete dele, senão com certeza seria a terceira via”, disse. Para ele, o candidato do seu partido, Onyx Lorenzoni, perdeu a eleição em função de seu desempenho no debate com Leite.
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Segundo Frederico de Barros, a expectativa é de que a vitória de Lula fortaleça o partido para a eleição de 2024. Em 2020, Barros foi o candidato a prefeito da sigla, mas ficou em sexto lugar. Na ocasião, o PT teve somente oito candidatos a vereador. “Vamos organizar o partido e aproveitar esse momento bom”, disse, sem confirmar se pode concorrer novamente.
Marco Borba também confirmou que o PL terá candidato a prefeito em 2024. Questionado sobre nomes, alegou que os três vereadores ligados ao grupo (que seguem filiados ao PTB por conta da legislação eleitoral) têm “grandes chances” de estarem em uma chapa, assim como o ex-vereador Mathias Bertram, que concorreu em 2020. “São vários os nomes que temos e com certeza vamos para a majoritária”, garantiu.
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“Se tivesse ficado em silêncio, ganharia”
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Para o deputado federal reeleito Heitor Schuch (PSB), Bolsonaro tropeçou nos seus próprios erros. “Durante os quase quatro anos, ele comprou brigas que não precisava ter comprado e falou coisas que só vieram contra ele próprio. Se ele tivesse ficado em silêncio, talvez teria ganhado.” Segundo Schuch, os questionamentos do presidente em relação à vacinação contra a Covid-19, os conflitos com o STF e a desconfiança levantada sobre a segurança das urnas eletrônicas contribuíram para desgastá-lo. Mais recentemente, os episódios polêmicos envolvendo aliados de Bolsonaro, como Roberto Jefferson, Carla Zambelli e Bibo Nunes, assim como os tumultos ocorridos no feriado de Nossa Senhora Aparecida, também podem ter dificultado a reeleição, avalia Schuch.
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Conforme ele, no entanto, o resultado também decorre de êxitos da campanha de Lula. “Ele conseguiu mostrar para o Brasil que vai atacar alguns pontos cruciais, sobretudo a fome”, alegou. Schuch, que integra o partido do vice de Lula, Gerado Alckmin, acredita que o petista conseguiu crescer com os apoios que agregou. “Assim ele obteve uma fatia de votos que até então não tinha. Usou a mesma estratégia de 2002.”
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Sobre a eleição estadual, Schuch acredita que o êxito de Leite se deve principalmente às falhas de Onyx Lorenzoni, que, na sua visão, “se perdeu em debates”. “E o Leite tem uma grande virtude. É um cara que dialoga e fala muito bem. É um cara do diálogo, que escuta todo mundo”, observou.
“Interferência do TSE foi escandalosa”
Na avaliação do deputado federal Marcelo Moraes (PL), a derrota de Bolsonaro para Lula decorre do que considera uma “interferência escandalosa” do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no pleito em desfavor do atual presidente. “O TSE, na minha opinião, se vestiu de vermelho e foi um dos maiores cabos eleitorais da esquerda”, disse. Marcelo citou como exemplo a denúncia relativa a inserções da campanha de Bolsonaro não veiculadas em emissoras de rádios do Nordeste, os direitos de resposta concedidos à campanha de Lula, os programas do atual presidente que foram retirados e a censura prévia imposta a alguns veículos.
“Houve com certeza dois pesos e duas medidas nessa atuação do TSE. Se houvesse uma diferença muito grande de votos, isso não faria diferença. Mas em uma eleição tão acirrada, atrapalhou em muito a democracia do País”, comentou. Marcelo, que foi reeleito, também garantiu que fará oposição ao governo Lula. “Minha bandeira nunca será vermelha”, disse.
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O parlamentar também atribui a derrota do PL no Rio Grande do Sul ao apoio da esquerda a Eduardo Leite no segundo turno. “Essa aliança deu a vitória para ele. Basta notar que as duas forças chegaram bem atrás no primeiro, porém muito próximas uma da outra. Reunindo as duas forças, chegaram a um número maior de votos.”
Na opinião de Marcelo, o PL deve fazer oposição a Leite nos próximos quatro anos. “Não podemos apoiar um governo que mandou fechar tudo e que assinou o Regime de Recuperação Fiscal nessas condições. Mas isso não sou eu que vou definir.”
* Colaboraram Leandro Porto e Maria Regina Eichenberg.
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