Anunciada pela Corsan na quarta-feira, no que foi a primeira reação aos transtornos no abastecimento de água em Santa Cruz do Sul, a criação de um gabinete de crise para acompanhar mais de perto a situação e prestar contas das ações que serão tomadas é vista como insuficiente por lideranças políticas e da sociedade.
Oficialmente chamado de “gabinete de gerenciamento especial”, o grupo será formado por representantes das áreas técnica e jurídica e da diretoria da Corsan, e passará a se reunir semanalmente com a comissão municipal do saneamento, órgão ligado à Prefeitura, por tempo indeterminado.
Por enquanto, porém, a Corsan não apresentou nenhuma providência prática para acabar com a falta de água, que vem se repetindo diariamente desde o feriadão do Carnaval. Na quarta-feira, o superintendente jurídico da estatal, Ciro Gaertner, disse que a ideia é “antecipar metas” e “acelerar diligências”, mas não especificou o que será feito. A alegação é de que isso será discutido a partir de agora. Para as lideranças, entretanto, ainda é pouco.
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Repercussão:
– Francisco Carlos Smidt, líder do PTB na Câmara
Para o vereador, o gabinete de crise é “só mais uma promessa da Corsan”, que não deve resolver o problema. “Não precisamos de conversa fiada, mas de investimentos imediatos. Assim como está no contrato”, salientou. O líder do PTB acrescentou que há falhas na fiscalização por parte da Prefeitura, que é “uma das grandes responsáveis pelo caos da água em Santa Cruz”.
– Ario Sabbi, presidente da Associação Comercial e Industrial (ACI)
“Qualquer coisa que a Corsan faça somente agora já está atrasada”, criticou Sabbi. Segundo o presidente da ACI, bastaria que a companhia cumprisse as obras previstas no contrato para que os desabastecimentos diminuíssem. “A falta de água afeta a todos. Inclusive as empresas”, ressaltou.
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– Hildo Ney Caspary, líder do PP na Câmara
O vereador considera as últimas ações da Corsan como “paliativas” e sem capacidade para enfrentar a crise no fornecimento do município. Hildo Ney reivindica o cumprimento do contrato, que, segundo ele, não está sendo devidamente executado, além de mais equipes nas ruas do município para que a falta de água possa ser sanada com mais agilidade.
– Cátia Riesch, presidente da Sociedade das Empresas Imobiliárias de Santa Cruz do Sul (Seisc)
Conforme ela, o desabastecimento já afeta inquilinos das imobiliárias de Santa Cruz. Com a instalação do gabinete de crise, Cátia acredita que possa haver melhorias no serviço prestado pela Corsan. “É uma tentativa válida, quem sabe é um caminho”, disse.
– Flávio Bender, presidente da Associação das Entidades Empresariais de Santa Cruz do Sul (Assemp)
Bender acha que a instalação do gabinete não é o suficiente, mas pode contribuir para que o desabastecimento se torne menos corriqueiro. Ainda conforme o presidente da Assemp, com a fiscalização mais intensa após a criação do gabinete e da agência reguladora, a estatal deve passar a cumprir devidamente o contrato. “Somente cobrando da Corsan é que vamos ver uma melhoria no serviço”, acrescentou.
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– Claudiomiro Flores, presidente da Associação de Moradores de Linha Santa Cruz (Amorlisc)
Considerou a criação do gabinete como algo positivo para que a estatal possa “ouvir a comunidade”. Flores frisou que a localidade é uma das que mais crescem no município e, por isso, precisaria receber mais atenção da Corsan do que recebe hoje. “Não queremos chegar ao ponto de outros lugares da cidade, onde falta água todo dia”, resumiu.
– Márcio Martins, vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL)
De acordo com Martins, o essencial seria a substituição das redes de saneamento antigas, que não comportam mais a capacidade do município. No entanto, ele observou que o gabinete de crise é “o primeiro passo” para resolver o problema. “Não dá pra ficar como está. Isso atinge desde a pessoa física como também o comércio que fica sem água”, ressaltou.
– Clairton Ferreira, presidente da Associação de Moradores do Bairro Bom Jesus
Para ele, a Corsan deve permitir que a população tenha acesso ao gabinete. Porém, afirma que apenas com mais equipes pelas ruas do município a crise de desabastecimento poderá ser sanada. “Quem sabe com mais gente para fiscalizar as canalizações antigas, esses rompimentos possam ser evitados”, comentou.
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