Consolidou-se no segundo turno a força do centro-direita que se espalhou pelos municípios brasileiros no primeiro. A esquerda encolhe; o símbolo do PT se torna uma estrela cadente. O mais significativo é que o partido não teve sequer candidato para a Prefeitura de São Paulo, onde foi criado, tendo que apoiar o candidato do PSOL, que não elegeu prefeito algum. Dos 39 municípios da grande São Paulo, região de operários e berço de sindicatos, o PT ficou com apenas uma prefeitura, tal como o PDT e o PSB. Lula nem foi a São Bernardo votar e a alegação oficial foi a de que já não é obrigado, pelos 78 anos de idade; seria melhor ter assumido o motivo real – o risco de voar com hematoma intracraniano.
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O segundo turno mostrou quase empate em Fortaleza, Pelotas e Ribeirão Preto – onde a diferença foi de 687. Casos para recontagem manual dos votos, se isso fosse possível. Em Camaçari, Campo Grande, Olinda e Caxias do Sul o resultado foi parecido: um apertado 51% a 49%. No primeiro turno, todos os eleitos já eram prefeitos; no segundo, repetiu-se o favoritismo de quem já detinha o poder municipal em Palmas, São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte. Partidos mais à esquerda, como PSTU, PCB, PCO, além do PSOL, não elegeram prefeito algum, assim como ficaram fora de prefeituras de capitais o PSDB, o PDT, o PCO e o Cidadania(ex-PCB). O PT ficou só com Fortaleza e está em nono lugar em prefeituras.
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Curitiba mostrou que é possível uma pessoa sem fundo partidário, sem dinheiro, boicotada pela mídia e, na prática, candidata avulsa, chegar ao segundo turno com 43% dos votos válidos. Cristina Graeml disputou com o vice-prefeito, apoiado pelo prefeito e pelo governador e por ex-governador, e chamou a atenção pela determinação e coragem, como candidata saída de aspirações populares e não de diretórios partidários e acertos políticos. Não foi eleita, mas é vitoriosa.
Na maior eleição também surgiu um personagem sem biografia partidária, Pablo Marçal, que quase foi para o segundo turno, e insistiu em participar da decisão e aí se perdeu. Acabou dando palanque a um dos candidatos, e deixou à mostra o objetivo de se promover. Com erros de tática e estratégia, acabou perdendo o que conquistara. Em Goiânia, o governador Caiado mostrou sua força para 2026, derrotando o candidato de Bolsonaro e do deputado Gustavo Gayer que, abalado pela visita da Polícia Federal, atribuiu a derrota a Caiado, e o chamou de “canalha” nas redes.
A reação emocional esquece que se o centro-direita se dividir, abre espaço para a esquerda em 2026. Dividir o centro-direita será a estratégia da esquerda neste pré-2026, se, por sua vez, tiver resolvido seus próprios rachas. O vice-presidente do PT diz que escolher Boulos candidato foi erro. E o articulador político do governo, Alexandre Padilha, após avaliação com Lula, fez gozação com a fraqueza eleitoral do partido. A presidente do PT respondeu nas redes sociais que Padilha deveria cuidar do seu trabalho, que também prejudicou o PT. As relações entre Gleisi e o Palácio do Planalto parecem estar na mesma temperatura da ligação Bolsonaro-Caiado.
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