A Prefeitura de Santa Cruz do Sul planeja lançar ainda no primeiro semestre a licitação para definir a empresa responsável pela ampliação da coleta seletiva de lixo no município. A previsão foi feita nessa quarta-feira, 20, pela prefeita Helena Hermany (PP).
Atualmente, a coleta seletiva é realizada em 15 bairros pela Cooperativa de Catadores e Recicladores de Santa Cruz (Coomcat) por meio de um convênio. O plano do governo é levar o serviço para outros 20 bairros e, dessa maneira, atender praticamente toda a zona urbana.
O assunto motivou forte polêmica desde o início do ano, já que a Coomcat se opôs à proposta. A reivindicação é de que o modelo em vigor seja mantido para os demais bairros, com os catadores responsáveis tanto pela coleta quanto pela reciclagem. Pelo projeto do Executivo, no entanto, o recolhimento nessas novas áreas será feito por quem vencer a licitação, enquanto a cooperativa permanecerá atendendo nos bairros atuais e passará a receber também os resíduos recicláveis dos demais.
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Em café da manhã com jornalistas ontem, Helena voltou a afirmar que a produtividade da Coomcat é baixa – o índice de reciclagem é de cerca de 12% – e é necessário modernizar o serviço. “Santa Cruz está muito atrasada. Nos anos 90, nós tínhamos coleta seletiva em todos os bairros. Hoje não temos mais”, alegou.
Ela afirmou ainda que considera a discussão encerrada após uma manifestação oficial da Coomcat, feita por meio de correspondência, na qual teria consentido com a proposta. Procurado, o coordenador da coleta seletiva solidária, Uilian Mendes, disse que a entidade apenas respondeu a um ofício da Prefeitura confirmando que aceita receber os materiais recicláveis que serão recolhidos nos bairros que forem incorporados ao sistema; no entanto, mantém a posição contrária ao projeto.
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Em paralelo ao processo da coleta seletiva, o governo pretende licitar o serviço de transbordo, que atualmente é operado pela Coomcat na usina do Bairro Dona Carlota. A alegação é de que a estrutura não tem condições adequadas e oferece riscos à saúde dos trabalhadores. Helena também disse ontem que não descarta fomentar a criação de novas cooperativas no setor, já que existem cerca de 200 catadores autônomos no município.
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O coordenador da coleta seletiva solidária, Uilian Mendes, afirmou que a Coomcat pretende participar da licitação da Prefeitura, mas alegou que, na prática, será uma participação “simbólica”, pois dificilmente a entidade conseguiria concorrer com empresas privadas.
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Mendes disse ainda que a cooperativa “permanece em discordância” com a proposta do governo e aguarda a realização de uma reunião especial na Câmara para tratar do assunto. Segundo ele, o projeto carece de “clareza e justificativa técnica” e a manutenção do modelo atual preservaria o impacto social do serviço.
O integrante da Coomcat também rebateu as críticas do governo em relação à atuação da entidade. De acordo com ele, o índice de reciclagem registrado no município é superior à média nacional e o custo da Prefeitura só será menor com o novo modelo porque a licitação prevê apenas a coleta e não a reciclagem. Por ano, são repassados cerca de R$ 1,3 milhão à entidade. “Nosso sistema recicla e não apenas recolhe. Discordamos do projeto da Prefeitura porque precisamos de uma política de reciclagem e não de limpeza”, argumentou.
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