Em até dois meses, a Prefeitura de Santa Cruz do Sul espera concluir a parte técnica do edital para a licitação da rodoviária. Por enquanto, técnicos da Secretaria de Planejamento realizam o levantamento dos problemas do prédio e das obras necessárias para adequar a estrutura à legislação. Conforme o secretário de Administração, Edemilson Severo, a expectativa é lançar o edital ainda este ano.
Embora o levantamento das obras necessárias ainda não esteja pronto, Severo adianta que as melhorias irão contemplar a restauração, tanto da parte física quanto da elétrica, a reforma e a modernização da rodoviária. “Precisamos deixar o local mais seguro, atrativo e condizente com Santa Cruz do Sul. O projeto vai incluir a modernização do espaço para dar um mínimo de conforto aos usuários.” Além disso, algumas obras vão adaptar a estrutura às exigências da atual legislação, tendo em vista que houve mudanças desde a época em que o prédio foi inaugurado, em 1982.
O complexo que abriga a rodoviária pertence ao Município. Desde a inauguração, ele é administrado pela Estação Rodoviária de Santa Cruz do Sul Ltda, que também administrava a estação antiga, localizada no Centro. Em 1993, a Prefeitura realizou uma licitação para o uso do complexo e a mesma empresa foi a vencedora. O contrato foi de três anos e, ao fim do período, foi prorrogado por outros três. Desde 1999, a prorrogação passou a ser de 12 em 12 meses, mas exige a aprovação da Câmara de Vereadores.
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A última licitação da rodoviária de Santa Cruz ocorreu em 2008. Na época, nenhuma empresa se interessou em participar da disputa pela concessão do prédio, que além do terminal rodoviário também abriga espaços comerciais. Um dos motivos pode ter sido o valor do aluguel, avaliado pelo Município naquele ano em cerca de R$ 22 mil, e que, segundo o secretário, poderia estar acima do preço de mercado. Com a licitação deserta, a administradora prosseguiu no local e foram mantidas as prorrogações anuais.
De acordo com o Departamento de Patrimônio, em março deste ano o aluguel foi avaliado pelo Município em R$ 25.340,00, valor que servirá como parâmetro também no edital. Atualmente, o locatário paga R$ 9.545,77 pelo complexo. O assessor administrativo do Departamento de Patrimônio, Marcelo Azeredo Gaedke, explica que o valor só será cobrado após o vencedor da licitação concluir as melhorias previstas no edital. O valor dos investimentos e o prazo para que eles sejam concluídos serão definidos somente depois de o projeto ser encerrado.
O acréscimo de 165% no valor do aluguel estaria fora da realidade na opinião do empresário Reinaldo Matte, atual concessionário. “O preço atual é mais do que justo. Deve-se levar em conta o aumento do número de carros (que reduziria o número de passageiros de ônibus), as taxas e a manutenção do prédio. A Prefeitura diz que o valor está defasado, mas não investe em manutenção. Coloca apenas servidores para cortar a grama”, argumentou.
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Além disso, outro problema levantado por Matte é a permissão para que os ônibus intermunicipais circulem pelo Centro. “São 141 horários que circulam dentro da cidade, o que representa cerca de 40 mil passageiros por mês”, alega o empresário, que também tem a concessão do Daer para a venda de passagens no município.
Apesar de discordar do aumento no aluguel, ele não pretende abrir mão de concorrer. “Estarei presente na licitação, mas espero um equilíbrio por parte da Prefeitura e planejamento em relação aos ônibus, como a obrigatoriedade da passagem deles apenas na rodoviária.”
Usuários pedem segurança e banheiros limpos
A falta de segurança e de limpeza no complexo da estação rodoviária são as principais reclamações de quem frequenta o local. Todas as noites de segunda-feira, o professor de música Roberto Kittel Pohlmann, morador de Santa Cruz, vai à rodoviária, onde embarca com destino a Santa Catarina. Apesar de ir à estação sempre próximo ao horário de embarque, disse que algumas melhorias deveriam ser realizadas.
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“A insegurança é notável. Há muitos pedintes circulando aqui. Poderiam ser feitas muitas melhorias, como nas acomodações da área de embarque e desembarque, a ampliação do horário de atendimento na farmácia e outras obras para tornar o prédio mais atrativo. Poderia ser tornar referência comercial para os moradores das redondezas”, sugeriu. Outra queixa é em relação à limpeza. “Não tenho coragem de ir ao banheiro. Falta conscientização por parte dos usuários também”, acrescentou.
Há 16 anos trabalhando no ponto de táxi que fica na rodoviária, Jorge Renato Zimmer conta que passageiros já chegaram a relatar ameaças que teriam sofrido dentro dos banheiros. “O movimento aqui é muito grande. Os vigilantes (da empresa privada) passam de hora em hora, mas não é o suficiente. Tem até ex-presidiário que circula por aqui. Se fosse instalado um posto policial por perto, também ajudaria na segurança do bairro”, comentou.
Há cerca de duas semanas, usuários da rodoviária informaram sobre a falta de luz nos corredores durante a noite. Conforme Reinaldo Matte, o problema teria ocorrido por dois dias em função de um curto na rede, que acabou derrubando duas linhas internas de energia. Com isso, foi atingida a parte de embarque e desembarque. Porém, a falta de luz persistiu somente até o conserto, garantiu o concessionário.
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