Não é de hoje que os jovens não têm certeza de qual carreira escolher quando termina a fase do colégio. Acredito até que, com as inúmeras novas profissões que existem hoje em dia, atualmente esse momento possa ser de mais dúvidas ainda.
Pois bem. Eu, lá nos primeiros anos da década de 1980, passei por isso. O jornalismo não foi a minha primeira escolha. Longe disso, aliás, já que logo que concluí o 2º Grau (atual Ensino Médio) comecei o curso de Veterinária na Ufrgs. Depois de um ano na capital gaúcha, veio a conclusão e a certeza de que gostar muito dos animais, sentimento que nutro até hoje, não era razão suficiente para investir na carreira. De volta para casa, com o apoio dos meus pais, tentei encontrar o meu caminho. Acho que estava meio (ou bastante) perdida. Eu realmente passava por uma fase em que não sabia o que queria para mim.
Mas para não ficar parada, fui cursar Letras. O curso era legal, turma grande, bons professores, aulas à noite… Fui levando, mas sem ainda ter certeza de que era isso mesmo que eu queria. O que eu sabia, na época, é que queria trabalhar; “ter meu próprio dinheiro”, eu dizia. E foi o que fiz. Entreguei uma ficha de inscrição numa agência bancária e não demorou para que eu fosse chamada para entrevistas e testes de admissão. Consegui a vaga!
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Sei lá se por influência dos números que via no meu trabalho, resolvi trocar mais uma vez de curso. A escolha foi pela Economia. Aí dava para ver bem o tamanho da minha dúvida, da minha indecisão. Em tão pouco tempo, três cursos completamente diferentes, de áreas que não tinham nada entre si. Confesso que, para mim, a pior escolha, e totalmente fora de propósito, foi essa última opção. Nunca fui dada aos números. Pelo contrário, na escola minhas piores notas sempre eram nas exatas.
Nesse meio-tempo, comecei a namorar com aquele que viria ser o pai das minhas adoradas filhas. Era um namoro a distância, pois ele morava em Blumenau. Todo mundo sabe que era um tempo sem internet e sem celular. Telefone em casa era artigo de luxo! Como, então, aplacar a saudade? Entre cartas e cartões, vindas dele pra cá, por conta do trabalho em fumageira; idas minhas ao Estado vizinho, passando a noite inteira dentro de um ônibus, fazendo a viagem em duas etapas, pois precisava ir de Santa Cruz para Porto Alegre e de lá, já em outro coletivo, rumar para o destino final, fomos nos conhecendo melhor. Um ano depois, sabíamos que queríamos ficar juntos. Mais meio ano e já estávamos casados. Fui morar na cidade catarinense.
E a faculdade? Ahh, mais uma vez ficou para trás. Mas, depois de 15 anos por lá, dos quais 12 foram em Criciúma, voltamos para Santa Cruz. Nossas filhas, então com 9 e 5 anos, já me permitiam a possibilidade de voltar a estudar. E foi o que fiz.
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Cheguei a nutrir um pouco de vontade de fazer Educação Física. Sempre pratiquei esportes e vivi vendo meu pai exercer esse ofício. Mas escrever também me fascinava. Cheguei a ganhar um prêmio em concurso de redação no colégio. Está certo que eu só tinha 12 anos na época, mas talvez já fosse um sinal daquilo que eu poderia seguir. Acho que não entendi a mensagem naquele momento. Bem, fato é que, em 2004, aos 40 anos, ingressei no curso de Jornalismo e o concluí aos 45. Desde então venho exercendo a profissão pela qual sou apaixonada.
Se me orgulho da minha história? Um pouco. Na verdade, penso que faltou persistência da minha parte naqueles primeiros anos. Mas não me envergonho, tanto que estou contando aqui. Ainda que aos tropeços, me descobri. E, até chegar onde estou, vivi experiências sensacionais e construí uma família maravilhosa, que me apoiou sobremaneira para que eu estivesse aqui.
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