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Levantamento mostra o perfil dos eleitores que não votaram em Santa Cruz

Mulher, de faixa etária mais avançada e moradora da região central. Esse é o perfil predominante entre os 22,5 mil eleitores de Santa Cruz do Sul que deixaram de ir votar nas eleições municipais do último dia 15 de novembro. O pleito registrou abstenção recorde de 21,75%, bem superior à de 2016 (13,95%).

Levantamento exclusivo da Gazeta do Sul, com base em dados fornecidos pela Justiça Eleitoral, mostra que, embora pessoas com mais de 60 anos representassem apenas 24,2% do eleitorado apto a votar, elas responderam por 40,4% da abstenções. Essa faixa etária integra os grupos de risco para a Covid-19, o que pode estar por trás do grande número de ausentes.

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Os números revelam ainda que a abstenção foi maior entre pessoas com menor grau de escolaridade. Aqueles com Ensino Fundamental completo ou incompleto, por exemplo, representam 38,1% do eleitorado, mas respondem por 45% das abstenções. O mesmo ocorre com eleitores analfabetos ou que apenas leem e escrevem: são 3,1% do eleitorado e 8,6% dos ausentes. Já com pessoas de maior instrução, acontece o inverso: embora representem 14,5%, a abstenção entre os votantes com Ensino Superior foi de 9,5%.

No que toca à distribuição geográfica, tomando como base os locais de votação, a abstenção foi muito superior na zona urbana. No Centro, por exemplo, chegou a 26,70%. Já em regiões mais afastadas, em bairros como João Alves e Linha Santa Cruz, e em localidades do interior do município, o índice de ausentes foi bem menor – em Pinheiral, foi de apenas 13,4%. Isso também é reflexo da pandemia, pois era nas regiões centrais onde havia tendência de maiores aglomerações nas seções eleitorais. Isso pode ter causado receio em parte dos votantes.

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“O povo está acabando com o voto obrigatório”

A escalada nas abstenções em Santa Cruz acompanhou uma tendência nacional. Em Porto Alegre, por exemplo, os eleitores ausentes no primeiro turno chegaram a 33,08%. Um levantamento recente feito pela Câmara de Santa Cruz mostra que a abstenção vem crescendo nas últimas décadas. Até 2004, era inferior a 10%.

Para o cientista político Paulo Moura, a pandemia não é a única explicação para o baixo comparecimento às urnas. Segundo ele, isso está relacionado também ao desencanto com a política. “Muita gente não votou por não se sentir representado pelos candidatos que os partidos ofereceram”, observou.

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Outro problema é que, embora o voto seja obrigatório, a punição para quem deixa de votar é insignificante: a multa é de R$ 3,51 e, na prática, quem não pretende fazer concurso público ou emitir passaporte não sofre maiores prejuízos.

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Na visão de Moura, a tendência é que as abstenções continuem em alta nos próximos pleitos, o que pode acelerar o debate sobre o fim da obrigatoriedade do voto. “O povo está acabando com isso na prática. Em países onde o voto é facultativo, os índices de não participação, salvo raras exceções, são superiores a 50%”, alegou.

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